OCDE diz que método do SENAI é exemplo em países do G20

A metodologia do SENAI permite prever quais serão as tecnologias utilizadas no ambiente de trabalho em um horizonte de 5 a 10 anos.

De acordo com o estudo da OCDE, “o SENAI tem papel central, em parceria com universidades, empresas, centros de ciência e tecnologia e especialistas, em prever as necessidades da indústria por mão de obra qualificada em um período de cinco anos”

O Modelo SENAI de Prospecção, metodologia utilizada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) para prever mudanças nos perfis de carreiras técnicas e desenhar seus cursos, foi apontado em estudo elaborado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) como exemplo de experiência bem sucedida de formação profissional alinhada às necessidades do mercado de trabalho. O documento, divulgado em julho, foi feito a pedido do Grupo de Trabalho sobre Emprego doG20 , que reúne os países com as maiores economias do mundo. 

metodologia do SENAI permite prever quais serão as tecnologias utilizadas no ambiente de trabalho em um horizonte de 5 a 10 anos. A partir disso, o modelo aponta quais serão o perfis e as competências exigidas dos profissionais do futuro. O método é utilizado para embasar as decisões da instituição sobre a oferta de cursos e seus currículos levando-se em conta a demanda por trabalhadores em cada região do país. Os estudantes do SENAI são formados para trabalhar tanto com a tecnologia disponível no momento da conclusão do curso quanto com aquelas que irão se inserir no mercado brasileiro nos próximos anos. 

De acordo com o estudo da OCDE, “o SENAI tem papel central, em parceria com universidades, empresas, centros de ciência e tecnologia e especialistas, em prever as necessidades da indústria por mão de obra qualificada em um período de cinco anos”. Na avaliação do documento, a rápida inserção de ex-alunos do SENAI no mercado de trabalho é um dos efeitos positivos da proximidade entre formação profissional e as demandas da indústria. Cerca de 65% dos ex-alunos de cursos técnicos da instituição que se formaram em 2014 estavam empregados em 2015. “A proximidade entre a formação profissional e as necessidades das empresas resulta em efeitos positivos para os estudantes no mercado de trabalho”, destaca o texto. 

POLÍTICAS PÚBLICAS - O estudo “Enhancing Employability” (Elevando a Empregabilidade) foi elaborado para subsidiar discussões no grupo de trabalho do G20 responsável por sugerir políticas públicas destinadas a aumentar as taxas de emprego nas maiores economias mundiais, assim como tornar mais dignos e flexíveis os ambientes laborais nesses países. O documento foi produzido pela OCDE em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI). 

O texto avalia que a velocidade e a natureza da globalização, das mudanças tecnológicas e demográficas estão afetando muitas profissões tradicionais ao redor do mundo, ao mesmo tempo em que abrem oportunidades de emprego em novas atividades econômicas. Os riscos embutidos nessa transformação são ampliar as desigualdades existentes e marginalizar alguns grupos sociais do mercado trabalho. Por isso, o documento sugere que as autoridades dos países do G20 elaborem políticas públicas destinadas a facilitar a adaptação dos profissionais ao novo ambiente e promovam a inserção dos trabalhadores diretamente afetados por essas mudanças. 

Segundo o estudo, há um desencontro entre as necessidades das empresas e a formação profissional dos jovens. Uma das principais medidas a serem adotadas, sugere, é tornar os sistemas educacionais e de formação profissional mais flexíveis e ágeis em oferecer as habilidades e competências exigidas pelo mercado de trabalho. “Na maioria dos países do G20, grande parte dos empregadores reclama que não consegue encontrar trabalhadores com as habilidades que as empresas precisam”, diz o documento. “Ao mesmo tempo, em muitos países, parte dos profissionais de nível superior enfrenta dificuldades em encontrar empregos compatíveis com suas habilidades e há cada vez mais competição por empregos menos qualificados”. 

Os estudantes do SENAI são formados para trabalhar tanto com a tecnologia disponível no momento da conclusão do curso quanto com aquelas que irão se inserir no mercado brasileiro nos próximos anos

MODELO DE PROSPECÇÃO – A metodologia utilizada pelo SENAI para prever mudanças nos perfis profissionais e desenhar seus cursos é citada como o principal modelo existente no Brasil. “A abordagem brasileira se destaca pelo fato de que o setor privado tem papel de liderança tanto na previsão das habilidades profissionais quanto na oferta de treinamento profissional – o que assegura o alinhamento entre a oferta de habilidades e as necessidades dos empregadores. O sistema é dirigido por empregadores em vários setores e é conhecido como Sistema S”, destaca o documento, que cita como seus integrantes, além do SENAI e do Serviço Social da Indústria (SESI) – coordenados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) – o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). 

A metodologia do SENAI, utilizada desde 2003 e que envolve a participação de cerca de 50 especialistas, já foi transferida a instituições de educação profissional e autoridades públicas de mais de 20 países na América do Sul e no Caribe. “O modelo ajuda a reduzir o grau de incerteza para tomada de decisão quanto aos investimentos em número de matrículas e na melhoria dos cursos de educação profissional”, explica o especialista em Desenvolvimento Industrial do SENAI, Marcello Pio. “O modelo busca identificar quais prováveis mudanças podem ocorrer em perfis profissionais em um horizonte de cinco ou dez anos e propor recomendações para que o SENAI possa manter o perfil profissional, o desenho curricular e os cursos aderentes à demanda da indústria”. 

O estudo da OCDE aponta também como exemplo a experiência do Canadá, onde uma série de pesquisas e testes realizados por órgãos públicos fornece informações relevantes para prever e preparar no país a força de trabalho do futuro. 

Como funciona o Modelo de Prospecção do SENAI:

1. Prospecções Tecnológica e Organizacional
A prospecção tecnológica identifica as tecnologias emergentes específicas (TEEs) que terão um grau de difusão de até 70% do mercado em um horizonte de 5 a 10 anos. Já a prospecção organizacional identifica as possíveis mudanças na estrutura organizacional do setor analisado, no mesmo horizonte temporal.

2. Análises de Impactos e de Tendências Ocupacionais
A análise de impacto identifica e avalia, junto a representantes de empresas e de universidades, as mudanças prováveis nos perfis profissionais decorrentes da introdução das tecnologias emergentes específicas e das mudanças organizacionais identificadas. A análise de tendências, por sua vez, busca projetar a demanda por mão-de-obra do mercado de trabalho nacional e estadual, por setor e ocupação.

3. Identificação de Gaps Educacionais
Os gaps educacionais são identificados pela análise comparativa entre os níveis de proficiência dos estudantes e os perfis demandados. Com essa informação é possível determinar as necessidades de nivelamento que permitam aos estudantes acompanhar a formação técnica.

4. Antena Temática
É a etapa final do Modelo SENAI de Prospecção. Nela são discutidos todos os resultados obtidos nas etapas anteriores. A análise desses resultados permite a geração de recomendações para os tomadores de decisão do SENAI, para o desenvolvimento de ações futuras de educação profissional, de serviços técnicos e tecnológicos e atualização de recursos humanos.

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