Movimento impulsiona cultura da inovação

A ideia é criar uma ambiência para favorecer a cultura da inovação no Ceará, a partir de diversas alianças

Criar uma ambiência para favorecer a cultura da inovação no Ceará, a partir da aliança entre universidades, setor produtivo, poder público e lideranças sociais. Esse é o conceito do Movimento Inova Ceará, lançado durante o Inova Ceará 2012, ocorrido nos dias 4 e 5 de julho, no Hotel Vila Galé. No documento, que dá norte ao movimento, assinado pela Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) e parceiros do poder público e instituições de ensino e do setor privado, é ressaltado que "incentivar o espírito empreendedor do cearense é a chave para construir o futuro de uma sociedade mais justa". A carta propugna ainda que "acreditar no futuro e agir criativamente no presente, compreendendo os desafios que a modernidade impõe, deve ser o foco nessa articulação em prol do desenvolvimento sustentável".
 
Como parte do movimento, a FIEC, por meio do Instituto de Desenvolvimento Industrial (INDI), celebrou convênio com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), para o desenvolvimento do projeto Apóstolos da Inovação. A iniciativa consiste em reunir seis estudantes do ITA e seis de universidades cearenses para estudar problemas e demandas relacionados ao desenvolvimento econômico do estado. O Inova Ceará, em sua 8ª edição, também promoveu o 2º Seminário Cearense de Startups, ampliando o conceito do evento, ao incluir em sua denominação a perspectiva de startups como incentivo à criação de empresas como esse perfil no estado.
 
Para o presidente da FIEC, Roberto Proença de Macêdo, a carta de intenção representa o começo das ações de um futuro que se prenuncia promissor a partir desse trabalho que está se abrindo. Ele destacou que a Federação está apenas dando um passo inicial em um processo que necessita do apoio e do esforço de cada um dos atores envolvidos em prol do desenvolvimento cearense. "Tenho certeza que em breve haverá muito a comemorar." Roberto Macêdo afirma que o esforço por inovação é de propriedade da comunidade que envolve poder público, academia e setor produtivo: "Estamos em um processo de coordenação para nos juntarmos em uma ação na qual a palavra-chave é inovação, que é ampla e, por isso, requer a participação de todos, porque busca também uma mudança cultural".
 
Segundo o coordenador do Inova Ceará, Carlos Matos, o evento ganhou uma nova vertente, ao se passar a discutir o Ceará nesse contexto. "Fazer um seminário para discutir a inovação no mundo talvez fosse interessante, importante, mas, para nós, inovação tem de impactar no desenvolvimento do Ceará. Para ele, o Inova 2012 busca essa interação entre o setor público, privado e universidades, "porque, por mais que nós saibamos, há sempre algo a aprender, há sempre algo que pode ser feito diferente". Carlos Matos ressaltou que a ideia é que o Inova não se encerre em um evento,  pois os desafios estão postos: "Reduzir a miséria, reduzir a pobreza, fazer empresas e empresários fortes e capazes de gerar empregos, fortalecendo a economia do Ceará".
 
Secretário da Ciência e Tecnologia do Estado (Secitece), Renê Barreira  reitera o compromisso do governo do estado em se engajar e desenvolver ações para a ambiência da inovação. “Não há outro caminho que não seja esse”, diz. Ele destaca o papel da FIEC, como também das universidades e do setor produtivo. Aponta que, em termos de Brasil, a CNI é um instrumento fundamental no processo de inovação. "Sabemos todos que só vamos desenvolver a inovação em nosso estado com uma agenda de convergência entre setor produtivo, academia e governo. O secretário lembra que o Ceará já possui um marco legal nesse campo. “No entanto, o mais importante é disseminar a cultura da inovação por meio da interiorização e das MPEs."
 
Reitor do ITA, o engenheiro Carlos Pacheco fez questão de destacar, durante a assinatura do convênio com a CNI e a FIEC, que o cenário de médio e longo prazo para o Brasil é auspicioso. "Eu costumo dizer que o crescimento do Brasil já está contratado, o que precisamos é definir agora como vamos  crescer. Se como produtor de commodities, ou agregando mais valor aos nossos bens e serviços. Portanto, temos muitos desafios pela frente." Conforme ele, se queremos uma sociedade produtiva, com melhores salários, temos de conciliar alguns fatores. Dentre eles, inovação é consensual, seja no setor público ou no setor privado. De acordo com Pacheco, não existe um modelo isolado de inovação. "Mas crescer e agregar valor requer criar mercados e tempo para se estabelecer.”
 
O reitor deu um recado àqueles que pensam que para fazer inovação basta apenas ter conhecimento técnico: "A sua capacidade de saber fazer as coisas é mais importante do que o conhecimento que você possui. É preciso saber usar o que você sabe. A inovação no século 21  não valoriza apenas a área do conhecimento técnico, mas é necessário saber se adequar ao perfil de um bom gestor e ter capacidade de lidar com as situações que o dia a dia lhe reserva".
 
Apóstolos da Inovação
Pensar os problemas e oportunidades que o Ceará tem a oferecer aos empreendedores que queiram desenvolver a economia do estado. Apostando nesse princípio, o projeto Apóstolos da Inovação reuniu durante três semanas, sob a coordenação do INDI, seis estudantes do ITA e seis de universidades cearenses para estudar possibilidades em relação ao momento pelo qual passa o Ceará.  A seleção dos participantes foi realizada mediante currículo e entrevistas. Das instituições locais, há estudantes da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Faculdade Christus, Universidade de Fortaleza (Unifor), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), Universidade Federal do Ceará (UFC) e Fa7.
 
Divididos em três grupos de quatro pessoas, eles estiveram reunidos de 4 a 27 de julho para se debruçar sobre seis áreas temáticas: energia, metal-mecânica, construção civil, educação, agronegócio e tecnologia da informação. Ao final do período, no qual tiveram a oportunidade de visitar empresas e instituições acadêmicas, ouvir empresários e debater diversos temas, cada grupo apresentou um documento tratando sobre essas áreas.
 
O projeto Apóstolos da Inovação surgiu há três meses. Resulta de uma reunião entre Carlos Matos, Carlos Pacheco (ITA) e representantes da CNI, Sérgio Moreira e Júlio Alves. Dessa reunião, conta Júlio, "saímos com a inspiração de criarmos um ambiente para desenvolvermos startups para pensar as demandas da economia do Ceará".  Para isso, se começou a pensar que a ideia se estruturaria a partir de três pilares: pessoas preparadas, atender a uma demanda que já existe e estruturar ações para propor soluções a tais desafios. Desde o início, afirma Júlio, ficou claro que seria necessária a criação de um ecossistema favorável.  Era preciso ligar os pontos desses três pilares. "Basicamente o Inova Startups consiste em unir esses pontos", diz.
 
Segundo Júlio Alves, ex-aluno do ITA, o primeiro passo nesse sentindo é procurar engajar pessoas e encontrar líderes comprometidos. "O Apóstolos da Inovação é isso: une alunos do ITA e locais." Outro ponto que se quer atingir na proposta, explica, é buscar fomentar a criação de ideias por meio de soluções inovadoras. "E, depois de encontrar pessoas e identificar demandas, no terceiro eixo vamos de fato buscar os apoios necessários para desenvolver as ideias que forem surgindo, com o intuito de promover o desenvolvimento da economia cearense por meio da busca de problemas que valem a pena ser solucionados."
 
Para Rogério Guerra, estudante de Engenharia de Telecomunicações do IFCE, a intenção de participar do projeto surgiu justamente a partir do desafio de buscar oportunidades dentro das condições colocadas hoje pelo estado. "Eu sempre quis ser um empreendedor. Não me interessa buscar um bom emprego. Aprendi que eu é que devo criá-lo." Estudante de curso da área de tecnologia, Rogério destaca que, infelizmente, as universidades brasileiras não preparam o estudante para empreender. No seu caso, por exemplo, teve de buscar por conta própria ampliar seus conhecimentos sobre gestão. "O projeto da FIEC é isso: proporciona a possibilidade de unir os campos de conhecimento, ao mesmo tempo que lança um desafio a todos nós".
 
Estudante de Engenharia Civil-Aeronáutica no ITA, Orlando Lustosa é presidente do Centro Acadêmico Santos Dumont, maior entidade representativa dos estudantes perante entidades oficiais. Como motivação para compor o grupo, ele diz que, além da oportunidade de se aprofundar sobre um tema que é de seu interesse – a infraestrutura –, a metodologia do trabalho é desafiadora: "Estamos vivenciando a experiência de um trabalho de explosão. Tivemos pouco tempo para ver tudo, e produzir um documento, o que é desafiador".

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