Adesão ao Protocolo de Madri gera economia e reduz tempo para registro de marcas em 121 países

Nesta semana, o INPI registrou o 100º pedido de uma marca brasileira via protocolo. Empresas como a The Coffee e a Usaflex conseguiram reduzir em 45% custos com internacionalização

Startup curitibana The Coffee adiantou processo de internacionalização da marca por causa da adesão do Brasil ao Protocolo de Madri

A empresa The Coffee, startup curitibana que une a experiência de uma cafeteria com a comodidade tecnológica de fazer pedidos via aplicativo, nasceu há dois anos com o sonho de expandir mercados para bem além das fronteiras brasileiras. O processo de internacionalização que estava planejado para ocorrer em cerca de três anos foi antecipado graças à adesão do Brasil ao Protocolo de Madri.

O acordo integra o país ao sistema internacional de registro de marcas com 122 nações - incluindo o Brasil -, que representam 80% do comércio mundial. Com isso, a solicitação é feita uma única vez à Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), que submente a avaliação aos países onde a empresa quer fazer o registro da marca.

Dois meses depois da entrada em vigor do acordo internacional, em outubro de 2019, a empresa registrou a marca mista – modalidade que inclui o nome e o logotipo – nos Estados Unidos, União Europeia e Colômbia. A entrada do pedido foi via Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), que encaminhou o pedido à OMPI (veja como funciona o processo no infográfico).

De acordo com Alexandre Fertonani, um dos fundadores do The Coffee, o fato de o Brasil ter aderido ao Protocolo de Madri contribuiu para que houvesse economia significativa de tempo e recursos financeiros. Segundo ele, o registro da marca nos três países levou cerca de seis meses. Antes do acordo, esse processo levaria mais de três anos. “Além disso, houve uma redução de 45% de custos com taxas e honorários”, declara Fertonani.

A indústria de sapatos Usaflex prevê percentual de economia similar ao da The Coffee em registro da marca na Colômbia. Segundo Daniela Colombo, diretora Jurídica da Usaflex, mesmo em andamento, o processo por meio do Protocolo de Madri já apresenta vantagens visíveis. “Não há necessidade de fazer pagamentos a associados estrangeiros se não houver intercorrências e não precisamos mais apresentar documentos adicionais que em alguns países é bastante oneroso e trabalhoso”, declara.

"Não precisamos mais apresentar documentos adicionais que em alguns países é bastante oneroso e trabalhoso" - Daniela Colombo, diretora Jurídica da Usaflex

Resultados brasileiros no registro de marcas pós-adesão ao Protocolo de Madri

Nesta semana, o INPI registrou o 100º pedido de registro de marcas brasileiras via Protocolo de Madri. Depois da entrada em vigor do acordo, entre outubro de 2019 e agosto de 2020, os 100 pedidos são referentes a quase 200 classes de produtos e serviços de empresas brasileiras. A maior parte deles foram na União Europeia e nos Estados Unidos.

Já os pedidos de registro de marcas de outros países no Brasil ultrapassaram 7 mil nesses dez meses da entrada em vigor do protocolo, sendo a grande maioria também da União Europeia e dos Estados Unidos.

“Com o Protocolo de Madri, a burocracia e os custos deixaram de ser obstáculos para a proteção das marcas brasileiras no exterior. Cada vez mais, veremos as empresas do Brasil protegendo suas marcas fora do país", destaca o gerente-executivo de Política Industrial da CNI, João Emílio Gonçalves.

Criado em 1989 e em vigor desde 1996, o tratado tem objetivo de simplificar o registro de marcas, com reduções de custos de depósito e de gestão e maior previsibilidade no tempo de resposta.

Durante esse período, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) defendeu a adesão do Brasil ao Protocolo de Madri junto ao Poder Executivo e, em 2018, o tema estava entre os temas prioritários da pauta mínima da Agenda Legislativa da Indústria. Em 23 de maio de 2019, o Congresso Nacional finalmente aprovou à internalização ao acordo, depois de quase 20 anos de espera.

Relacionadas

Leia mais

Adesão do Brasil ao Protocolo de Madri facilitará internacionalização de empresas brasileiras
CNI defende adesão de empresas de e-commerce à autorregulação de combate à pirataria
Marcas coletivas valorizam produtos, serviços e estimulam a competitividade

Comentários