Fã do Legião Urbana, a criativa Gabriele sonha em conhecer o mundo após a WorldSkills 2019

A catarinense está se preparando para representar o Brasil em Vitrinismo na maior competição de profissões técnicas do mundo

Os óculos grandes preenchem boa parte do rosto miúdo da catarinense Gabriele Raiser, 19 anos. São eles que ajudam a ver melhor o bonito trabalho que ela mesma realiza. Dona de um cérebro atento, o corpo mantém o mesmo ritmo imposto por uma cabeça que fervilha ideias. As mãos obedecem os comandos e objetos começam a nascer, prontos para montar a vitrine - ela confecciona cada item que será usado na exposição.

Gabriele será a representante brasileira de Vitrinismo, no mundial de profissões, a WorldSkills, que ocorre em agosto deste ano, em Kazan, na Rússia. “Quando eu digo que faço vitrinismo, as pessoas acham que trabalho com vidro”, comenta, aos risos.

O ambiente de treino de Gabriele inspira a criação. São materiais de diversas texturas e cores. No canto direito da sala, um painel tem recortes com referências artísticas e as mensagens-chave da prova a ser realizada: que é montar vitrines de diversos tipos de produtos. No Vitrinismo, criatividade e agilidade são essenciais para o bom desempenho.

Para estar nesta categoria, Gabriele fez curso de Desenhista de Produto de Moda - gostou tanto que fez duas vezes, os dois na unidade do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) de Blumenau (SC). Ela explica que foi escolhida pela afinidade da moda com o vitrinismo em relação a tendências, desenhos e usos de softwares similares. 

A história de Gabriele com a moda começou quando ainda era criança, aos 11 anos. A mãe é costureira de amostra em uma indústria têxtil catarinense. Ela conta que as duas estavam assistindo uma novela que falava sobre moda e a mãe perguntou se ela não teria interesse em ser estilista. Aos 14 anos, fez o primeiro curso. Aos 16, o segundo. “Eu criei muito gosto. Passei a desenhar”, comenta. Aos 17 anos, Gabriele começou a treinar para as seletivas nacionais, até vencer e se tornar a representante brasileira em Kazan. Agora, ela treina de segunda a sábado, no Centro de Treinamento da WorldSkills, em Brasília.

“Meu sonho de princesa era vir para Brasília”. Gabriele conta que o amor pela capital do Brasil começou quando era adolescente. “Eu era muito viciada no Legião Urbana, aí descobri que eles eram de Brasília e as músicas tinham referências da cidade. Aí eu dizia: ‘preciso conhecer Brasília e todos os pontos turísticos.’”, conta. “Esse era o meu sonho. Agora eu digo: ‘eu não conheço Brasília, eu moro em Brasília. Quando eu imaginaria uma coisa dessas?”, questiona.

Fã de Legião Urbana, Gabriele afirma que não pretende voltar para a mesmice e quer conhecer o mundo

FUTURO - Gabriele tem poucas certezas ainda, mas um ensinamento do pai guia suas escolhas. “Meu pai sempre falou: ‘Qualquer coisa que você fizer é aprendizado. Pode não servir para nada, mas é aprendizado’”. Por enquanto, o foco da catarinense está na competição, na Rússia, mas o futuro não está traçado.

“Estou nervosa e empolgada com a Rússia. Fico sonhando como vai ser, criando cenários, me imaginando fazendo a prova, subindo no pódio”. Gabriele conta que essa será a primeira vez que viajará para fora do Brasil. “Antes do SENAI, eu só conhecia uma cidade do lado de Blumenau chamada Armazém. Eu nunca tinha andado de avião”.

Depois da Rússia, a competidora só sabe de uma coisa: não pretende voltar para Santa Catarina. Ela também não quer, por agora, voltar a cursar a faculdade de Artes Visuais, que está trancada para o treinamento. “Eu estou em uma vibe que tem muita oportunidade e eu quero conhecer o mundo. Se surgir oportunidade para ir para fora do país, eu vou para fora do país, se não surgir oportunidade para nada, eu vou para algum outro lugar. Meu objetivo é conhecer as coisas”.

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