Brasília – O faturamento da indústria recuou 1,4% em janeiro frente a dezembro, segundo dados com ajustes sazonais. Esse é o segundo mês consecutivo de queda no indicador, que já teve redução de 2% em dezembro sobre novembro, informa a pesquisa Indicadores Industriais, divulgada nesta quinta-feira, 08.03, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, disse serem significativas as duas últimas quedas do faturamento da indústria. “Se o indicador de faturamento não crescer nos próximos meses, a atividade do setor poderá cair”, alertou.

Os Indicadores Industriais mostram que indústria operou, em média, com 81,9% da capacidade instalada (UCI) em janeiro. Isso representa um crescimento de 0,6% na comparação com dezembro, de acordo com dados dessazonalizados. Revela a pesquisa que mesmo sendo o quarto mês consecutivo de alta na UCI, o indicador está um ponto percentual abaixo do registrado em janeiro de 2011.

Já as horas trabalhadas, que aumentaram 0,3% em janeiro frente a dezembro, após ajuste sazonal, continuam oscilando entre queda e crescimento desde o primeiro semestre do ano passado. Em relação a janeiro de 2011, o indicador está 0,7% inferior. “Mesmo com a oscilação, esse indicador teve maior tendência à queda em todo o ano passado”, lembrou o economista da CNI Marcelo de Ávila.

O emprego subiu 0,5% em janeiro sobre dezembro, segundo dados com ajustes sazonais. Foi o segundo mês consecutivo de elevação do indicador, que cresceu 0,8% na comparação com janeiro de 2011.

Os salários e o rendimento médio dos trabalhadores da indústria recuaram 10,8% e 10,9%, respectivamente, em janeiro comparativamente a dezembro, pelos dados sem ajustes sazonais. Apesar da queda, os salários tiveram a menor redução para meses de janeiro desde 2007.

Na comparação com janeiro de 2011, a massa salarial cresceu 9,7% e o rendimento médio teve elevação de 8,8%. “A queda de janeiro é normal após forte crescimento de dezembro, quando são realizados pagamentos que não ocorrem ao longo do ano, como 13º salário e participação nos lucros”, explicou Castelo Branco.

Moderado – Para os próximos meses, o economista-chefe da CNI declarou esperar retomada de crescimento moderado da atividade industrial. “As decisões tomadas pelo governo em 2011 de desoneração tributária para alguns setores e a retomada da trajetória de redução dos juros devem surtir efeito ainda no primeiro semestre de 2012”, destacou.

Segundo Castelo Branco, o cenário internacional também pode contribuir positivamente. “Soma-se a isso uma melhora no cenário mundial a partir de ajustes na política fiscal da Grécia e de o Banco Central Europeu atuar mais ativamente na economia do continente”, concluiu.