Estudantes cariocas criam coletor menstrual para mulheres astronautas

Nem pílulas anticoncepcionais nem absorventes. Ao pensar sobre o universo feminino, equipe FrancoDroid, do Liceu Franco-Brasileiro, chama atenção no Festival SESI de Robótica

Mariana e Daniel: "as mulheres não terão de usar pílulas para impedir o ciclo menstrual em missões espaciais"

12 de abril de 1961. Há 58 anos o primeiro ser humano viajou para o espaço. A missão do soviético Yuri Gagarin, que durou pouco menos de duas horas, foi dar uma volta completa, em órbita, ao redor da Terra. De lá pra cá, cerca de 550 astronautas de 38 países já foram ao espaço. E apenas 10% deles eram mulheres.

O número intrigou um grupo de estudantes do Liceu Franco-Brasileiro, colégio do Rio de Janeiro. Eles aproveitaram o tema desta temporada do Torneio SESI de Robótica FIRST LEGO League, Em Órbita, para pensar uma questão natural do mundo feminino: a menstruação. Ela sofre algum tipo de alteração no espaço? A resposta encontrada foi: não. O ciclo menstrual da mulher é idêntico aqui na Terra, na Lua ou em qualquer canto do espaço sideral.

"A solução atual mais utilizada para as mulheres astronautas são as pílulas anticoncepcionais. São doses de hormônio diárias em missões que duram, em média, três anos. E há muitos efeitos colaterais disso", conta Daniel Santos, 15 anos, estudante do 1º ano do ensino médio e integrante da equipe FrancoDroids, da escola carioca. 

As primeiras mulheres astronautas tinham de levar absorventes para o espaço. "Uma média de 3.600 absorventes em cada missão, sendo que, hoje, as mulheres levam 1.100 pílulas anticoncepcionais", detalha Mariana Araújo, 15 anos, também do 1º ano. "Mas muita mulher não pode tomá-las ou utilizar qualquer outro método, então elas ficam impossibilitadas de se tornarem astronautas", completa.

Em uma missão de três anos, seriam necessários apenas 150 coletores, estimam os estudantes.

Foi aí que os adolescentes criaram o CosmoCup, um coletor menstrual espacial, ou seja, um reservatório pessoal de coleta de sangue menstrual. “Descobrimos um coletor menstrual que já está no mercado há algum tempo e várias mulheres usam e gostam. Só que teria problema, no espaço, por conta da falta de gravidade. Então, quando a mulher fosse fazer sua higiene, esse sangue se dissiparia dentro da aeronave. Então, a gente criou uma película protetora. Quando o sangue entra, não consegue sair”, explica professora e instrutora da equipe, Rosângela Nezi.

Entre os benefícios da solução apresentada estão a praticidade, a inexistência de possíveis efeitos colaterais hormonais pelo uso de pílulas que impedem o ciclo menstrual e o fato de ser mais higiênico que absorventes. Em uma missão de três anos, seriam necessários apenas 150 coletores, estimam os estudantes.

CAMPEÕES NA ETAPA REGIONAL - A equipe FrancoDroid é formada por oito estudantes - quatro meninas e quatro meninos - todos do primeiro e do segundo ano do ensino médio. Em dezembro, a equipe conseguiu classificação para a etapa nacional no torneio regional realizado em Curitiba, Paraná.  

Os alunos ficaram em primeiro lugar e levaram o prêmio Champion's Award, que contempla os melhores resultados gerais no torneio, em todas as categorias: desafio do robô e projeto de pesquisa. 

Agora, eles sonham com a vaga para participar de um campeonato fora do Brasil. As melhores equipes do Festival SESI de Robótica se classificam para disputas nos Estados Unidos, Austrália, Líbano e Abu Dhabi. A competição nacional, que possui três categorias com provas e avaliações distintas, teve início nesta sexta-feira (15) e segue até domingo (17) no Rio de Janeiro. 

Os cariocas têm a vantagem de competir em casa, mas a disputa está acirrada. São 117 equipes, de todo o Brasil, competindo no Torneio SESI de Robótica FIRST LEGO League, no Torneio SESI FIRST Tech Challenge e no Torneio SESI F1 nas Escolas.

O torneio FLL é uma parceria entre o SESI e a fabricante de brinquedos LEGO. Podem participar estudantes de 9 a 16 anos, de escolas públicas e particulares, de qualquer cidade.

Desde 2013, o SESI é o operador oficial do Torneio SESI de Robótica FIRST LEGO League no Brasil. Nesse período, foram quase 17 mil competidores de mais de 1,7 mil escolas públicas e particulares.

A COMPETIÇÃO - O Torneio SESI de Robótica FIRST LEGO League é um programa internacional de exploração científica, que promove o ensino de ciência, tecnologia, engenharia, artes e matemática no ambiente escolar e contribui para o desenvolvimento de competências e habilidades comportamentais para a vida. A cada ano o torneio estimula o trabalho colaborativo, a criatividade e traz desafios do mundo real para os alunos, em todo o mundo.

No início de 2018, a empresa LEGO, em parceria com o SESI, desafiou estudantes das escolas brasileiras com o tema Em Órbita, para o desenvolvimento de ideias voltadas para as pesquisas espaciais.

Entre outubro e dezembro de 2018, foram realizadas etapas regionais para selecionar as melhores propostas e trabalhos. Os alunos escolhidos participam da etapa nacional até domingo (17). Os melhores colocados garantem vagas em competições internacionais nos Estados Unidos, Austrália, Líbano

“Quando a gente fala de tecnologia, muitas vezes, as pessoas tendem a separar a tecnologia das outras áreas do conhecimento. Não. [A tecnologia] está inserida em todas as áreas do conhecimento. A questão do desenvolvimento ficou bastante importante. E a gente tem essa felicidade de ser sede dessa atividade aqui, no Rio de Janeiro. É muito importante para nossas escolas”, ressalta o gerente de Educação Básica do SESI-RJ, Giovani Lima.

Desde 2013, o SESI é o operador oficial do Torneio SESI de Robótica First LEGO League, no Brasil. Nesse período, foram quase 17 mil competidores de mais de 1,7 mil escolas públicas e particulares. Neste ano, o evento o SESI promove o Festival SESI de Robótica que, além da FLL, conta com outras duas competições: o Torneio SESI de Robótica FIRST Tech Challenge e o Torneio SESI F1 nas Escolas.

Atualmente, todas as escolas do SESI de ensino fundamental e médio, de todo o Brasil, contam com o programa no currículo, independentemente da participação no torneio.

REDES SOCIAIS - Acompanhe a cobertura completa do Festival aqui na Agência CNI de Notícias e nos perfis do Torneio no Instagram e Facebook. Todas as fotos estão no Flickr da CNI.

SAIBA MAIS - Quer saber tudo sobre as competições? Acesse o site do Festival de Robótica.

FESTIVAL SESI DE ROBÓTICA
Quando: 15 a 17 de março 
Aberto ao público apenas nos dias 16 e 17
Horário de visitação: 16/03 - sábado:
9h às 18h / 17/03 - domingo: 9h às 16h
Onde: Pier Mauá - Rio de Janeiro
ENTRADA GRATUITA

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