Setor privado aponta ações para modernizar infraestrutura de transporte no Sudeste

Foram estudadas, na região, 14 cadeias produtivas e, nelas, identificada a necessidade de 337 obras de modernização e ampliação

Olavo Machado

A competitividade da economia e das empresas nacionais é o grande desafio que o Brasil precisa superar para viabilizar a retomada do crescimento econômico e a conquista de espaço nos principais mercados mundiais. Essa é a premissa que fundamentou a elaboração do Projeto Sudeste Competitivo, recentemente lançado na Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), com a presença dos presidentes daConfederação Nacional da Indústria (CNI), nosso conterrâneo Robson Braga de Andrade, e da Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo (FINDES), Marcos Guerra, e representantes da FIESP e FIRJAN.

É o mais completo estudo já realizado sobre a logística de transportes na região e integra programa bem mais amplo idealizado pela CNI. É, igualmente, o quinto e último de uma série de estudos viabilizados pela parceria entre a CNI e as federações das indústrias dos 26 estados brasileiros e do Distrito Federal. Seu objetivo é assegurar eficiência ao transporte de cargas no Brasil. Também já foram concluídos os projetos sobre o Norte, Nordeste, Sul e o Centro-Oeste competitivos.

O Projeto Sudeste Competitivo tem metas muito bem definidas: integrar, física e economicamente, a malha de transportes da Região Sudeste com seus estados limítrofes; identificar, selecionar e tornar mais competitivos os sistemas de logística de menor custo, voltados tanto para o mercado interno quanto para o comércio exterior; posicionar o setor privado na liderança do processo de melhoria e de aumento da eficiência da malha de transporte regional.

Foram estudadas, na região, 14 cadeias produtivas e, nelas, identificada a necessidade de 337 obras de modernização e ampliação, com investimentos estimados em R$ 219 bilhões até 2020. Dessas, 86 são consideradas obras prioritárias e demandam R$ 63 bilhões em investimentos, o equivalente a 29% do total. No conjunto dos projetos prioritários, 49% dos recursos previstos são destinados a ferrovias, 26% a obras portuárias, 23% a empreendimentos rodoviários e 2% a dutos.

O Projeto Sudeste Competitivo também alerta para a extrema necessidade de fortalecimento do transporte ferroviário, um modal no qual precisamos avançar muito: a malha ferroviária brasileira é muito pequena - são apenas 3,5 quilômetros de infraestrutura instalada por 1 mil quilômetros quadrados de área. A comparação com outros países explicita as nossas carências. No México e na China, são nove quilômetros de infraestrutura ferroviária por mil metros quadrados de área - e, nos Estados Unidos, são 22,9 quilômetros, quase sete vezes mais que no Brasil. A precariedade e a baixa participação desse modal na matriz de transporte do país comprometem fortemente o esforço de adequação do setor produtivo nacional aos padrões de competição e qualidade do mercado internacional.

Em termos de Brasil, os documentos referentes às regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste competitivo priorizam 397 obras em ferrovias, portos, estradas e vias navegáveis, com investimentos estimados em R$ 170 bilhões. O importante é lembrar que esses projetos têm a capacidade de se pagarem rapidamente, de 5 a 8 anos, em razão direta da significativa redução que proporcionam nos custos de logística de transporte. Ademais, os estudos também indicam que são várias as possíveis formas de financiamento - o poder público, iniciativa privada e as parcerias público-privadas (PPP).

Por sua importância, o tema volta, hoje e amanhã, à pauta da FIEMG, com a realização do Fórum de Infraestrutura e Logística. Hoje, vamos realizar o Fórum Brasileiro de Mineração, fundamental para Minas Gerais, cujo êxito se apoia fortemente na logística de transporte, como bem mostra o exemplo da Vale, operadora das maiores ferrovias do país e de importantes portos. Amanhã, vamos discutir infraestrutura e logística. Nosso objetivo é indicar boas soluções para Minas Gerais e para a indústria mineira, de forma a ampliar as oportunidades de negócio e garantir ao governo arrecadar o suficiente para pagar suas contas.

Essa é a agenda do setor produtivo brasileiro e mineiro no campo da logística. Com essas iniciativas, a CNI e as federações de indústrias oferecem mais uma efetiva contribuição à competitividade da economia brasileira e à retomada do crescimento do país. Nosso entendimento é o de que o planejamento eficiente para o setor de infraestrutura e logística de transportes, somado aos programas de concessão de serviços públicos à iniciativa privada, está entre os principais caminhos para elevar a competitividade da indústria nacional e contribuir para que o Brasil e Minas Gerais vençam a crise.

Olavo Machado é presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Sistema Fiemg) e do Conselho de Infraestrutura da CNI (Coinfra/CNI) 

Artigo publicado no jornal Estado de Minas desta quinta-feira (5). 

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