Pesquisador deve se dedicar também à empresa, propõe debate no Encontro Brasil-Alemanha

O Brasil tem muito o que aprender com os alemães, principalmente com os empresários, quando o assunto é inovação

O Brasil tem muito o que aprender com os alemães, principalmente com os empresários, quando o assunto é inovação. Uma das principais lições, analisadas no debate sobre o tema promovido nesta segunda-feira, 19 de setembro, no 29º Encontro Econômico Brasil-Alemanha, no Pier Mauá, no Rio de Janeiro, é a necessidade de pesquisadores brasileiros se dedicarem também às empresas e não só às universidades.

Outras lições aprendidas no debate foram as de que pequenas e médias empresas podem e devem promover inovação, que não é necessário grande volume de dinheiro para começar e que o objetivo tem de ser sempre lançar produtos. "Inovação é aquilo que chega ao mercado e tem sucesso", definiu o vice-presidente de inovação da indústria química Evonik., Peter Nagler.

Nesse sentido, o secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério de Ciência e Tecnologia, Ronaldo Mota, resumiu o que se passa no Brasil. "A cultura da inovação é simétrica nos dois países, mas é expressa de modos diferentes. Na Alemanha, o jovem pesquisador e os professores dedicam parte do tempo trabalhando com as empresas. No Brasil, o pesquisador é tanto melhor quanto maior dedicação exclusiva tiver", explicou Mota.

Chegar ao mercado - Para o presidente da Comissão Brasil-Alemanha de Inovação, Wilson Brício, chegar mais rapidamente ao mercado é o grande desafio de toda a inovação feita no Brasil. "Temos não só de absorver rapidamente a tecnologia que vem de fora, o que fazemos relativamente bem, mas temos também de produzir conhecimento e colocá-lo o quanto antes no mercado", ressaltou.Argumentou que fazer isso é uma questão de sobrevivência. "Temos um mercado grande, de 200 milhões de consumidores, mas que está sendo atacado por todos os lados", complementou Brício.

O presidente da GFT Tecnologies, Ulrich Dietz, afirmou não ser preciso uma empresa ser "gigantesca" para produzir inovação. "Na Alemanha, existe um sistema que incentiva as micro e pequenas empresas a participarem dos processos inovadores. E também não é necessário investir tantos recursos assim para começar", disse.

Dietz lembrou que o Brasil tem um avançado sistema de incentivo à inovação, por meio de verbas públicas, que fornece recursos de longo prazo com juros subsidiados e também financiamentos não-reembolsáveis. "Esse sistema poderia ser inclusive adaptado para a Alemanha", afirmou. Os participantes do debate, no entanto, reconheceram que essas linhas são pouco conhecidas dos empresários brasileiros.

Outro ponto importante citado pelos debatedores foi o da educação básica. "Temos de buscar desenvolvimento da base e o Brasil é carente nisso, o que se reflete na pesquisa e no desenvolvimento, mas também no dia-a-dia das empresas, que têm problemas, por exemplo, com fornecedores de baixa qualidade", argumentou Wilson Brício.

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