O que muda no Novo Ensino Médio?

Reforma estabelece mudança na carga horária e formação por áreas de conhecimento para o aluno escolher se aprofundar. Formação técnica e profissional é avanço

Quando se fala em ensino médio, quais lembranças vêm à mente? Muitas matérias e provas, conteúdos que não dialogavam com a realidade, uma cobrança por boas notas e a necessidade de decisões de vida e de carreira para as quais ainda não se sentia preparado?

“Antes, eu estudava para passar e não me importava muito com o aprendizado. Lembro de uma professora que me marcou muito, porque ela dizia que a prova não definia a gente. A gente tinha que estudar para aprender e agregar conhecimento na nossa vida”, recorda a aluna Laura Lima Siqueira, 18 anos.

A chave virou em 2018, quando a estudante entrou no projeto piloto do Novo Ensino Médio do Serviço Social da Indústria (SESI) de Feira de Santana (BA). Em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), o SESI foi o primeiro, no Brasil, a implementar as mudanças previstas na Lei 13.415/2017.

Uma aprendizagem focada na formação de cidadãos e no desenvolvimento de competências e habilidades, com disciplinas integradas em quatro áreas do conhecimento, é a grande transformação que a reforma pretende promover em sala de aula e nos estudantes. 

As redes de ensino pública e privada têm até 2022 para começar a implementar o modelo. Um processo que exige coordenação e sensibilização de toda a comunidade escolar.

Nos três anos do ensino médio, até 1.800 horas são dedicadas à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento normativo que garante as aprendizagens essenciais à formação para todos; e no mínimo 1.200 horas aos itinerários formativos, de escolha do aluno - 60% para BNCC e 40% no projeto piloto do SESI e SENAI.

Veja como funciona o Novo Ensino Médio:

Foram muitas as justificativas para reformular a última etapa da educação básica: um ensino de baixa qualidade, generalista, com número excessivo de disciplinas, alto índice de evasão e de reprovação e distante das necessidades dos estudantes e dos problemas do mundo contemporâneo.

“Os milhares de jovens que não ingressam no ensino superior quando terminam a escola precisam entrar no mercado de trabalho. Ou porque já querem seguir uma carreira ou porque precisam juntar dinheiro para pagar a faculdade. Mas eles não têm as competências necessárias para exercer uma profissão. Com a formação profissional e técnica prevista no itinerário, conseguimos dar oportunidade para esses estudantes”, defende o diretor-geral do SENAI e diretor-superintendente do SESI, Rafael Lucchesi.

A lei estabelece a BNCC e os itinerários formativos, formados por quatro áreas de conhecimento - Linguagens e suas Tecnologias; Matemática e suas Tecnologias; Ciências da Natureza e suas Tecnologias; e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. E acrescenta um quinto itinerário, de Formação Técnica e Profissional (FTP).

Autonomia para escolher Itinerários

São cinco itinerários que correspondem às quatro áreas de conhecimento e à formação técnica e profissional

O estudante pode escolher um dos cinco itinerários formativos ofertados pela escola, que terá, no mínimo, 1.200 horas ao longo dos três anos. Além disso, ele recebe até 1.800 horas de formação geral, prevista na BNCC, totalizando 3.000 horas.

Na rede SESI, que já tem tradição com a Metodologia STEAM – sigla para Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes/Design e Matemática – são contemplados três itinerários:

A Formação Técnica e Profissional é oferecida em parceria com o SENAI

Cada Departamento Regional (DR) tem autonomia para oferecer o itinerário e os cursos técnicos de acordo com a realidade local. Na terceira reportagem do especial, mostramos como a rede SESI ampliou a oferta do Novo Ensino Médio e qual o alcance hoje.

Essa é uma etapa decisiva, não só pela escolha de que curso ou profissão seguir, mas pela formação pessoal. Uma fase de dúvidas, descobertas e mudanças, que vem carregada de expectativas de si mesmo, dos colegas, pais e professores.

A escola deve ser um ambiente acolhedor, que fomenta questionamentos e o autoconhecimento e favorece escolhas, permitindo que o estudante vivencie todas as áreas, mas tenha foco e esteja preparado para o futuro.

E é sobre esse poder de transformação que os próprios estudantes, pais e docentes vão falar na segunda matéria do especoal: Os aprendizados de quem passou pela experiência pioneira do Novo Ensino Médio

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