Professores usam talentos musicais e literários para ensinar

Para encerrar o mês do docente, confira histórias de quem utiliza a arte para expandir a criatividade em sala de aula, inovar no processo educativo e conquistar os alunos

A arte promove inúmeros benefícios na vida dos estudantes, pois aumenta a capacidade de expressão, desenvolve a criatividade e o cognitivo, além de atribuir leveza à rotina escolar. Pensando nisso, professores que atuam no Serviço Social da Indústria (SESI) e no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) apostam nos seus talentos para inovar na sala de aula. 

Para encerrar o mês do docente, a Agência de Notícias da Indústria reuniu três histórias, compartilhadas pelos próprios professores em ação do aplicativo Geração SESI SENAI. Katiusce Teixeira é pedagoga e usa o seu dom de cantar para se conectar com os pequenos da sua turma e a comunidade. A música também está presente noa rotina do educador e músico autodidata André Felipe, que sempre agrega elementos musicais em suas aulas. Já o professor Paulo Palhares aborda geografia em um universo fantástico por meio da literatura infantojuvenil. 

Crianças que cantam e se encantam

Katiusce canta na sala de aula para as crianças e também profissionalmente em uma banda

O cantar desperta sensações, une e encanta. É por meio dessa arte que a professora Katiusce Teixeira conduz os dias em sala de aula. A pedagoga, que trabalha há três anos no SESI Criciúma, em Santa Catarina, divide o talento musical com os alunos para cativá-los. 

Katiusce dá aula para crianças de dois anos, que fazem parte da turma do GT2. Ela explica que, por conta da idade, os alunos gostam muito de música e o canto se tornou natural nas brincadeiras e dinâmicas em sala. 


“Eu consigo conciliar muito bem a música, as crianças, a voz, a sala, o ambiente. No dia a dia mesmo, a música está ali, ela está presente em mim. Eu chamo pra contar uma história, beber água e invento um ritmo de música, um tom, brinco com eles”, conta a educadora.


O amor pela música começou quando Katiusce tinha apenas 11 anos. A docente passou a cantar em um coral da sua cidade e, nas apresentações, percebia que as crianças ficavam encantadas com ela. Com o tempo, começou a trabalhar em um coral infantil e foi assim que se apaixonou pela educação e se descobriu como professora.

“Foi a música que me fez ver tudo. Fez eu me apaixonar pelas crianças e ver o encanto que elas tinham por mim. Foi trabalhando com crianças e gostando de estar cada dia mais perto delas que eu pensei em fazer pedagogia”, relata. 

Em datas comemorativas ou eventos especiais, a pedagoga também compartilha o talento com a comunidade escolar. Além disso, sempre propõe atividades específicas que envolvem música, trabalha instrumentos e participa das rodas musicais realizadas na escola. 

“Aqui no SESI a gente precisa garantir muito o direito da criança, que é o direito de brincar e de se conhecer. A música também faz parte disso”, ressalta. 

Katiusce tem uma vida dupla, dividida entre a sala de aula e os palcos, pois também canta profissionalmente em uma banda de formatura da sua cidade. Conta, ainda, que as duas profissões são as paixões da sua vida e, apesar de serem atuações diferentes, ao mesmo tempo, elas se unem. 

“Eu amo o meu trabalho. Amo poder, tanto no meu trabalho como pedagoga como cantora, cantar e encantar crianças e adultos aonde eu vou”, declara. 

Um pouco de flauta e de sax, um pouco de arte 

André Felipe varia o estilo da música nas aulas de acordo com o perfil de cada turma

Uma infância difícil, experiências negativas na escola e uma flauta doce. Foi assim que a música entrou na vida do professor André Felipe, aos oito anos. “Eu achei uma flauta na rua faltando um pedaço, levei pra casa, lavei e dali comecei a tocar. Assim meu mundo se abriu para a música”, conta o educador. 

Formado em fotografia e filmaker há mais de 20 anos, o docente atua no SENAI Laranjeiras, temporariamente em obras e em funcionamento na unidade do Maracanã, no Rio de Janeiro. Ele ministra, há menos de um ano, os cursos de Operador de câmera e Criação de vídeos para mídias sociais. 

André nunca teve aulas de música, aprendeu a tocar instrumentos, como teclado, sax, violão, contrabaixo e outros, apenas ouvindo. Participava das atividades musicais que eram realizadas na escola e, desde então, usa esse dom para expor sua subjetividade em tudo que faz. 

“Eu uso uma música minha para poder me apresentar, para os alunos saberem quem eu sou. Eu recito a letra da música e já consigo expressar de onde eu vim, como eu sou, e conquistar o apego, o afago dos alunos”, relata.

O professor conta que os cursos ministrados por ele facilitam a criatividade, porque envolvem som e imagem. Para expandir ainda mais esse universo de criações audiovisuais, André utiliza a música por meio de instrumentos, vídeos e letras. 

“Eu crio cenas que tenham música, coloco alguém para tocar um instrumento... a minha intenção é tornar cada aula muito diferente, dinâmica, interessante e divertida. Perceber que eles aprenderam, que a sala de aula não é um ambiente chato”, explica o professor.

O uso da música nas aulas é feito por meio da percepção, e as dinâmicas variam de acordo com o perfil da turma. Para ele, os benefícios que a música agrega à formação dos estudantes são o poder de criticidade, humanização, leveza e aumento da expressividade. Tudo que André aprende é com o intuito de ensinar. Orgulha-se das vidas que já ajudou por meio da música e da educação.  


“Ser docente tem um peso gigante na minha vida, a pessoa olhar pra mim e me chamar de professor. Até hoje eu não enjoo de ouvir, o coração palpita mais forte, os olhos enchem de lágrima. Ver a pessoa aprendendo e feliz por estar aprendendo é uma vitória sem precedente na minha vida”, declara.


A Geografia nas linhas e entrelinhas

Paulo se inspira nos acontecimentos político-geográficos reais e os relata por meio da ficção

No universo literário, a imaginação nasce, reinventa-se e se transforma em personagens, cenários e narrativas diversas. Em meio a tantas histórias, a Geografia cria forma e é contextualizada com o mundo real, por meio da escrita do professor Paulo Palhares. 

Paulo é docente no SESI Escola São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte, há oito meses, mas leciona desde 2014. Ele sempre gostou de levar livros para trabalhar com os alunos e, assim, surgiu a ideia de produzir algo dos estudantes e seu.  


“Por sempre levar o que gosto para a sala de aula, Senhor dos Anéis, Harry Potter, animes em geral, fui começando a pensar ‘por que não produzir algo que possa ser nosso?’. Então surgiu a vontade de escrever uma literatura infantojuvenil que remetesse a elementos nossos”, conta.


Na produção da sua obra literária intitulada Lumínios, ele explica conceitos geográficos e viaja na ficção. O livro retrata um mundo imaginário, inspirado no período medievalista, e aborda a organização social, funções políticas, costumes e culturas desse lugar. O geógrafo se inspira nos acontecimentos político-geográficos reais e os relata por meio da ficção.

“Cada momento em sala servia muito de inspiração e continua sendo um dos meus templos de inspiração até hoje. O diálogo com os próprios alunos, muitos deles sempre expressavam o seu gosto e eu usava isso como termômetro para o que deveria produzir”, relata o professor. 

Ao mesmo tempo que os estudantes se inspiram nas obras literárias para aprenderem, Paulo é motivado por eles para continuar escrevendo. Conta, ainda, que as paixões pela escrita e pela docência nasceram juntas. 

“Uma foi combustível para a outra e vem sendo até hoje. Entrar na sala e ouvir ‘professor, quando sai o próximo livro?’, me faz querer chegar em casa e escrever mais e mais”, declara. Paulo conclui dizendo que a literatura proporciona a criação de uma identidade com os alunos, pois eles se identificam e assimilam a leitura com a aprendizagem dos conteúdos estudados.  

Seja por meio da música, literatura, pintura ou dança, a arte inspira a educação e a educação inspira a arte.

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