Desafios e Conquista no Dia Nacional do Surdo

Em celebração ao Dia Nacional do Surdo, desvendamos a jornada invisível enfrentada pela comunidade surda em busca de igualdade

A comunidade surda brasileira tem hoje um motivo a mais para reivindicar visibilidade e maiores direitos. No Dia Nacional do Surdo, refletimos sobre as experiências dessa parcela da população que, em meio a avanços sociais, ainda enfrenta barreiras significativas para uma plena participação na sociedade. Com a ajuda de duas especialistas, mergulhamos em aspectos cruciais dessa realidade, da linguística à acessibilidade. 

1 - Diferença entre surdo e deficiente auditivo  

Para quem não sabe, a Libras é uma língua (e não uma linguagem) reconhecida por lei no Brasil e possui estrutura e gramática próprias. O fator preponderante para a escolha de um ou outro termo é a participação na comunidade surda. As pessoas que fazem parte da comunidade se identificam como surdas, enquanto as que não pertencem a ela são chamadas de deficientes auditivas. Sob essa perspectiva, a profundidade da perda auditiva passa a não ter importância, já que a identidade surda é o que define a questão.  

2 - A falta de acessibilidade na comunicação   

Não se trata apenas de barreiras físicas, mas também da falta de interfaces e ferramentas que proporcionem uma comunicação efetiva para os surdos. Ainda há um longo caminho a percorrer para que a sociedade reconheça e implemente plenamente como uma ferramenta essencial para os surdos.

3 - A voz de quem vive o dia a dia  

E na busca por uma visão mais aprofundada da realidade diária das pessoas surdas, entrevistamos duas profissionais que se dedicam à causa da inclusão e acessibilidade. Letícia Bonifácio, professora, tradutora, intérprete de Libras e Analista de Qualidade de Vida no SENAI Itu/SP, compartilhou conosco os desafios e recompensas de seu trabalho. Já Luana Honório, profissional de LIBRAS e Interlocutora do PSAI no SENAI Resende/RJ, acrescentou sua perspectiva sobre a interlocução diária entre surdos e ouvintes, destacando as situações práticas e a importância de um ambiente cada vez mais inclusivo. 

Como é o dia a dia de uma profissional que trabalha com a comunidade surda?   

Luana: “Pois é, é bem agitado. Pois uma vez inseridos na comunidade surda, isso já é algo intrínseco em nós. Onde não pensamos no singular e sim no plural, sempre priorizando a valorização da pessoa surda.”  

Letícia: “Uma conquista, pois conhecendo a história da comunidade surda, da pessoa com deficiência ao longo dos anos, luta mundial essa... hoje é uma honra fazer parte dela. Mas uma luta diária pela inclusão, pela acessibilidade.”  

Como é o processo de inclusão de pessoas surdas na instituição? Quais são os principais desafios e como você os enfrenta?  

 

Luana: Atualmente, primeiro fazemos a entrevista educacional, que é o momento em que vamos conhecer este aluno, conhecer a nível de conteúdo, de escrita. Isso nos possibilita saber e entender como foi o processo educacional dele. O aluno já tem garantida a presença de um Intérprete de LIBRAS. Depois disso, junto com a coordenação pedagógica montamos o Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) deste aluno, dependendo do caso é claro. A turma a qual este aluno é inserido, ela passa umas 3 semanas tendo 15 minutos de aula de LIBRAS para poder ajudar na comunicação e no desenvolvimento do trabalho em equipe. Isso já é uma prática, por ex.: o aluno chegou hoje, amanhã já começamos com os 15 minutos de aula de libras na turma daquele aluno. Temos também uma fala no primeiro dia na RI (reunião de integração) de inclusão, já temos uma explicação para turma sobre a LIBRAS e na outra aula já começamos com o ensino do alfabeto e coisas bem básicas do dia a dia. Um dos principais desafios é justamente fazer a transposição de determinado conteúdo transformando-o em uma linguagem mais acessível.  

Letícia: Hoje quando um sujeito surdo tem interesse em ingressar em um curso no Senai, é feita a contratação de um facilitador, auxiliar técnico em inclusão para assisti-lo nas aulas. Mas ainda vejo uma “barreira” na comunicação, pois não temos pessoas capacitadas neste primeiro contato (matrícula) que tenham conhecimento em Libras, que é a Língua materna do surdo, e muitos deles não dominam a língua Portuguesa, dificultando assim a comunicação para tirar dúvidas, documentos, etc. Quando a unidade possui alguém que conheça, esse atendimento é claro e objetivo, que no caso é a real acessibilidade.  

De que forma o PSAI (Programa SENAI de Ações Inclusivas) auxilia nesse processo de inclusão e melhores condições para os alunos?  

Luana: o PSAI ele está constantemente em busca de novas tecnologias assistivas, ele está constantemente voltado para boas práticas escolares, o PSAI, ele começa a estudar todos os casos, para poder achar a melhor acessibilidade para aquele aluno, porque ele entende que o aluno é único e nunca será o mesmo, pois está em constante transformação  

Letícia: Como dito acima, possui constante trabalho na conscientização de toda rede escolar, conteúdos riquíssimos; encontros, reuniões, cursos, lives... explicam que o aluno é da escola, e não só de um docente, ou do auxiliar etc.  

Conheça o Geração SESI SENAI!    

O projeto é uma iniciativa do Serviço Social da Indústria (SESI) e do Serviço Nacional de Aprendizagem(SENAI) para conectar alunos, professores e toda a comunidade da educação. Acesse nossos conteúdos naAgência de Notícias da Indústria, no canal doWhatsApp “Geração SESI SENAI” e se inscreva em nossa Newsletter. Tire suas dúvidas e compartilhe os projetos da sua unidade através do nossoSAC. #AquiTemGeração  

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