CNI considera positiva antecipação de metas de neutralização das emissões do Brasil para 2050

Indústria defende zerar o desmatamento ilegal até 2030 e a expansão das energias renováveis, dos biocombustíveis e de projetos de eficiência energética, além da regulamentação do mercado de carbono

"Uma retomada que leve em conta a sustentabilidade é essencial para que possamos manter a competitividade da nossa indústria" - Robson Braga de Andrade, presidente da CNI

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) considera positiva a antecipação pelo governo federal da meta de neutralização de emissões em dez anos, para 2050. O anúncio foi feito pelo presidente Jair Bolsonaro nesta quinta-feira (22), durante a Cúpula do Clima. Outro ponto positivo, na visão do setor industrial, é a intenção de se zerar o desmatamento ilegal até 2030.

Conforme o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, agora é preciso construir um plano de ação efetivo para garantir o cumprimento das metas. “Precisamos fazer com que a pauta ambiental componha uma estratégia de Estado, que vá além de planos de governos”, destaca. 

“Cada vez mais o meio ambiente influenciará a economia. Uma retomada que leve em conta a sustentabilidade é essencial para que possamos manter a competitividade da nossa indústria. O Brasil tem todas as condições para dar uma grande contribuição e ser um dos protagonistas nesse processo, lado a lado com as principais economias do mundo”, completa Andrade. 
 

Agenda de inovação deve destinar mais recursos para áreas da bioeconomia e uso sustentável de espécies brasileiras

Indústria defende ampliar participação de fontes renováveis na matriz energética

A CNI destaca ainda que, embora o Brasil seja o país com a maior participação de renováveis na matriz energética, é importante elevar esse patamar e planejar a ampliação de outras fontes renováveis além da hidráulica. Enquanto a participação de renováveis na geração elétrica dos países da OCDE está em torno de 18% a 27%, no Brasil as fontes renováveis representam 83% da matriz elétrica.

A indústria vê com bons olhos o indicativo que o Plano Decenal de Expansão de Energia 2030 (PDE 2030) traz para o uso de fontes renováveis. O avanço das fontes eólica e solar, a continuidade no aproveitamento da energia hidráulica e o desenvolvimento do mercado de gás natural ao longo desta década têm bastante potencial para tornar a matriz energética brasileira ainda mais renovável. O PDE 2030 indica que as fontes renováveis responderão por 87% da geração de eletricidade e 48% da matriz energética brasileira.

Outra frente apoiada pelo setor industrial é o estímulo à ampliação de projetos de eficiência energética, que receberam R$ 121 milhões em 2019 do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel). A CNI trabalha para estimular a eficiência energética por meio da aplicação dos recursos do Procel.

Embora o Brasil seja o país com a maior participação de renováveis na matriz energética, indústria defende elevar esse patamar e planejar a ampliação de outras fontes renováveis, como a eólica

CNI defende regulamentação do mercado de carbono

A regulamentação do mercado de carbono é também prioridade ao setor industrial, já que reforça e complementa as demais iniciativas de redução das emissões de gases de efeito estufa. No âmbito internacional, a CNI defende a transição de créditos de carbono gerados via Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL), do Protocolo de Kyoto, para o Mecanismo de Desenvolvimento Sustentável (MDS). Se bem operado, o MDS propiciará novos negócios, investimentos e transferência de tecnologia para o Brasil. Assim, pode ser uma das soluções baseadas no desenvolvimento sustentável para a redução do déficit fiscal e a geração de emprego e renda no país, principalmente no cenário pós Covid-19.

De acordo com a CNI, empresas brasileiras teriam a receber créditos por 380 milhões de toneladas de CO2 equivalente que deixaram de emitir por investirem em tecnologias e modelos de negócios menos poluentes e que ainda não foram vendidos pelo fato de o mercado de carbono não estar consolidado. “Cumprir um acordo anteriormente estabelecido oferece segurança jurídica para os investimentos já feitos e permite que as indústrias brasileiras avancem mais rapidamente para uma economia de baixo carbono”, afirma Andrade.

O presidente da CNI defende ainda o fortalecimento da agenda de inovação do país, destinando mais recursos para áreas da bioeconomia e uso sustentável de espécies brasileiras e amazônicas, em especial. “Assim, o Brasil conseguirá converter vantagens comparativas – como a de ter a maior floresta tropical do mundo e 20% das espécies do planeta – em vantagens competitivas”, declara.

Embora tenha condições de se destacar na área ambiental, o Brasil tem atraído parcela pequena de recursos em fundos climáticos. Em guia que traz os principais financiadores de projetos que contribuem para a redução dos efeitos da mudança do clima, a CNI informa que nos últimos anos a América Latina e Caribe ficaram com 4,5% desses recursos enquanto a Ásia recebeu 38%.

Relacionadas

Leia mais

Indústria brasileira faz a sua parte na redução de emissões
7 coisas que você precisa saber para conseguir financiamento climático
Por que a bioeconomia tem tudo para ser o futuro do desenvolvimento do Brasil

Comentários