Giovanni desenvolve sites e garante que profissão mudou sua vida

Filho de pai argentino e mãe brasileira, Giovanni Kenji Shiroma nasceu na província de Oogaki no Japão, onde viveu até os 9 anos de idade

Giovanni nasceu no Japão, mas mora em SP

Filho de pai argentino e mãe brasileira, Giovanni Kenji Shiroma nasceu na província de Oogaki no Japão, onde viveu até os 9 anos de idade. Quando terminou a terceira série, o jovem veio para o Brasil com a mãe. O pai ficou no país asiático. O nascimento do outro lado do mundo aconteceu porque os pais se conheceram por lá e estavam no Japão trabalhando para juntar dinheiro. “Hoje tenho vontade de visitar o Japão apenas para rever o meu pai e meus avós. Também tenho vontade de voltar onde estudei quando era pequeno, onde tudo em volta parecia ser gigante”, diz aos risos. “Mas morar por lá acho que não rola, estou muito abrasileirado para ficar no Japão”, completa. Giovanni brinca que, hoje, a relação dele com a cultura japonesa se limita à comida.

O jovem, que se considera paulista, costuma dizer que nasceu de uma salada de raças. Sobre o futuro profissional, tinha muitas dúvidas. Mas também tinha uma certeza: depois de concluir o ensino médio, queria fazer algo na área de informática. Mas qual curso? Software ou Hardware? Técnico ou graduação? Enfim, dúvidas que passam pela cabeça de milhões de adolescentes. “Eu gostava de mexer com computador. Ficava na internet nos joguinhos e pesquisava sobre a criação desses jogos e a edição de imagens”, diz.

Em meio a tantas dúvidas, Giovanni soube pelos amigos do curso técnico de Redes de Computadores do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), em São Paulo. O curso era gratuito e só pagava a taxa de inscrição. O desafio era passar no processo seletivo. Aprovado no SENAI, Giovanni definiu o caminho a trilhar: a programação de computadores. “O meu interesse foi maior pelo software. Tinha vontade de desenvolver, de criar. Não me via consertando computadores. Mas a minha mãe até hoje acha que eu conserto as máquinas”, comenta.

Giovanni conta que o curso tinha um ano dedicado à programação e outro em redes. “Na parte de programação não tinha a mínima ideia, mas passei a gostar, quando comecei a desenvolver coisas e vendo como tudo funcionava na internet. Fui conversando com outras pessoas da área de programação, eles me davam dicas e eu aprendia um pouco mais”, lembra. No SENAI, Giovanni começou a desenvolver programas de testes, aplicação de algum jogo, mas apenas experimentos, sem lançar nada no mercado. Tudo era desenvolvido com fins didáticos.

No mesmo ano em que iniciou o curso técnico, Giovanni também entrou para a faculdade de Design Gráfico. Estudava no SENAI pela manhã e ia para a faculdade à noite, onde ganhou bolsa de cem por cento do Programa Universidade para Todos (Prouni). “Quando fiz a escolha pelo curso de Design Gráfico até achei que não ia passar, porque era muito concorrido. Mas deu tudo certo”, diz.

O jovem teve a chance de participar duas vezes da etapa estadual que seleciona os melhores profissionais para a Olimpíada do Conhecimento. Na primeira vez, em 2011, conquistou a prata na modalidade de Design Gráfico. Giovanni continuou acompanhando os competidores e vendo toda aquela movimentação dos selecionados para a Olimpíada e, posteriormente para o mundial, a WorldSkills.

TOP ONE - Nesse meio tempo veio uma segunda chance. “Como eu estava dentro da faixa etária, meu professor me chamou para disputar mais uma etapa estadual. Eu já estava encantado com todo o processo e topei. Comecei do zero de novo, desde a seleção interna dentro da minha escola SENAI até chegar à Olimpíada”, conta. Dessa vez ele escolheu outra modalidade: Web Design. Decidiu pela mudança porque já estava terminando a faculdade de Design Gráfico e queria aprender coisas diferentes, ou seja, estava disposto a encarar um desafio novo. O resultado foi o ouro na etapa estadual de 2013 e a participação do projeto Top One na Olimpíada do Conhecimento de 2014, em Belo Horizonte.

O profissional de Web Design está presente no dia a dia de quem acessa algum site. “Ele é o cara que faz a interface, o layout do site, cuida da parte visual e da interação do usuário. A gente pensa em como vai ser a experiência do usuário naquela página. Não é tão artístico como as pessoas pensam”, explica.

Para quem lá no começo estava em dúvida, hoje Giovanni se encontrou. “Minha profissão mudou a minha vida. Aprendi muito no SENAI e fiquei mais disciplinado. Antes não levava as coisas muito a sério, mas quando você faz alguma coisa que gosta, muda tudo. Hoje me sinto bem preparado para resolver os problemas que surgirem”, diz.

Agora Giovanni quer garantir a presença do Brasil no pódio da WorldSkills. “Tem um pouco de ansiedade, mas estamos bem preparados”, afirma. Sobre o futuro, ele tem planos de trabalhar e estudar no exterior. “Lá fora tem muitos brasileiros atuando na minha área, inclusive no Google. Mas é claro, você tem de ser bom. É um mercado em crescimento, tem muita concorrência e por isso tem de ser muito bom no que faz”, ressalta. Para ele, o desafio da profissão é sempre se manter atualizado, já que de um ano para outro muda muita coisa na programação de web.

Para fazer sucesso em qualquer área, Giovanni tem uma receita. “O negócio é se arriscar mais. O resto a gente se esforça pra conseguir. Mas se a pessoa não der o primeiro passo, não vai conseguir nada. Tem horas que precisamos deixar a zona de conforto”, finaliza.

A WORLDSKILLS - O Brasil será representado por 56 jovens profissionais técnicos na 43ª edição da WorldSkills Competition, em São Paulo, de 11 a 16 de agosto. Essa é a maior delegação já reunida pelo país para a competição. Na WorldSkills, os 1.200 competidores, todos com menos de 22 anos de idade, de 62 países, disputam medalhas em 50 profissões da indústria e do setor de serviços. Ao longo de quatro dias de provas, eles precisam alcançar índices de excelência ao executar tarefas semelhantes às que realizariam em situações reais do dia a dia das indústrias ou no setor de serviços. Todos são avaliados pelas habilidades técnicas e pessoais.

SAIBA MAIS - Saiba tudo sobre a WorldSkills São Paulo 2015. Acesse o site do mundial. Para conhecer os outros competidores brasileiros, acesse o site da Olimpíada do Conhecimento/WorldSkills, do SENAI.

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