Financiamento e propriedade intelectual dominam debates no primeiro dia do Congresso de Inovação

O painel de estreia começou com a fala da especialista em financiamento para inovação Mariana Mazzucato, professora de economia da Universidade de Sussex

Os desafios do financiamento à inovação e a proteção de propriedade intelectual centralizaram o debate e as palestras realizadas no primeiro dia do 6º Congresso Brasileiro de Inovação, realizado pela parceria entre a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae)

O painel de estreia começou com a fala da especialista em financiamento para inovação Mariana Mazzucato, professora de economia da Universidade de Sussex, na Inglaterra. Segundo ela, a grandes empresas ainda reinvestem muito pouco do faturamento no desenvolvimento de novas tecnologias em setores estratégicos, como o de energia. “Praticamente não há investimentos privados nessa área. São os governos, por meio de bancos de desenvolvimento, que financiam as pesquisas em setores em que o setor produtivo ainda receia investir”, afirmou.

Para Mazzucato, o papel do Estado, além de fomentar a inovação, é provocar e direcionar as empresas. “Um dos laboratórios referência em inovação nos Estados Unidos, da AT&T, nasceu de uma provocação do governo, que obrigou a empresa a reinvestir parte de seu faturamento em pesquisa e desenvolvimento”, ilustrou.

CAPITAL HUMANO - Crédito e outras formas de incentivo à inovação dificilmente terão resultados sem um componente essencial: pessoas. Este é o pronto focal do discurso de Michael Schrage, pesquisador do Center for Digital Business do Massachussetts Institute of Technology (MIT).  “Se você se importa com inovação, precisa investir em capital humano. O futuro da inovação no Brasil será resultado dos investimentos que o país – governo e empresas – fez em recursos humanos agora”, disse.

De acordo com o especialista – também conselheiro de inovação de grandes organizações como Google, Intel e IBM -, as empresas têm mais chances de inovar com sucesso se souberem identificar qual é o seu negócio e conseguirem projetar como querem que seus consumidores ou clientes sejam transformados pela inovação.

“Se acelerarmos o processo de análise do pedido de patentes, teremos um avanço significativo no número de concessões" - Bernardo Gradin

PROPRIEDADE INTELECTUAL - O destaque do painel sobre propriedade intelectual, que contou com uma apresentação do diretor do Instituto Global de Sustentabilidade da Universidade do Arizona, Sethuraman Panchanathan, foi um pedido de mudanças na maneira como o Brasil reconhece a produção de novos conteúdos e produtos. Ideia corroborada pelo presidente da Granbio e integrante da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), Bernardo Gradin. “Regulação e procedimentos antigos, morosos, que inibem a publicação de conhecimento novo, além do longo tempo para reconhecimento de patentes. Se isso não mudar, o Brasil será imitador constante”, advertiu Gradin.

Ele, no entanto, falou sobre as possibilidades positivas de agilizar a concessão de patentes no Brasil. Segundo Gradin, o passo mais moroso da análise de patentes é a primeira análise do pedido. “Se acelerarmos esse processo, teremos um avanço significativo. A MEI e a CNI defendem que não apenas otimizemos a forma de processar os pedidos de propriedade intelectual mas adequemos com verbas e recursos humanos adequados o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI)”, disse. Hoje, cada examinador brasileiro tem 1 mil processos, enquanto um americano lida com 80.

MULTIMÍDIA - Acompanhe a cobertura do evento em tempo real no perfil da CNI no Twitter. Todas as fotos do Congresso estão no nosso Flickr.

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