Fazer a pesquisa chegar ao mercado não é o único entrave para o desenvolvimento da nanotecnologia no Brasil. A área demanda profissionais qualificados, vindos de cursos como engenharia, biologia, farmácia e química. Para Osvaldo Novais, PhD em Física, especialista em nanotecnologia e professor da Universidade de São Paulo (USP), o problema começa na falta de investimento em educação básica no Brasil. “Precisamos de políticas públicas de incentivo à educação para formarmos pesquisadores. O ideal é termos uma população mais qualificada e, assim, maior produtividade”, diz.
Leandro Berti, PhD em nanotecnologia e coordenador-geral de Desenvolvimento e Inovação em Tecnologias Convergentes e Habilitadoras, do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), revela que o ministério está debruçado na elaboração de um plano estratégico de ciência, tecnologia e inovação, cujo objetivo é integrar academia e indústria.
“Pesquisadores e empresários precisam se reunir mais para entenderem o universo um do outro. A nanotecnologia deve receber a atenção que merece. Temos políticas públicas para a área, mas precisamos de mais avanços, ou ficaremos para trás”, explica Berti. O MCTIC estima que o mercado de nanotecnologia no Brasil gire em torno de R$ 200 milhões, frente a um mercado mundial de R$ 5 trilhões.
O MCTIC também prepara o Marco Regulatório para Nanotecnologia no Brasil, sendo a nanossegurança na cadeia de valor de nanomateriais e nanoprodutos uma das vertentes. “O marco regulatório traz segurança jurídica para investimentos e para segurança ocupacional, ambiental e na saúde. Possibilita avançarmos de maneira correta”, diz Berti. Segundo o especialista, o MCTIC assinou um manifesto com a Câmara dos Deputados para dar apoio técnico na construção do Marco Legal para a Nanotecnologia.
Para Osvaldo Novais, é impossível desenvolver novas tecnologias avançadas sem a nanotecnologia, pois qualquer indústria envolve manipulação de materiais em nível atômico ou molecular. “Tudo o que tem relação com hardware, por exemplo, precisa da nano”, explica.
Uma das iniciativas do MCTIC é a criação do Centro Brasileiro-Argentino de Nanotecnologia (CBAN), um esforço conjunto entre os dois países para o desenvolvimento de políticas públicas que permitam a avaliação de nanoprodutos no Brasil da mesma forma como na Argentina. A Iniciativa Brasileira de Nanotecnologia (IBN), implementada em 2012 pelo MCTIC, também é outra proposta que pretende aumentar a competitividade da indústria no Brasil, a partir da integração de ações governamentais.