A experiência e os aprendizados da alfabetização na pandemia

No Dia Internacional da Alfabetização, celebrado em 8 de setembro, Márcia Braga Marinho, professora há 23 anos, compartilha as adaptações e o que aprendeu com o ensino remoto

Márcia Braga Marinho leciona para o 1º ano da Escola SESI David Nóvoa Alvarez

Base para a aprendizagem ao longo da vida, a alfabetização é um direito de todos, que tem como princípio a interação com o docente e o meio em que o estudante está inserido. Com a pandemia da Covid-19, professores em todo o Brasil migraram para o ensino remoto, e esse desafio foi ainda maior para aqueles cuja missão é ensinar a ler e a escrever.

No Dia Internacional da Alfabetização, celebrado em 8 de setembro, quem compartilha a experiência e os aprendizados do alfabetizador nesse um ano e meio é a professora Márcia Braga Marinho. Ela leciona para o 1º ano da Escola SESI David Nóvoa Alvarez, em Iranduba, região metropolitana de Manaus (AM).


“Muitos foram os desafios durante a pandemia, tivemos que nos reinventar através de uma nova rotina de trabalho, adotando ferramentas de ensino eficazes para melhor atender nossos alunos. Bem como a família, que se tornou a principal mediadora no processo de aprendizagem dos alunos. Observamos que nossos alunos estavam apresentando dificuldades. Portanto, houve a necessidade de implantar atividades de reforço, estabelecendo o incentivo à leitura com a família através do manuseio de livros de contos infantis, tirinhas, reportagem, receita de culinária, gibis, fichas de leituras, dentre outros. Esses tipos de atividades têm como finalidade ampliar e aprimorar o vocabulário e contribuir para o desenvolvimento de um pensamento crítico e reflexivo, pois possibilita o contato com diferentes ideias e experiências. A leitura é um instrumento valioso para a apropriação de conhecimentos relativos ao mundo exterior.”


Segundo Márcia, o professor, que tem certo protagonismo no processo de alfabetização das crianças, passou a contar com o suporte e até mesmo a intermediação - estamos falando de alunos na faixa dos 6 e 7 anos - ainda maior da família e de ferramentas tecnológicas. Antes mesmo da pandemia, as 526 escolas do Serviço Social da Indústria (SESI) já tinham em seu DNA o uso de tecnologias, o que facilitou a migração para o ensino a distância.

Antes mesmo da pandemia, as 526 escolas do SESI já usava tecnologias, o que facilitou a migração para o ensino a distância.

Assim que foram suspensas as aulas presenciais, os docentes dos anos iniciais do ensino fundamental e até mesmo da educação infantil, etapa em que começam a ser construídos os alicerces para a alfabetização e letramento, logo começaram a utilizar as plataformas para o ensino a distância. Entre elas, o Teams, o Google Meet e o Plurall. Até maio deste ano, a rede SESI tinha cerca de 7 mil matrículas na educação infantil e 139 mil no ensino fundamental.


“O professor é o protagonista nesse processo [de alfabetização], promovendo o melhor trabalho, a fim de ensinar da melhor maneira possível para que o aluno possa construir um conhecimento independente. É dessa forma que o aluno irá construir uma boa relação com o meio social. A aprendizagem precisa ser significativa no sentido de ampliação dos conhecimentos acerca da realidade ou contexto pelo qual o indivíduo está inserido, onde os mesmos são incentivados a aprender de acordo com suas necessidades e habilidades cognitivas. Com a pandemia, tudo era muito novo tanto para o professor, quanto para os alunos e suas famílias. Seguimos uma rotina recheada de novas regras e combinados com os alunos. Ensinamos ao manuseio das ferramentas e equipamentos tecnológicos. Acolhendo com muita simpatia e fazendo-os compreender que seria possível sim aprendermos através das telas de forma virtual. Enfim, buscando compreendê-los mediante suas dificuldades, prezando pelo incentivo a melhoria de suas atividades a cada dia no período das aulas remotas. A principal função do professor dentro de sala de aula não é cobrar o conteúdo dado por ele, mas sim ajudar o aluno a compreender de forma significativa, mostrando caminhos para que se chegue ao conhecimento.”


As aulas e atividades práticas precisaram ser adaptadas e, para isso, os professores incentivaram o uso de materiais encontrados em casa. As famílias dos 25 alunos da Márcia enviavam no grupo do Whatsapp os vídeos das apresentações dos alunos, que explicavam o processo de realização dos exercícios. Outros aplicativos e plataformas virtuais foram utilizados para aperfeiçoar o desempenho e a criatividade dos alunos.

As aulas e atividades práticas precisaram ser adaptadas e, para isso, os professores incentivaram o uso de materiais encontrados em casa.

Nesse sentido, a comunicação entre a família e a escola foi essencial para entender cada etapa de aprendizagem dos alunos. O contato virtual foi constante para sanar dúvidas dos pais sobre como eles deveriam acompanhar suas crianças nas atividades em casa.

“Aprendi muito durante esse período, a conhecer novas tecnologias e ferramentas de suporte do professor, em relação ao manuseio e a praticidade dos mesmos. Sabemos que não foi fácil, participamos de treinamentos de forma virtuais para que nossas aulas se tornassem atrativas para os alunos, lembrando que os pais também se tornaram nossos alunos e nós professores protagonistas de trocas de conhecimentos. Algo muito importante que irei levar para minhas aulas presenciais serão as habilidades aprendidas e a expressividade na comunicação e a confiança de que posso ser melhor a cada dia.”

Relacionadas

Leia mais

Alfabetização: além do ler e escrever, uma transformação na vida de alunos do SESI
Alfabetização científica e o desenvolvimento de um país
Dia dos Povos Indígenas: três ações SESI SENAI

Comentários