Investimentos em projetos de reúso de efluente tratado de esgoto fortalecerão o sistema de saneamento básico e podem contribuir com a retomada econômica. A conclusão foi dos participantes do bate-papo virtual Reúso de Efluentes Sanitários, realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta sexta-feira (2). “O Brasil pode ser líder nessa agenda e, com investimentos, pode-se promover os impactos necessários para a retomada da economia”, destacou a diretora de Relações Institucionais da CNI, Mônica Messenberg.
Segundo ela, a regulamentação de serviços de reúso de efluente tratado de esgoto é um passo importante para aproveitar as oportunidades trazidas pelo marco legal do saneamento básico, que trouxe a possibilidade de se desenvolver projetos de reúso de água de efluentes. Para mostrar a importância da agenda, a CNI lançou o estudo sobre o impacto econômico dos investimentos de reúso de efluentes tratados de esgoto para o setor industrial.
O sócio da GO Associados, Gesner Oliveira, que coordenou o trabalho, disse que a oportunidade é muito grande e a expectativa é um salto de investimentos em água e esgoto. Para ele, o Brasil tem capacidade instalada de produzir um metro cúbico de água de reúso por segundo, mas pode ampliar para 12,8 metros cúbicos por segundo até 2018. “Aqui menos de 1% da oferta de água provém de reúso de efluentes tratados, enquanto em Israel chega a 70%. Precisamos aumentar a diversificação da matriz hídrica para ter mais segurança”, afirmou Oliveira.
O deputado federal José Medeiros (Pode-MT), relator do PL 10.108/2018, que estabelece regras para o abastecimento de água por fontes alternativas, citou projetos de reúso de efluente tratado de água de esgoto feito em Boston, nos Estados Unidos. “Temos de nos inspirar nesse modelo e fazer com que as pessoas entendam sobre o uso adequado do recurso”, comentou.
Na visão do deputado federal Rodrigo Agostinho (PSB-SP), o principal ganho de investimentos em projetos de reúso de efluentes tratados é a redução da pressão sobre corpos hídricos, como rios e lagos, além de dar destino melhor ao efluente tratado. “Muitas estações de tratamento devolvem para rios esgoto tratado que poderiam ser usados tanto pelo setor público quanto privado”, disse.
O secretário Nacional de Saneamento Básico do Ministério da Cidadania, Pedro Maranhão, acrescentou os ganhos ambientais tanto do avanço do saneamento quanto do reúso de efluentes. “Vai melhorar a condição dos rios e o meio ambiente urbano, refletindo na saúde e qualidade de vida da população. Além disso, vai tirar a pressão dos reservatórios, em especial em momentos de deficiência hídrica.”