Flores brasileiras banhadas a ouro conquistam a Europa

Com a ajuda da CNI, a empresa Cerra D'Ouro passou a exportar biojoias para Portugal, Itália, Reino Unido e França

O Brasil possui inúmeras riquezas naturais e dentre elas, a enorme variedade de plantas. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem cerca de 46.000 espécies diferentes no território brasileiro. As orquídeas, os girassóis e os lírios são algumas das belezas naturais que encontramos por aqui. E, como diz o ditado popular "tudo que é bonito merece ser mostrado", Euler Vilaça Lima, 56 anos, e Claudia Santana Lagoa Fortuna Lima, 56 anos, decidiram eternizá-las pelo mundo. Eles criaram uma marca de joias. Mas não são joias comuns. São flores banhadas a ouro.

Há 6 anos, o casal que mora em Lagoa Santa, na região metropolitana de Belo Horizonte, percebeu a possibilidade de misturar metais como ouro, com elementos da flora brasileira e criar peças inéditas com a cara da cidade. Mas como levar o negócio adiante e internacionalizar esse produto?

"Nós fazíamos parte do Projeto Identidade do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) na época. Lá tivemos o desafio de criar um produto com características mineiras, visando a exportação. Como meu marido é biólogo, nós pesquisamos e desenvolvemos essas joias ecológicas. Escolhemos flores, frutas e pedras aqui da região", conta Claudia, que foi procurada por uma investidora, ainda no curso, para levar o projeto adiante. 

Enquanto Euler pesquisa flores para combinar com os metais, Cláudia e Gabriela cuidam do design das peças

Após nove meses de imersão oferecidos pela parceria, com os negócios consolidados, nasceu a empresa Cerra D'Ouro Jóias. Deu Certo! 

Em seguida, os empreendedores começaram a participar de feiras como a Minas Trend - realizada pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) - e ingressaram no mercado de trabalho. Era um sucesso! A filha Gabriela Santana Vilaça Lima, 25 anos, decidiu entrar também nos negócios da família e, hoje, atua no designer das peças.

"Euler pesquisa as plantas que podemos utilizar na produção das peças. Usamos bastante as Orquídeas porque todos gostam de dar e receber essa flor, né? É uma flor nobre em todo Brasil. Nós metalizamos as plantas, damos um banho de ouro para eternizar o formato original delas", explica a empreendedora sobre o processo de criação das biojoias.

A empresa fez questão de representar a flora brasileira no stand montado na França

Ela conta ainda que tem a capacidade de produzir mil peças por mês graças a terceirização que aprendeu nos cursos, mas por ser um trabalho artesanal, preferem reduzir a produção para tratar cada peça com o devido cuidado.

Essas correrias para cá e encomendas para lá fizeram o trio perceber a necessidade de mais conhecimento empresarial. 

EXPORTAR - Em 2015, a Cerra D'Ouro conheceu a Confederação Nacional da Indústria (CNI) por meio do evento Portugal - Porta de Entrada para União Europeia.

"A gente participou de diversos projetos e todos foram bastante importantes. Um deles foi a qualificação com foco em aumentar a produção. Nós fazíamos tudo sozinhos e lá aprendemos como acelerar os processos por meio da terceirização de etapas. Todo conhecimento foi fundamental. Imagina só você sair de uma feirinha sem muito conhecimento em exportação e de repente está na Tranoi, em Paris", explica Claudia. 

Foi por meio da feira Minas Trend, onde conheceram o projeto Comprador Internacional e fizeram amizades, que começaram com a venda de algumas peças para o Reino Unido. E não pararam por aí. Com a ajuda do ATA Carnet - passaporte internacional que permite a exportação e a importação temporária de bens para mais de 75 países - a empresa conseguiu também negociar com uma compradora italiana em 2018 e expor os produtos em parceria com a Senato 13, na Itália. 

Além disso, como Claudia citou anteriormente, eles foram convidados pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT) para participar da feira Tranoi, na França. O evento é conhecido, principalmente, por ser uma plataforma de lançamento de novos estilistas para o mercado internacional nos segmentos de vestuário feminino, joias e demais acessórios. 

Com sucesso atrás de sucesso, a empresa vem realizando ações estruturantes e de reposicionamento da marca no mercado nacional e internacional. Atualmente, a Cerra D'Ouro exporta as joias ecológicas para Portugal, Reino Unido, França e Milão. No currículo, a empresa traz prêmios como o Selo SPFWAMA, do São Paulo Fashion Week, maior evento de moda do Brasil, e se destaca em grandes revistas de moda internacionais como a Vogue

A empresa sustentável recebeu prêmios como o selo SPFWAMA, do São Paulo Fashion Week

FUTURO - A família foi convidada para a Coterie NY - feira norte-americana de moda feminina e de acessórios - porém decidiu buscar mais qualificação. "Queremos conhecer melhor o público-alvo para nos relacionarmos com os compradores internacionais e sermos mais acertivos quanto ao design. Ainda somos bem iniciantes para o mercado", conta Euler. 

Ele conta ainda que Gabriela estará em um curso de capacitação internacional no circuito de Moda Paris, promovido pelo Centro Internacional de Negócios da FIEMG, do dia 25 ao 29 de novembro. Lá será oferecido um curso em uma escola de moda renomada em Paris, que abordará temas como Design, Tendências, Inspiração, Internacionalização, Comportamento de Consumo e Inovação nos Negócios da Moda. 

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