Bioeconomia garante produtividade no agronegócio e segurança alimentar para o Brasil

Problemas como falta de investimentos, políticas públicas e, até mesmo, desconhecimento de produtores impedem Brasil de aproveitar melhor seu enorme potencial de produzir biomassa e produtos biotecnológicos

A bioeconomia no agronegócio tem relação estreita com a produtividade e a segurança alimentar, mas o Brasil não consegue usar sua biodiversidade por falta de investimentos, políticas públicas e, até mesmo, por desconhecimento do produtor. Essa foi a avaliação do presidente regional da Novozyme Latin America, Pedro Luiz Fernandes, durante a terceira rodada de debates do 2º de Fórum de Bioeconomia, evento promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em São Paulo (SP) nesta quinta (10). 

No painel “A contribuição da bioeconomia para o agronegócio”, Fernandes lembrou que a União Europeia traçou como diretriz, até 2030, desenvolver a bioeconomia e reduzir drasticamente sua dependência da economia fóssil. Segundo ele, 48 empresas europeias, entre elas a Novozyme, vão investir € 2,8 bilhões numa parceria público-privada com a Comunidade Europeia, que empregará outro € 1 bilhão em pequenas e médias empresas. A ideia é que essas empresas desenvolvam produtos biotecnológicos usados no cotidiano dos europeus. “Não quero discutir se PPP funciona ou não no Brasil, mas por que não fazemos algo semelhante para desenvolver a bioeconomia?”, defendeu o presidente da Novozyme.

Pedro Luiz Fernandes, Decio Zylbersztan e Maurício Lopes

Com um tom bem mais nacionalista, o presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Maurício Lopes, afirmou que não há no mundo país com a capacidade brasileira de produzir biomassa. “O Brasil tem a logística pronta. Os Estados Unidos tentaram e não conseguiram aproveitar a biomassa como nós fazemos", pontuou. 

Lopes só fez uma ressalva no seu tom patriótico. Depois de uma temporada na Coreia do Sul, onde há centenas de think tanksplanejando e desenvolvendo novas tecnologias, percebeu que no Brasil falta um sistema de inteligência para pensar o futuro. “Já demos grandes saltos. Transformamos nosso solo árido em solo fértil, trouxemos o boi da Índia e transformamos em nelore, importamos a soja da China e a adaptamos em tempo recorde. O Brasil vem fazendo o esforço de transformar a ciência em política pública”, garantiu, para uma plateia de 300 especialistas e empresários. 

Professor e pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), Decio Zylbersztajn destacou a falta de capacidade de gestão, além do que chamou de “subinvestimento público”, como um dos nós no agronegócio. “Não há tecnologia capaz de superar um governo que interfira tanto na economia”, afirmou Zylbersztajn.

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