Números de acidentes devem ser considerados para priorização de investimentos em rodovias, avalia Conselho da CNI

Conselheiro Cláudio Frischtak alertou, durante reunião do Conselho de Infraestrutura da CNI, que estradas federais registram em média 88 acidentes com feridos e mortos por ano a cada 100 km

O planejamento dos transportes no Brasil deve levar em conta os números oficiais de acidentes nas rodovias federais para que os gargalos sejam superados e os pontos críticos recebam a devida atenção, a fim de que novos desastres sejam evitados. Essa é a avaliação do Conselho Temático de Infraestrutura (Coinfra) da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que se reuniu nesta quarta-feira (25), em Brasília.

O conselheiro Cláudio Frischtak apresentou durante a reunião o trabalho, produzido para a CNI pela Inter B Consultoria, que levou em conta números oficiais de acidentes nos cerca de 70 mil km de rodovias federais que cortam o país. Os números revelam que, em 2016, houve média de 88 acidentes com feridos e mortos a cada 100 km de rodovias. No ano passado, foram registrados 60,2 mil ocorrências nessas rodovias com feridos ou mortos.

De acordo com o levantamento, a rodovia mais perigosa do Brasil é a BR-381, que corta os estados do Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo, onde 24,19 mortes são registradas por ano a cada trecho de 100 km. Na sequência, aparecem a BR-232, em Pernambuco, com 23,3 mortes por 100 km e a BR-376 (Minas Gerais a Santa Catarina), com 22,53. O critério utilizado para a definição das rodovias mais perigosas foi a quantidade de óbitos decorrentes de acidentes para cada trecho de 100 km.

O presidente do Coinfra, Olavo Machado Junior, defende que os números sejam usados para obras urgentes nos pontos mais críticos das rodovias. “A maior parte dessas obras pode ser feita por empresas médias e pequenas. Tenho a convicção que o país só vai se desenvolver quando a infraestrutura começar a andar”, afirmou Machado.

Cláudio Frischtak destacou, por sua vez, que os dados precisam ser levados em conta pelo governo na hora da definição das prioridades para receber investimentos. “Esses números devem ser levados em consideração não só em termos de planejamento, mas de reivindicação também. É possível, assim, resolver esses pontos cegos”, frisou Frischtak.

O gerente-executivo de Infraestrutura da CNI, Wagner Cardoso, lembrou que o Brasil é o país do transporte rodoviário. “Se tirar o minério de ferro, mais de 80% das cargas são movimentadas por caminhões”, ressaltou.

REFORMA TRABALHISTA – A reunião do Coinfra também abriu espaço para o presidente do Conselho de Relações do Trabalho da CNI, Alexandre Furlan, falar sobre os principais pontos da reforma trabalhista. Ele afirmou que a modernização das leis era urgente, uma vez que a CLT estava defasada – foi criada em 1943, quando mais de 70% da população do país vivia no meio rural. Na avaliação de Furlan, a reforma moderniza a legislação trabalhista e leva segurança jurídica às relações trabalhistas.

“Só 0,79% das empresas brasileiras têm mais de 100 funcionários. Isso mostra que a lei não foi feita para grandes empresários. A reforma foi feita para o dono da oficina do bairro, da hamburgueria, da loja”, destacou Furlan. Ele acrescentou que, a partir de 15 de novembro, quando as novas regras entrarem em vigor, a jornada de trabalho poderá ser negociada, desde que observados os limites constitucionais. “A modernização das leis vai trazer muitos trabalhadores para a formalidade”, completou.

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