O Brasil vive um momento crítico, em que precisa superar uma série de desafios para que sua economia se torne mais competitiva e garanta prosperidade à população. Diversos estudos e levantamentos recentes mostram que, se o país não der a devida atenção a ações que melhorem o nível de educação e qualificação de seus jovens e aumentem a produtividade das empresas, estaremos fadados a um cenário nebuloso no futuro.
Um desses relatórios, elaborado pelo Banco Mundial com o título “Competências e empregos: uma agenda para a juventude”, é bastante contundente em relação ao tamanho do abismo à beira do qual nos encontramos. Segundo o estudo, 52% da população jovem brasileira, com idade entre 19 e 25 anos, pode não ter acesso a bons empregos e, assim, ficar mais vulnerável à pobreza. Nesse contingente de quase 25 milhões de pessoas que está “desengajada da produtividade”, o mais preocupante é que existem 11 milhões classificadas na categoria “nem-nem”: não trabalham nem estudam. Esses dados deixam claro que, se não forem adotadas medidas que forneçam aos jovens uma qualificação adequada, o Brasil terá cada vez mais dificuldade para reduzir seus níveis de desigualdade, o que traz consigo uma série de problemas sociais.
Do mesmo modo, como o país ainda terá dependência dessa força de trabalho, será difícil aumentar sua produtividade, que já cresce abaixo da média internacional. Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela que, entre 2006 e 2016, o Brasil registrou crescimento de apenas 5,5% na produtividade do trabalho. No mesmo período, na maioria dos nossos parceiros comerciais o aumento foi pelo menos duas vezes maior. Já a Coreia do Sul, país que é caso de sucesso quando o assunto é investimento em educação, registou incremento de 44% em sua produtividade.
Investir na qualificação dos jovens se torna ainda mais fundamental por conta de outro alerta feito, novamente, pelo relatório do Banco Mundial: a adoção da tecnologia digital está modificando rapidamente as competências demandadas pelas empresas em todo o mundo. No Brasil, não é diferente. Para que possa competir no mercado global, a indústria brasileira terá de se inserir nessa realidade.
Além disso, outro fator essencial para a competitividade – e que, da mesma forma, depende de profissionais qualificados – é a ampliação da pesquisa, desenvolvimento e inovação. O Índice Global de Inovação, pesquisa da Universidade Cornell, da escola de negócios Insead e da Organização Mundial de Propriedade Intelectual (Ompi), coloca o Brasil apenas na 69.ª posição entre 127 países. No topo estão Suíça, Suécia, Holanda, Estados Unidos e Reino Unido. Não por acaso, esses cinco países mais inovadores também estão entre os dez mais competitivos do mundo, de acordo com o Relatório Global de Competitividade 2017-2018, do Fórum Econômico Mundial.
Diante desse panorama, é nítido que o Brasil precisa, entre tantos outros aspectos relativos ao ambiente de negócios do país, melhorar seu nível educacional e investir pesado em qualificação profissional, modernização tecnológica e inovação. O Sistema FIEP tem feito sua parte. Por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), que neste mês de março completou 75 anos de atividades no Paraná, atuamos fortemente na qualificação de nossos jovens e no apoio à indústria paranaense para que alcance um novo patamar.
Em uma frente, reforçamos cada vez mais o trabalho de capacitação profissional, área na qual o SENAI sempre foi e continua sendo referência. Mais do que isso, acompanhando as demandas da indústria, temos ampliado nossa estrutura para auxiliar as empresas no processo de modernização tecnológica e incremento da inovação. Hoje, sete Institutos SENAI de Tecnologia e dois Institutos SENAI de Inovação, voltados a diferentes setores, possibilitam às empresas de qualquer região do estado acesso a pesquisas, tecnologias e soluções de ponta para o aumento de sua competitividade.
Esperamos que esse trabalho realizado pelo SENAI seja apenas um dos elementos dentro de um grande esforço coletivo, que envolva não apenas todas as esferas do poder público, mas outros atores da sociedade civil organizada. Somente assim o Brasil conseguirá vencer os obstáculos que se colocam à frente, capacitando sua juventude, aumentando a competitividade de sua economia e gerando riquezas que possibilitem um país mais igualitário, justo e desenvolvido.
José Antonio Fares é superintendente do Serviço Social da Indústria (SESI) e do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), além de diretor regional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), no Paraná.
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