Tendência do bem: guia prático para se tornar carbono neutro

Empresas e pessoas podem mudar hábitos e usar serviços que ajudam a tirar toneladas de carbono da atmosfera, contribuindo com o combate à mudança climática

Para conseguir chegar à meta de diminuir as emissões de gases de efeito estufa e frear o aquecimento global, todo mundo vai ter de fazer a sua parte. Nos últimos dias, em função da COP26, a conferência mundial organizada pelas Nações Unidos para discutir a mudança climática, você deve ter ouvido falar (e muito) em mercado de carbono, neutralidade de carbono, pegada de carbono, metas de redução de emissões, entre outros. 

“Quanto mais as pessoas conhecerem e se engajarem nesse assunto, mais chances teremos de evitar uma catástrofe climática. E temos percebido um aumento muito grande de interesse e procura por esses serviços”, explica Janaína Dallan, CEO da Carbonext, empresa especializada em projetos de desenvolvimento sustentável, e presidente da Aliança Brasil em Soluções Baseadas na Natureza. 

Então, nessa edição do Tem Solução, a Agência de Notícias da Indústria elaborou um guia prático que explicar direitinho como se tornar uma empresa ou uma pessoa carbono neutro. 

O que é neutralidade de carbono? 

É uma alternativa que busca evitar os danos causados pelo excesso de emissões de poluentes como o dióxido de carbono na atmosfera, a partir de um cálculo geral de emissão de carbono.  Se, por exemplo, você emite 1 tonelada de CO2 por ano, pode apoiar ações e projetos para neutralizar a sua pegada. Sem esquecer, claro, de adotar medidas para diminuir as suas emissões. 

Como descubro a minha pegada de carbono?

É possível calcular a quantidade de dióxido de carbono (CO2) emitida por pessoas, empresas, produtos e governos. Para  gente como a gente, existem calculadoras que estimam o CO2 emitido com base no perfil de consumo de cada um.

Eis algumas opções:

Carbonext
SOS Mata Atlântica
Idesam
Iniciativa Verde

Obviamente, a matemática pra empresas exige cálculos mais sofisticados.  Para isso, há diversas empresas especializadas que podem fazer um inventário de emissão de carbono.

A tecnologia também pode ajudar os negócios nesse diagnóstico, pelo menos para ter uma noção do impacto do empreendimento na mudança do clima.

No ano passado, a ONU se juntou à empresa sueca de tecnologia Doconomy para criar a Calculadora 2030, em referência a data limite estabelecida pelo Acordo de Paris para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e limitar o aquecimento global a 1,5º C.   

PS: essa data pode mudar a partir das negociações que estão acontecendo na COP26, em Glasgow.

Hoje, a ferramenta consegue calcular a emissão de carbono da fabricação de produtos de vestuário, sapatos, acessórios, móveis, jogos, eletrodomésticos, jardinagem e pets, equipamentos esportivos, imprensa, joalheria, brinquedos e produtos de bebê, insumos para artesanatos e livros. A calculadora tanto pode ser usada por empresas quanto por consumidores, como forma de ampliar a conscientização sobre o impacto das compras sobre o planeta.  

Como é feita a neutralização do carbono? 

Depois de descobrir a sua pegada, uma das maneiras de compensar é comprar créditos de carbono, sendo que 1 crédito equivale à 1 tonelada de CO2. 

Um jeito de neutralizar é investindo em projetos de preservação de áreas da Amazônia ameaçadas pelo desmatamento, os chamados projetos REDD+.  “Não é qualquer floresta que dá crédito de carbono. Só há crédito nas zonas em que há ameaça de desmatamento. As iniciativas que conseguem manter uma floresta em pé, protegida e monitorada numa área em risco é que geram esses créditos”, explica Janaína. 

E, acredite, é mais importante do que nunca apoiar iniciativas assim, porque para gerar o crédito, o projeto precisa comprovar todos os anos que conseguiu garantir a integridade da área. E esse processo é feito com muito estudo, monitoramento, auditoria externa e certificação.

O cálculo para constituir um crédito é o total de CO2 que deixou de ser emitido com a preservação da mata. 

Na prática, a neutralização por crédito de carbono funciona assim: se a empresa emite 100 toneladas de CO2 por ano, ela precisa de 100 créditos de carbono para neutralizar suas emissões.  Eles serão comprados de iniciativas que fazem a captura de carbono da atmosfera. 

“Essa remuneração é fundamental para ajudar a manter a floresta de pé e frear o desmatamento”, complementa Janaína.  Outras formas de compensar o carbono incluem reflorestamento, troca de matriz energética por fontes limpas. 

 A lógica é semelhante, por exemplo, para compensar as emissões para realizar um evento, como festivais, congressos, festas. 

“A compensação de carbono pode ser um diferencial e inovação no mercado, porém as empresas devem avaliar suas emissões e formas de reduzi-las, compartilhando este compromisso com seus colaboradores. Reduzir emissões de CO2 também é reduzir custos operacionais, como reduzir o gasto com combustível, por exemplo”, explica o CEO da Eccaplan, Fernando Beltrame. 

E eu, que sou pessoa, como faço?

Além de reavaliar seus hábitos e o impacto do seu estilo de vida na emissão de gases de efeito estufa, agora também já existem serviços que ajudam pessoas físicas a fazer a compensação de carbono. 

O da Carbonext, por exemplo, funciona como uma assinatura, tipo um Netflix de neutralização de pegada de carbono. Você faz seu cálculo de emissões anuais. Isso é revertido num valor que você paga todo mês. 

“Quando você começa a pagar pelas toneladas que emite, retiramos os créditos equivalentes dos projetos que apoiamos e aposentamos esses créditos no seu nome. Na medida em que você vai diminuindo sua pegada, vai refazendo esse cálculo”, explica Janaína. 

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