Com a conquista do primeiro lugar em número de medalhas na WorldSkills Competition em 2015, a maior competição de educação profissional do mundo, o modelo SENAI de educação profissional estará agora na Rússia e nos Emirados Árabes. Os dois países querem melhorar o nível dos seus instrutores, competidores e aperfeiçoar seus modelos de educação profissional a partir da expertise do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), explica o gerente-executivo de relações internacionais do SENAI, Frederico Lamego, em entrevista à Agência CNI de Notícias. A agenda de inovação posta em marcha pelas entidades SENAI, SESI e IEL vem demandando novos parceiros internacionais. Ele ressalta que as novas parcerias possibilitam a modernização de processos, práticas, metodologias e, consequentemente, a oferta de novos serviços e produtos no Brasil e no mundo. Confira:
AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS - O que temos de destaque na agenda internacional de cooperação técnica do SENAI este ano?
FREDERICO LAMEGO - Até novembro, devemos iniciar um projeto com a Rússia para formar instrutores e competidores daquele país. Estamos também negociando projeto de consultoria para as equipes dos Emirados Árabes, país que sediará a próxima edição da WorldSkills Competition. Outra ação que destaco é a implementação de um centro de formação profissional no Haiti, no valor de 17 milhões de dólares, com recursos do fundo de reconstrução do país. Será o 10º centro de formação profissional no exterior, fortalecendo nossa parceria com a Agência Brasileira de Cooperação – ABC. Iremos transferir o modelo SENAI de educação profissional para Angola e Paraguai, esses dois projetos em parceria com a Agência Japonesa de Cooperação (JICA).
AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS - De que forma o SENAI busca conhecimento lá fora para aperfeiçoar a educação profissional brasileira?
FREDERICO LAMEGO - Procuramos pelo mundo identificar referências em educação profissional com ênfase em novas tecnologias educacionais e em inovação tecnológica. Nossos principais parceiros são institutos internacionais de tecnologia, universidades, centros de estudos, organismos de pesquisa e agências de cooperação internacional.
AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS - As parcerias na área internacional contribuem para gerar oportunidades no Brasil?
FREDERICO LAMEGO - Sim. Os benefícios para o país são o acesso a produtos e serviços diferenciados e inovadores que respondem aos desafios da produtividade e da competitividade de nossa indústria. O SENAI vê na cooperação internacional uma ferramenta de desenvolvimento, apta a incrementar o sistema produtivo e a superar obstáculos à competitividade da indústria brasileira. A experiência adquirida pela cooperação internacional nos permitiu compartilhar conhecimento, replicar experiências e apoiar a capacitação e formação de quadros e a estruturação de centros de formação profissional e institutos de tecnologia. Percebemos o ganho para nossa instituição: aumento do valor de nossa marca pela presença internacional; ampliação de nossa capacidade de atendimento a clientes globais; nossa diferenciação perante a concorrentes menos internacionalizados; melhoria de nossa imagem no mercado doméstico; potencialização de nossa capacidade de inovação tecnológica e metodológica; desenvolvimento de nossos quadros; e acesso a fundos internacionais de financiamento.
AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS - Esse intercâmbio de experiências, expertises e conteúdos com outras nações traz que tipo de contribuição para a indústria nacional?
FREDERICO LAMEGO - O trabalho de parceria proporciona a chegada de novas tecnologias, produtos e conhecimentos de ponta para a indústria brasileira, vindos de países como Alemanha, Finlândia, Estados Unidos e Japão que impactam no aperfeiçoamento de processos e metodologias. Trazer esse conhecimento e essas tecnologias é um dos objetivos para atender as demandas de hoje e de amanhã. Estamos antenados com essas tendências internacionais e buscamos as melhores experiências que possam agregar valor à nossa atuação. Além disso, essa rede internacional permite ao SENAI prestar serviços para outros países e para empresas brasileiras que estão se internacionalizando. Elas recebem treinamentos, capacitação técnica, metodológica e gerencial do SENAI, SESI e IEL. As instituições congêneres e governos estrangeiros recebem tecnologia e conhecimento, em projetos que levam as melhores práticas de nossa indústria. Temos como exemplo desse trabalho os nove Centros de Formação Profissional implementados pelo SENAI em países da América Latina, Caribe, África e Oceania.
AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS - Como a atuação internacional do SENAI contribui para o fortalecimento da educação profissional em outros países?
FREDERICO LAMEGO - O SENAI apoia os países parceiros e as instituições congêneres no desenvolvimento de competências técnicas, metodológicas e gerenciais, principalmente por meio do trabalho desenvolvido nos centros de formação profissional. Devido à sua inserção internacional, o SENAI é hoje considerado um dos três atores mais importantes para execução da cooperação internacional brasileira, contribuindo para o desenvolvimento sustentável, educação inclusiva de qualidade.
AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS - Quais ações foram destaque em 2015?
FREDERICO LAMEGO - Em 2015, foram contabilizadas 63 parcerias do SESI, do SENAI e do IEL com instituições do exterior, totalizando 44 projetos de transferência de tecnologia em educação básica, educação profissional, educação e carreira, gestão, inovação e tecnologia e qualidade de vida. Entre essas instituições, estão Massachussetts Institute of Technology (MIT) e o National Instiute for Health and Service - NIOSH , dos EUA, Instituto Fraunhofer, da Alemanha, AHK (Câmara de Comércio da Alemanha) e o Finnish Institute of Occupational Health (FIOH), da Finlândia. Essas experiências no exterior, seja por meio de projetos de cooperação técnica internacional ou prestação de serviços, possibilitam a seu quadro técnico o desenvolvimento de novas expertises e competências interculturais, tão importantes e demandadas no cenário atual altamente globalizado.
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