Somar, subtrair, multiplicar e dividir são contas que fazemos diariamente e, por isso, são os primeiros ensinamentos na escola. A atração pelos cálculos levou José Nazaré Rodrigues Barros Junior, 39 anos, a iniciar a carreira na docência com o curso de Matemática.
Graças a ela, Junior ingressou como estagiário no Serviço Social da Indústria (SESI), em 2006. Anos depois, tornou-se professor de Tecnologias Educacionais e técnico de equipes bastante premiadas em competições nacionais e internacionais de robótica.
Tudo começou no ensino fundamental, quando José Junior já mostrava facilidade com os números ao ajudar os colegas de classe. Com o passar do tempo, o gosto pela área só aumentou. “No ensino médio a minha relação com a Matemática se intensificou depois que li o livro ‘O homem que calculava’, da Malba Tahan. Ele traz uma série de desafios lógico/matemáticos. É muito interessante”, conta.
Ele concluiu o ensino médio em 2000, mas só entrou na universidade em 2006, após conseguir uma bolsa no Programa Universidade para Todos (ProUni). Foi aí que começaram grandes mudanças: ele deixou a cidade natal, Tocantinópolis (TO), para viver em Goiás. No mesmo ano, conquistou uma vaga de estagiário no SESI em Aparecida de Goiânia, município a 20 km da capital de Goiás, onde teve os seus primeiros contatos com a robótica.
Ele lembra que os equipamentos de robótica presentes na escola não eram utilizados com frequência. Foi naquele ano que a rede SESI passou a adotar metodologia em todo o Brasil, em parceria com a organização americana FIRST e a LEGO. Ele aproveitou a deixa para propor projetos inovadores na área, com a finalidade de mostrar que aquilo poderia apresentar resultados positivos no ensino.
Em 2008, Junior começou a atuar como professor de Matemática no SESI Canaã, em Goiânia. Sem saber da existência de torneios de robótica, por iniciativa própria, ele começou a estudar e a ensinar robótica, sem imaginar que criaria a única equipe preparada para representar o estado no 1º Torneio Nacional SESI de Robótica, na temporada 2012/2013.
“A primeira equipe tinha 4 pessoas e não sabia da existência das competições, apenas estudava robótica por curiosidade mesmo. Em Goiás, éramos a única equipe já pronta para os torneios mesmo sem saber que eles iam acontecer. No primeiro ano de torneio, a equipe cresceu e nós participamos com duas equipes dentro do torneio regional do Centro-Oeste”, relata o professor que, de cara, conquistou o 2º lugar geral na disputa, o 1ºlugar na categoria Gracious Professionalism e, ainda, um troféu de melhor técnico na competição.
Os primeiros prêmios serviram de pontapé inicial, pois a partir daí José Junior conseguiu implantar novos métodos de ensino nas aulas que funcionam até hoje. “Convenci a escola a comprar kits de robótica mais inovadores, porque poderíamos colher bons frutos com isso”, conta.
RESULTADOS – Atualmente como professor de Tecnologias Educacionais, ele ensina sobre a criação de robôs, softwares e aplicativos. Além disso, também é técnico de três equipes do estado de Goiás – SESI Canaã Robots, Life SESI Canaã e Geartech Canaã – e treina jovens para as competições da FIRST em parceria com o SESI e para a Olimpíada Brasileira de Robótica, organizada pelas universidades federais.
“Hoje nós já temos na nossa bagagem duas viagens aos Estados Unidos. Também temos títulos nacionais e internacionais, tanto de 2017 na NASA quanto agora de Houston. Hoje a equipe tem cerca de 25 alunos, trabalha de segunda a sábado e obtemos diariamente resultados fantásticos. Participamos de três a quatro torneios dependendo da época do ano”, explica o professor.
Na escola o sucesso é tanto que o professor é solicitado para contribuir com sua criatividade na elaboração de projetos que engradecem a unidade. “Todas as áreas da escola têm buscado a gente para ajudar de alguma forma. Por exemplo, nós lançamos agora em junho– quando falo nós eu quero dizer eu, a equipe de robótica e os outros professores – o projeto sala de aula invertida, que se assemelha ao método que usamos nos treinamentos de Robótica, nos quais os alunos são os protagonistas”, explica José.
Ele afirma que, devido a sua proatividade, iria pesquisar e desenvolver projetos diferentes em qualquer que fosse a área de atuação, mas se surpreendeu bastante quando conheceu a robótica.
"De imediato, superou todas as minhas expectativas enquanto professor. Tanto do que eu poderia fazer e aprender quanto do que eu poderia alcançar. Nunca imaginei que a gente pudesse chegar tão longe. Já são seis anos de trabalho em três categorias diferentes da robótica e o aprendizado é cada dia maior", conta o professor.
Apaixonado pelo que faz, Junior também deu um jeitinho de misturar o hobbie com o trabalho. Neste mês de julho, ele organizou uma colônia de férias de robótica com o tema futebol, no SESI Canaã, em que os alunos desenvolveram robôs para disputar as partidas. O prêmio é a classificação para a próxima fase do processo seletivo para entrar em uma das equipes que representa a escola nas competições.
FUTURO – A partir da experiência deste ano em Houston, no Campeonato Mundial de Robótica, novos planos surgiram e a meta agora é alcançar a FIRST Robotics Competition (FRC) - uma disputa totalmente voltada para Engenharia e que envolve alunos do ensino médio e superior. Nela, os jovens são desafiados a construir e programar robôs industriais de até 56 kg e ultrapassar um metro de altura.
“Demanda um trabalho muito maior da equipe, mas nós queremos ir para essa categoria porque quanto maior o desafio, mais conhecimentos nós conseguimos adquirir. A nossa curiosidade nos permite aprender cada vez mais”, conta Junior, que estimula o trabalho em equipe e a competição amigável entre os alunos.
Construir uma família e o próprio negócio na área de exatas também são alguns dos planos a longo prazo do professor de Matemática. Ele diz que não se imagina trabalhando em algo diferente e pretende continuar inovando na robótica. No tempo livre, ir ao cinema e jogar futebol são algumas das atividades que mais gosta de praticar.
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