A expressão em Latim Ne nuntium necare tem um significado conhecido: não mate o mensageiro. Ela reflete como devemos receber críticas e mensagens desagradáveis aos nossos ouvidos.
Já faz um tempo que bato na tecla de que Diversidade & Inclusão (D&I) não devem ser encaradas exclusivamente como pauta de responsabilidade social (ou ESG) dentro das empresas, mas como estratégia relevante de negócios.
Segundo a PwC, 36% das organizações alavancam seu programa de D&I com o objetivo de reter talentos, mas 23% o enxergam apenas como forma de cumprir os requisitos legais. Estudo da McKinsey, contudo, aponta que empresas diversas e inclusivas têm chances 25% maiores de registrar lucratividade acima da média. Então, por que, mesmo sendo relevante, a diversidade ainda engatinha?
É verdade que a pauta está cada vez mais presente no universo corporativo. As companhias passam por transformações no modelo de trabalho e na inclusão de pessoas de grupos representativos. Já se sabe que equipes com perfis diversos tendem a ser mais criativas, inovadoras e produtivas.
Organizações que apostam na gestão inclusiva tendem a atrair e a reter talentos; atendem melhor aos clientes e consumidores de diferentes origens e backgrounds; contribuem com a construção de uma sociedade mais justa e equitativa; ampliam o alcance de mercado por atrair clientes e consumidores diversos; têm capacidade de identificar problemas e riscos que possam ter passado despercebidos por equipes homogêneas – e muito mais.
Para alcançar a diversidade e a inclusão, as empresas precisam implementar políticas e práticas que promovam a igualdade de oportunidades, como a contratação de pessoas diversas, a criação de programas de mentoria e treinamento e a promoção de uma cultura de respeito e aceitação de forma prática.
Falo isso como organização que já criou programas de recrutamento para indústrias como Volvo, VDI e Whripool. Um exemplo de sucesso: aumentamos em três vezes as candidaturas femininas às vagas na PAM Saint-Gobain, referência na fabricação de material para infraestrutura – e um dos 100 maiores grupos industriais do mundo. Ali, aplicamos a metodologia da “Se Candidate, Mulher!” trabalhando employer branding e atração de talentos.
Enquanto as empresas não entenderem diversidade e inclusão como estratégia de negócios, esse ponto não vai ser prioridade. Não é sobre ser legal; é sobre ser uma empresa rentável, diversa e inclusiva, atrelada à responsabilidade social.
*Jhenyffer Coutinho é CEO da startup de impacto social Se Candidate, Mulher!
O artigo foi publicado na edição de março da Revista Indústria Brasileira.
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