Emerson Luís Lemes Moraes, 20 anos, lembra como se fosse hoje da recepção que teve quando chegou no Rio Grande do Sul com o título de campeão nacional na competição de robótica móvel. A última prova para alcançar a vitória ocorreu em Brasília, na Olimpíada do Conhecimento, em julho de 2018. Ele lembra que um ônibus levou a mãe de Rio Pardo até Santa Cruz do Sul para o encontro - as duas cidades têm distância aproximada de 40 km. A mãe o abraçou com orgulho e disse que o restante da família não estava presente por conta de trabalho. Na sequência, os dois foram para Rio Pardo, endereço da família.
Quando o ônibus parou na frente da casa, Emerson viu os carros dos irmãos e dos amigos estacionados. Eles aguardavam o mais novo campeão. “Todo mundo gritou ‘surpresa’ e comemoramos a noite toda”, conta, com entusiasmo. “Se eu trouxer o ouro no mundial, a festa vai durar a semana inteira”, brinca. Com a vitória nacional, o competidor tornou-se o representante brasileiro no mundial das profissões, a WorldSkills, que ocorre em Kazan, na Rússia, em agosto deste ano.
Determinação não falta ao jovem. O competidor chegou a treinar de julho a setembro de 2018 sem ter a bolsa de aprendizagem para ajudá-lo. Saía de Rio Pardo e seguia para o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) de Santa Cruz do Sul todos os dias. A história de Emerson com a robótica começa com um curso de aprendizagem em Eletroeletrônica pela Philips Morris. Pelo programa de aprendiz, o jovem fez um curso no SENAI e recebe uma bolsa da empresa. Com o término da bolsa, Emerson continuou treinando, aprendendo mais sobre a robótica e garantiu a vaga no mundial.
Na sequência, venceu a WorldSkills Americas, no Chile, e trouxe o ouro americano. Agora, ele sonha em trazer o primeiro ouro mundial na modalidade Robótica Móvel. O país nunca conseguiu subir ao pódio nesta categoria. Coreia do Sul, Japão e Rússia vêm ganhando as melhores posições nas últimas competições. “Desde que vi o pessoal treinando na escola eu olhei e disse: ‘um dia vou conseguir competir na robótica’”, recorda.
“Pro mundial tudo muda, não são cinco estados brasileiros ou só dois países competindo - como foi na WorldSkills America. Agora, são 32 países”, complementa.
TREINO CONSTANTE - A modalidade de Robótica Móvel é feita em dupla. Emerson fica com a parte de montagem do robô, como Usinagem e Mecânica, e o companheiro cuida da programação. Para o treino, a organização da WorldSkills passa o modelo da prova com antecedência. No entanto, entre o teste e a versão oficial alterações ocorrem. A ideia da organização é que a dupla tenha em mente o estilo de missão para poder projetar um robô compatível.
Geralmente o robô precisa executar uma missão similar à atividade industrial. Na etapa nacional, por exemplo, a prova era programar um robô que simulasse um separador de contêineres - bolas de sinuca eram utilizadas como se fossem os materiais a serem coletados e entregues no local definido.
ORGULHO - Emerson vem de uma família de cinco irmãos - o pai é caminhoneiro e a mãe, dona de casa. O pai chegou a cursar Engenharia Civil, mas teve que interromper a graduação ainda na metade. A seleção para a WorldSkills encheu a família de orgulho. “Quando eu ganhei o nacional, recebi muitas mensagens… agora você é Brasil”, conta.
Dos irmãos de Emerson, um formou-se engenheiro civil e os outros trabalham no varejo. Emerson também quer seguir a carreira de engenheiro: só tem dúvidas se será a área de Engenharia Mecânica ou de Controle e Automação. “Não tenho dúvidas que pode vir propostas de tudo quanto é lugar depois da WorldSkills. Além da experiência e conhecimento, a competição também vai me ajudar muito no mercado de trabalho”, finaliza.