“Estude o que quiser e como quiser, mas estude” - Adriana Barufaldi
O conselho da gestora do Programa SENAI de Ações Inclusivas (PSAI), Adriana Barufaldi, vale para todo jovem e adulto que deseja crescer – como pessoa e como profissional. Em um país com 17,3 milhões de brasileiros com alguma deficiência, ou 8,4% da população com dois anos ou mais de idade, criar as condições para esse desenvolvimento deve ser uma prioridade educacional.
É o que o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) tem feito por meio do PSAI há 21 anos. Resultados recentes mostram o sucesso do trabalho junto aos gestores do programa nos estados e das parcerias com organizações governamentais e não governamentais.
Entre 2018 e 2021, o número de matrículas de pessoas com deficiência em cursos da instituição foi de 14.573 para 20.835, um aumento de 43%. Barufaldi explica que o crescimento é proporcional ao esforço contínuo e crescente para ampliar o portfólio de cursos ofertados e tornar as escolas mais acessíveis.
O PSAI oferece diferentes tipos de cursos, que contam com materiais adaptados e todo o suporte necessário para que o processo de aprendizagem seja o melhor possível. Neste Dia de Luta da Pessoa com Deficiência, contamos a história de Gabriela Mesquita, Luana Rezende e Williams Francisco, que, entre os milhares de alunos PcD’s do SENAI, são exemplos da importância da educação na luta das pessoas com deficiência.
Pouca idade, muito potencial
Aos 15 anos, Gabriela Mesquita Brilhante tem diferentes interesses, muitos objetivos e determinação de sobra! Natural de Fortaleza (CE), a adolescente nasceu sem o antebraço esquerdo devido a agenesia transversal de membros superiores.
Dedicada aos estudos, a aluna do 1º ano do novo ensino médio na Escola SESI SENAI da Parangaba escolheu o curso de Desenvolvimento de Sistemas como opção de formação técnica e profissional. “Estou me adaptando a esse novo formato de estudo e estou gostando muito”, afirma.
Suas paixões sempre a guiaram. Além da escola, as atividades físicas sempre fizeram parte da rotina. Recentemente, ela conquistou cinco medalhas na etapa regional das Paralimpíadas Escolares 2022, na modalidade de natação. Fora o esporte, durante seis anos ela se dedicou ao jazz dance, estilo de dança que estimula a criatividade e expressão pessoal.
“São coisas que deixam a gente mais feliz, sabe? No final do dia poder ir dançar, nadar, traz uma felicidade”, declara.
Com tantas habilidades em desenvolvimento, a estudante, atleta e artista tem um futuro cheio de possibilidades, e expressa o desejo de que “as pessoas não olhem para a deficiência, e sim para a essência”.
Pedagoga, administradora e futura proprietária de oficina mecânica
Agitação é uma palavra que descreve bem a vida de Luana Rezende, goiana de 45 anos diagnosticada com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) nível 1. Estudiosa e aficionada por literatura, ela nunca se limitou, e conquistou ao longo dos anos as formações em administração e em pedagogia e concluiu duas pós-graduações, isso sem falar nos diversos cursos profissionalizantes.
“A educação é tudo. A educação comanda cada passo e cada respiração”, expõe.
Nos últimos meses, como mais uma prova de versatilidade, ela tem se dedicado a um novo e diferente projeto: a abertura da própria oficina mecânica. “Essa iniciativa surgiu por conta da desigualdade em relação às mulheres nesse meio. Basta você não ter conhecimento da área que vão tentar te passar a perna. Por isso, criei esse plano de montar uma oficina onde os clientes terão acesso à todas as informações, com total clareza e respeito”, relata.
Para se especializar no ramo, ela faz dois cursos de qualificação do SENAI, o de eletricista automotivo e o de mecânico de manutenção em motocicletas, e fala com determinação sobre o futuro do negócio: “Tudo ainda está na fase inicial, mas estou empenhada e não vou parar. Quero usar todo o conhecimento que tenho para promover o respeito ao ser humano”.
A busca de melhorias por meio da educação profissional
Nunca é tarde para aprender! Foi esse pensamento que motivou Williams Francisco da Silva, de 34 anos, a iniciar este ano a primeira formação profissional. Diagnosticado com deficiência auditiva ainda bebê, o pernambucano enfrentou barreiras comunicacionais desde pequeno, as quais ele contornou para se desenvolver profissional e pessoalmente.
Assim que concluiu o ensino médio, foi rapidamente inserido no mercado de trabalho pela Unilever, multinacional britânica em que trabalha como operador de máquinas desde então. Em abril deste ano, com o objetivo de conquistar novas oportunidades e futuras melhorias, ele se matriculou no curso técnico em mecânica do SENAI. “Eu escolhi esse curso porque quero ter mais experiência para trabalhar futuramente, e também para melhorar a minha vida”, explica.
“Esse curso fornece uma abrangência de conhecimentos, tanto para ouvintes quanto para surdos”, destaca.
Com material didático adaptado e o acompanhamento de um intérprete em sala - que, de acordo com o aluno, traduz os conteúdos de forma clara e objetiva -, Williams segue com as aulas presenciais, o trabalho na fábrica e a criação de duas filhas, e continua quebrando barreiras dia após dia.