Contra catarata, brócolis. As soluções incríveis de estudantes para problemas de saúde

Motivados por índices alarmantes da saúde pública brasileira, estudantes do SESI criaram projetos inovadores como solução

Marla descobriu o brócolis como um antioxidante que pode retardar em mais de 20 anos os efeitos da catarata

A catarata, doença responsável por 51% dos casos de cegueira no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), atingiu a avó e o pai de Marla Dias, 18 anos, que cursa a 3ª série do ensino médio na unidade do Serviço Social da Indústria (SESI) José Carvalho em Feira de Santana (BA).  

Diante da limitação dos tratamentos, a jovem começou a pesquisar soluções em 2021 e descobriu o brócolis como um antioxidante que pode retardar em mais de 20 anos os efeitos da catarata. 

A doença, causada na maioria das vezes pelo envelhecimento natural do cristalino, atinge essa região do olho e leva à perda progressiva da visão. O cristalino funciona como uma lente transparente para focar objetos e quando é afetado pela catarata passa a ser opaco, menos flexível e mais grosso. A situação só é revertida por meio cirúrgico, em que o cristalino é substituído por uma lente artificial. 

Seria simples, se a cirurgia de catarata não liderasse a lista de espera do Sistema Único de Saúde (SUS): mais de 100 mil brasileiros que aguardam pelo procedimento, segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM). Após meses e até anos na espera, o que levaria 30 minutos pra ser resolvido, torna o quadro irreversível. 

Uma solução para as saúdes ocular e pública 

Na pesquisa pra encontrar uma alternativa, Marla descobriu que a catarata se desenvolve por meio da ação dos radicais livres, que são moléculas em que os átomos têm um número ímpar de elétrons. Traduzindo...essas moléculas “roubam” os átomos (menor parcela de qualquer matéria) de proteínas para se tornarem positivas e provocam uma reação em cadeia, causando a catarata. 

É aí que entra o brócolis. O vegetal tem os antioxidantes necessários para retardar o envelhecimento do cristalino. 


“O brócolis tem quatro antioxidantes:  a luteína, o betacaroteno, a quercetina e a zeaxantina, que vão fazer com que essas moléculas roubadas pelo radical livre sejam devolvidas pelo colírio a base de brócolis, porque esses antioxidantes podem doar esses elétrons e continuar positivos. Ou seja, eles vão retardar e neutralizar os radicais livres”, destaca a estudante.  


 

O brócolis tem quatro antioxidantes: a luteína, o betacaroteno, a quercetina e a zeaxantina, que vão fazer com que essas moléculas roubadas pelo radical livre sejam devolvidas pelo colírio

A ideia é que pacientes em estágio inicial consigam conter o avanço da catarata com a ajuda do colírio.  

Até chegar ao resultado, a jovem testou outros componentes e constatou que o brócolis é o mais eficaz. “Conversei com profissionais da área e eles me explicaram que não existem outros colírios para catarata, com eficácia comprovada cientificamente. Em alguns casos, alguns medicamentos podem até causar o avanço da doença”.  

O projeto foi finalista da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) e vai disputar a final da Feira Brasileira de Jovens Cientistas (FBJC) agora no mês de junho. Em breve, o colírio vai passar pelos processos de extração dos quatro antioxidantes presentes no brócolis e testes in vitro (fora do organismo vivo).  

A princípio, os testes serão realizados no próprio laboratório do SESI, mas a jovem já busca parceria com a Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). 

Assim como Marla, outros estudantes do SESI também desenvolveram projetos voltados para a área da saúde. Confira! 

Jujuba Nutrinim 

Para reduzir os impactos causados pelos tratamentos de quimioterapia e radioterapia - intervenções comumente usadas em pacientes oncológicos - os estudantes das escolas SESI Natal e São Gonçalo do Amarante, ambas no Rio Grande do Norte, produziram a jujuba Nutrinim

À base de óleo essencial de hortelã pimenta, óleo essencial de tangerina e glutamato monossódico, a jujuba estimula as glândulas salivares e as papilas gustativas da língua. O que promove o descongestionamento das vias aéreas e proporciona, em poucos minutos, o retorno do paladar. 

A Nutrinim é fabricada a partir de três princípios ativos e cada um atua de uma forma no organismo

Absorvente natural EVA 

Já as estudantes Ana Júlia Cavalcante e Ludmila Farias da Escola SESI de Naviraí (MS) desenvolveram o EVA, um absorvente natural composto por duas camadas. A primeira, feita de tecido de fibra de soja, absorve o sangue. Já a segunda, produzida com bagaço de cana-de-açúcar, trigo e água, é um bioplástico para impermeabilizar e evitar vazamento. 

O projeto EVA foi idealizado com o objetivo de reduzir a pobreza menstrual de mulheres em situação de vulnerabilidade social. 

O absorvente é composto por tecido de fibra de soja, bagaço de cana-de-açúcar, trigo e água

Robô CIA Virtual 

Agora, vamos sair do laboratório e ir para o mundo da programação... Os estudantes do SESI Santa Bárbara d’Oeste (SP) criaram o Companhia (CIA) Virtual, um robô que conta charadas, toca músicas e interage sonoramente. O objetivo do projeto é melhorar a saúde mental daqueles que vivem em instituições de longa permanência para pessoas idosas. 

“O robô colabora para o desenvolvimento cerebral, para que se estabeleça sinapses, estimula o diálogo, faz com que eles saiam do ambiente em que estão, se levantem da cama para comer, porque até isso, às vezes, era complicado lá”, declara Érica Fátima, orientadora do projeto. 

O CIA Virtual conta charadas, toca músicas e interage sonoramente

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