Sede do 14º Encontro da Rede de Desenvolvimento Associativo, a Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA) tem se engajado cada vez mais na promoção do associativismo para fortalecer os sindicatos empresariais do estado. O presidente da entidade, José Conrado Azevedo Santos, concedeu a seguinte entrevista ao Portal da Indústria:
Portal da Indústria – O Programa de Desenvolvimento Associativo (PDA) visa fortalecer o Sistema de Representação da Indústria por meio da promoção de iniciativas voltadas a sindicatos e empresas industriais. O senhor acredita que a participação no PDA favorece o relacionamento da FIEPA com sua base sindical? Como?
José Conrado Azevedo Santos – Ao fortalecer e estimular o associativismo, a grande premissa do PDA, a Confederação Nacional da Indústria, juntamente com as federações, permite que os sindicatos consigam um maior número de associados, aumentando assim a sua base de representação. Quando um sindicato é mais plural e coeso, torna-se mais capaz de defender os interesses daqueles a quem representa. Por isso, desde 2007, o Programa desenvolve ações pensando na maior qualificação dos sindicatos e no fortalecimento desta importante estrutura de defesa de interesses. Quando um sindicato é mais profissional, consegue repassar suas demandas de maneira mais clara e objetiva à Federação, permitindo que, juntos, sindicatos e federação trabalhem para um mesmo objetivo: a criação de um ambiente mais favorável à geração de novos negócios.
Portal da Indústria – Para que as iniciativas do PDA atinjam os objetivos desejados, é essencial o comprometimento das federações de indústria, responsáveis por sua execução nos estados. Nesse sentido, como o senhor avalia a evolução da FIEPA desde que começou a realizar o Programa?
José Conrado Azevedo Santos – Desenvolvemos as ações do PDA há sete anos. Ao longo deste período, foi possível notar um amadurecimento dessas instituições, que estão na base de representação do sistema sindical. Ainda é preciso caminhar muito, mas a satisfação é que estamos no caminho certo. Desde o começo do Programa aqui no Pará, atendemos os 40 sindicatos que fazem parte da base de representação do Sistema FIEPA. Entre as ações executadas aqui no estado, reestruturamos desde equipamentos eletrônicos, doando computadores, impressoras e aparelhos data-show, até a gestão sindical, desenvolvendo planejamentos estratégicos para as unidades sindicais. Em paralelo a estas ações, realizamos e continuamos promovendo cursos e palestras de capacitação, não somente na capital, mas em municípios estratégicos onde o crescimento industrial é mais dinâmico. Neste ano, por exemplo, além de Belém, desenvolvemos cursos em Marabá e Castanhal.
Portal da Indústria – Uma das iniciativas do PDA que têm gerado repercussão positiva é o Intercâmbio de Lideranças Setoriais, que reúne presidentes sindicais de um mesmo setor, oriundos de todos os estados, para trocar experiências. A FIEPA indicou presidentes sindicais para representar o estado nos intercâmbios dos setores de vestuário, cerâmica e madeira. Na sua opinião, como esse tipo de iniciativa pode beneficiar os sindicatos envolvidos?
José Conrado Azevedo Santos – O intercâmbio de lideranças setoriais é outra excelente ferramenta voltada ao fortalecimento sindical. Nesses casos, os presidentes e representantes dos sindicatos daqui podem conhecer o modelo de atuação dos sindicatos de outras regiões, entendendo e trazendo para cá aquilo que vem dando certo, além, é claro, de aprender com os problemas que já foram enfrentados por outras regiões. É óbvio que existem peculiaridades regionais. No entanto, os problemas e as soluções para destravar e fazer com que a indústria avance acabam sendo o mesmo em todo o Brasil. Com as experiências de fora, somos capazes de nos desenvolver mais rapidamente, dando maior previsibilidade ao nosso planejamento.
Portal da Indústria – Além da participação no PDA, o senhor poderia elencar outras ações ou projetos futuros da FIEPA que contribuem diretamente para a promoção do associativismo?
José Conrado Azevedo Santos – A cartela de soluções apresentadas pelas instituições que integram o Sistema FIEPA (SESI, SENAI e IEL) é um dos grandes ativos nesta relação de promoção ao associativismo. Percebemos que, quando as indústrias conhecem as ações, projetos e programas desenvolvidos pelo Sistema FIEPA, se interessam mais e fazer parte da base sindical.
Claro que, aqui no Pará, temos que lidar com a dificuldade da extensão territorial e do custo que isso acaba trazendo para o Sistema. Levar nossas ações aos municípios do sul do Pará, por exemplo, demanda maior tempo e recursos, diferentemente de outros estados, menores territorialmente, cujos municípios estão mais próximos. Aqui é preciso enfrentar longas distâncias para fazer chegar as nossas soluções voltadas ao fortalecimento industrial. Por isso, estados como o Pará e o Amazonas precisam contar com a CNI para nos amparar e dar condições de levarmos a promoção sindical para todos os cantos. Este é um grande desafio para a Federação. Ainda é preciso trazer muitas indústrias para a nossa base sindical. De acordo com levantamento do Guia Industrial do Pará, 80% das empresas industriais do estado ainda não integram nossa base sindical. O maior entrave para trazê-las para o nosso lado são as distâncias. Enfim, nossa meta é bastante audaciosa, mas temos certeza de que, com o apoio da CNI, vamos fortalecer o associativismo no Pará e, consequentemente, a indústria local.