Técnicos da Confederação Nacional da Indústria (CNI), da Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG) e do Sebrae realizam monitoramento do Programa de Apoio à Competitividade das Micro e Pequenas Indústrias (Procompi) em Minas Gerais, estado com o maior número de empresas beneficiadas pelo Procompi em todo o Brasil.
O investimento de R$ 2,2 milhões atende a um total de 291 micro e pequenas indústrias mineiras, o equivalente a 13% de todas as 2230 empresas do programa no Brasil. Entre as ações realizadas, consultorias para reduzir custos, aumentar a eficiência no fornecimento energético, melhorar a produtividade e as vendas. Dados preliminares revelam que houve um salto de faturamento de 74% em empresas de metalmecânico em Itajubá.
Na visita técnica, os profissionais da CNI e Sebrae vão observar aspectos positivos do Procompi em MG que podem ser replicados ou adaptados às realidades de outros estados. Na avaliação da Coordenação Geral do programa, parte dos bons resultados mineiros podem ser explicados pelo trabalho coordenado entre a CNI, Sebrae e Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG). “A integração entre os diversos atores envolvidos no processo de mobilização e o engajamento dos participantes faz toda a diferença para superarmos a meta estabelecida”, comentou Valentine Braga, representante da CNI na Coordenação Geral do Procompi.
Em MG, o Procompi já realizou 80% das ações previstas em nove setores industriais: alimentos e bebidas; metalomecânico; têxtil e confecções; reparação de veículos; construção civil; eletroeletrônico; tecnologia da informação, cerâmica e pirotecnia.
Na lista das empresas a serem visitadas, está a Bluepoint, especializada em de tecnologia da informação. “Como somos uma microempresa, não teríamos condições de arcar por conta própria com o custo de uma consultoria desse porte. O trabalho foi excelente”, avaliou Pedro Henrique de Barros, sócio da empresa. A redução do índice de inadimplência em mais de 75% foi apontada como o maior ganho imediato do Procompi para a empresa. “Criamos mecanismos para sinalizar aos clientes que eles estavam devendo e implementamos processos para evitar que a inadimplência volte a crescer”, comentou Pedro Henrique.
Para o sócio da Bluepoint, o programa provocou uma mudança na cultura da empresa. “Todos os funcionários foram envolvidos e percebi que o engajamento deles com o negócio melhorou”, afirmou Pedro. Os colaboradores assumiram a liderança de projetos relacionados aos módulos de consultoria dos quais participaram. Como resultado concreto a Bluepoint vai ganhar um novo site desenvolvido pela própria equipe como uma forma de melhorar a estratégia de marketing.
Mais próximo do consumidor - Entre os participantes do programa está Dilermando José da Silva, dono da Cerâmica Paraense. Depois de pouco mais de um ano de consultorias focadas em custos, vendas e energia, ele acredita que está mais competitivo e até prevê contratações para 2020 caso a economia melhore. “Foi um trabalho muito consistente. Depois da consultoria, reorganizei a minha estrutura e criei um setor de vendas que tem funcionado muito bem”, comentou Dilermando.
Antes do Procompi, a Cerâmica Paraense tinha um canal de venda terceirizado que era responsável por 100% das vendas da empresa. Com a criação do setor próprio, houve expansão das vendas em quase 30% e consequentemente redução do estoque. “Todos ganharam. Antes da consultoria, eu tinha 800 mil tijolos em estoque. Atualmente, depois da criação de um canal próprio de vendas, mantenho um estoque 200 mil tijolos, que é uma quantidade suficiente para atender bem os meus clientes”, afirmou. Atualmente, Dilermando emprega 100 funcionários. Com a melhora da economia e a adoção de ações recomendadas pelas consultorias, ele aredita que terá de contratar até 30 colaboradores.
Energia mais barata – Outro participante do Procompi foi Roney Perrupato, dono da Cerâmica Parapuan. “Com o Procompi pude colocar em prática mecanismos de controle, melhorar a gestão financeira, trabalhando com números para tomar decisões de uma forma mais precisa”, comentou. O maior ganho apontado por ele foi a redução de 20% no custo da energia por meio da troca do fornecedor. Ralph atualmente emprega 62 profissionais. Com o Procompi e a entrada em vigor do pacote de medidas Verde e Amarelo anunciado recentemente pelo governo, ele acredita que irá contratar mais de 10 funcionários em 2020.
Vale do Silício de Minas – No sul de Minas, os centros de ensino, escolas técnicas, faculdades, laboratórios e indústrias de Santa Rita do Sapucaí diariamente desenvolvem novas tecnologias. A cidade de 40 mil habitantes, antes um polo agropecuário de café e leite, é hoje o maior Arranjo Produtivo Local (APL) do setor de eletroeletrônico do Brasil, com mais de 150 empresas instaladas, que exportam produtos para 41 países. Entre seus produtos estão softwares, placas, baterias, conversores e equipamentos para a indústria de energia eólica e fotovoltaica.
Após as consultorias do Procompi, os participantes selecionaram 10 novos produtos prontos para o mercado, criaram um canal de vendas direto com o consumidor final e reduziram a dependência de intermediários. Como resultado, o volume de negócios cresceu em 64%, o faturamento em 56% e 85 postos de trabalho foram abertos, um crescimento de 36%. A decisão de se voltar para o consumidor final demandou das indústrias entendimento e adaptações em seus processos. As participantes tiveram que rever seu fluxo de produção: atenção para perdas, foco em redução de custos e maior controle da produção e das horas empregadas pelas equipes. Foi desenvolvida uma nova cultura de eficiência.
No segundo dia da missão técnica da Coordenação Nacional do Procompi em Minas Gerais, foi realizada uma rodada de negócios entre produtores de cachaça e grandes compradores. A equipe técnica também visitou a oficina mecânica Carrera, uma das beneficiadas pelo programa. Na avaliação do proprietário, o trabalho realizado permite que as empresas identifiquem gargalos e melhorem a sua performance.
“O Procompi foi excelente para a nossa empresa. Um olhar de fora muitas vezes ajuda a gente a perceber detalhes que os não notamos no dia a dia e fazem a diferença para melhorar a produtividade, reduzir desperdícios e nos adequarmos as melhores práticas”, comentou Carlos Ramon de Melo, proprietário da oficina Carrera há 37 anos, empresa com 26 funcionários. “Espero que a economia melhore, o volume de serviços aumente para a gente poder contratar mais funcionários e voltar bater 33 colaboradores como já tivemos antes da crise”, comentou.