Gabriela Lacerda
A estudante do 3º ano do ensino médio Gabriela Lacerda de Azevedo, 17 anos, quer ser médica. Quando tiver o diploma em mãos, ela pretende ultrapassar as fronteiras do Brasil. “Quero um dia ajudar países como o Haiti, que está passando por um processo de reconstrução, utilizando o meu conhecimento como for possível”, diz a aluna do Serviço Social da Indústria (SESI) do Distrito Federal. Nesse caminho, ela enfrenta um importante obstáculo: até dois meses atrás, não tinha conhecimento de nenhum outro idioma fora o português, apenas a vontade de aprender. “Não falava absolutamente nada em inglês, sempre me dei mal nas provas do colégio”, detalha a estudante, que também faz o curso de Técnico em Multimídia no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI).
A mudança ocorreu quando ela soube que o programa Conexão Mundo, desenvolvido pelo SESI e SENAI, em parceria com a ONG americana US-Brazil Connect, seria implementado em Brasília este ano. O programa oferece aulas de inglês de uma forma inovadora, dividido em três etapas: os alunos têm aulas virtuais, pelo Facebook e por hangouts, com monitores americanos (chamados de coaches), na primeira fase. Na segunda, que começa esta semana no Distrito Federal, durante as férias escolares, eles terão aulas intensivas de quatro horas por dia com os americanos.
Depois desse período, serão mais dois meses de aulas a distância. A partir da insistência da prima, Álefe, Gabriela decidiu tentar uma das 52 vagas oferecidas para as aulas de inglês no Distrito Federal. "Hoje já consigo me comunicar com os americanos", diz.
TROCA DE EXPERIÊNCIAS - Quase 2 mil alunos do SESI e do SENAI de 31 cidades brasileiras participam do programa em 2014. Em cada uma delas, o calendário das aulas presenciais é diferente. Para a etapa presencial, cerca de 200 americanos virão ao país. Eles são estudantes de seis universidades americanas e buscam, principalmente, conhecer melhor a cultura brasileira.
“Os monitores desenvolvem autoconfiança para toda a vida e uma visão mais ampla do mundo. Além disso, aprendem sobre a cultura brasileira. Essa experiência altera a forma como eles se veem e, por consequência, as demais relações”, afirma a diretora do Conexão Mundo pela ONG US-Brazil Connect, Meg Barritt.
São justamente esses pontos que o monitor Jonathan Griffs, 22 anos, ressalta. Ele, que é chef de cozinha e trabalha numa vinícula nos Estados Unidos, participa pelo segundo ano consecutivo do Conexão Mundo. No ano passado, trabalhou com estudantes de Macaé, no Rio de Janeiro. “Adoro viajar e amo escrever. Decidi participar do programa para fazer amigos. O mais legal é que ensino muito a eles, mas eu aprendo ainda mais. É uma troca enorme”, reforça.
Monitores e alunos durante a abertura da etapa presencial em Brasília
CARREIRA PROFISSIONAL – A prima de Gabriela, que também estuda no SESI, está no 2º ano do ensino médio. Álefe Lacerda Santos, 15 anos, ainda não sabe que carreira seguir no futuro. Está indecisa entre engenharia mecatrônica e estatística. “Além de pesar no meu currículo, o inglês vai abrir portas para que eu possa trabalhar no exterior. Pretendo atuar com sistemas e robôs lá fora”, diz Álefe, ao lado da mãe e da monitora, Lolly Lee Luegge. Segundo a estudante, a convivência com os americanos faz toda a diferença. Ouça clicando aqui.
Para a mãe de Álefe, Lílian Lacerda Santos, a evolução no inglês da filha é notável. “Ela fez curso de inglês quando pequena, mas hoje percebo que a proximidade com os americanos proporcionou um salto absurdo no aprendizado dela”, conta.
Álefe e sua mãe, com a monitora americana Lolly (ao centro)
O PROGRAMA - Além de utilizar as redes sociais para ensinar o inglês, o diferencial do Conexão Mundo é o intercâmbio promovido no fim do ano com os estudantes que mais se destacam durante as aulas. Em 2014, cerca de 100 alunos do programa serão selecionados para viajar para os Estados Unidos durante duas semanas, com tudo pago, para visitar escolas, museus, faculdades e ter contato com profissionais que poderão ajudá-los na difícil decisão que é escolher uma profissão.
Em sua terceira edição, o programa foi criado em 2012. No primeiro ano, atendeu 200 estudantes de Salvador (BA). Em 2013, foi estendido a 800 participantes de sete cidades.
Para participar do Conexão Mundo, é preciso estar matriculado em escolas do SESI ou do SENAI que integram o programa ou, ainda, de escolas parceiras do SENAI. Além disso, os alunos interessados fazem uma prova para avaliar os conhecimentos de fala, leitura, audição e escrita de inglês.
MULTIMÍDIA - Confira as fotos da cerimônia de recepção aos monitores americanos no DF no Flickr da CNI.
