Ministros falam na FIERGS sobre perspectivas da economia brasileira

"O Brasil é um exemplo de como se enfrenta uma crise financeira internacional sem sacrificar a sociedade"

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, se reuniram com industriais gaúchos nesta terça-feira (30), na sede da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS), em Porto Alegre. Na reunião especial de Diretorias FIERGS/CIERGS, liderada pelo presidente da entidade, Heitor José Müller, foram tratadas as perspectivas da economia brasileira. "O Brasil é um exemplo de como se enfrenta uma crise financeira internacional sem sacrificar a sociedade. Temos políticas fiscal e econômica consistentes, permitindo, por exemplo, o controle da inflação e das contas públicas", afirmou Pimentel. O governador Tarso Genro participou do encontro.

O presidente da FIERGS destacou a preocupação do setor com duas questões: juros e câmbio. "O primeiro ponto é saber se há realmente uma mudança estrutural no nível dos juros, ou se retornaremos aos antigos patamares quando a conjuntura internacional mudar", disse o industrial. Em sua palestra aos empresários, Tombini respondeu que há "uma grande dose de mudança estrutural, mas que novos ciclos econômicos podem interferir". Em relação à política cambial, o presidente do Banco Central afirmou que o atual nível de intervenção do governo é o mais baixo desde 2007. "A estabilidade financeira e os seus reflexos positivos, além de menor ingresso de fluxos de capital de curto prazo, deixa a moeda brasileira num patamar baixo ante o dólar", ressaltou.

Sobre a inflação, salientou que ela está sob controle e se deslocando na direção do centro da meta (4,5% para 2012), ainda que de forma não linear. Falou também que há países com metas de inflação mais alta do que a brasileira e que a do País mantém o mesmo patamar dos outros BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China): "Temos um sistema financeiro forte, sólido, bem capitalizado e com bons níveis de liquidez e provisão, capaz de contribuir de forma efetiva para o avanço sustentável do País."

O crescimento econômico brasileiro, conforme o presidente do Banco Central, está retornando a um ritmo positivo. Ele explicou que essa trajetória se ampara essencialmente em dois conjuntos de fatores: primeiro, na presença de indicadores que dão sustentação à demanda doméstica. "Nos últimos 12 meses foram criados quase 1,4 milhão de novos postos trabalhos e a renda real do trabalhador cresceu 3% e a massa salarial aumentou 5% no mesmo período. Some-se a isso a expansão do crédito por empresas e famílias", disse.

O segundo conjunto de fatores reúne ações cujos efeitos ainda não se manifestaram plenamente. "Desde agosto de 2011, o Banco Central reduziu em 5,25 pontos percentuais a taxa básica de juros da economia e flexibilizou as regras dos recolhimentos compulsórios, melhorando as condições de liquidez do sistema financeiro. Igualmente, as taxas de juros aos tomadores finais e os spreads bancários estão em queda, melhorando as condições de financiamento e refinanciamento das famílias e das empresas", citou Tombini, lembrando que paralelamente há também iniciativas com "vultosos investimentos, tanto públicos quanto privados nos próximos anos".

Crise Mundial − De acordo com Tombini, que tem status de ministro, a perspectiva no cenário internacional continua sendo de baixo crescimento econômico por um período prolongado. Em relação às possíveis interferências da crise econômica enfrentada pela Europa e EUA, explicou que o risco é baixo para o Brasil. "Ainda somos economia relativamente fechada. As exportações brasileiras ficam num patamar de 10% a 12% do Produto Interno Bruto (PIB), um percentual relativamente baixo quando comparado a outros países emergentes", observou.

Relacionadas

Leia mais

Falta de previsibilidade do câmbio afeta competitividade das exportações, diz Robson Braga de Andrade
Brasil não pode depender da taxa de câmbio, diz Roberto Azevêdo
Redução dos juros para 11,25% ao ano é insuficiente para recuperação da economia, diz CNI

Comentários