A indústria reúne todas as condições para ser a protagonista da bioeconomia no Brasil, uma vez que é responsável por inovações baseadas no uso sustentável dos recursos naturais em setores como biocombustíveis, alimentício, de medicamentos, de bioinsumos, têxtil, entre outros. A afirmação foi feita pelo presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, durante a abertura do Fórum Bioeconomia e a Indústria Brasileira nesta quinta-feira (26).
“A bioeconomia pode ser uma estratégia eficiente para o país alcançar um ritmo de crescimento consistente, proteger o meio ambiente, se destacar no combate às mudanças do clima e ser líder mundial do desenvolvimento sustentável”, declarou.
Robson Andrade ressaltou que o Brasil tem vocação para ser líder global da bioeconomia por ser dono da maior biodiversidade do planeta, com 20% das espécies, e ter 60% do território coberto por florestas, 12% das reservas de água doce do um mundo e uma zona marítima de quase 4 milhões de quilômetros quadrados.
Além disso, o país conta com uma agroindústria moderna, eficiente e muito produtiva, um setor industrial diversificado e excelência em diversas áreas de pesquisa.
“Nosso desafio é transformar essas inquestionáveis vantagens comparativas em ganhos de competitividade, que ajudem a promover o crescimento econômico sustentável, e gerem emprego e renda para todos os brasileiros”, afirmou o presidente da CNI.
Segundo ele, para o avanço da bioeconomia, o país tem de aumentar os investimentos em inovação, ciência, tecnologia e educação de qualidade em todos os níveis.
“Precisamos ainda definir uma política nacional, com regras estáveis, objetivos claros e instrumentos adequados, que ofereçam segurança jurídica e incentivem os empreendimentos em atividades dessa promissora área de negócios”, destacou Robson Andrade.
O que falta para a bioeconomia avançar no Brasil
No evento, será divulgada a Agenda de Bioeconomia da CNI que traz propostas e um plano de ação para o avanço do setor. Além de aumento de investimentos em inovação e da criação de uma política nacional de bioeconomia, a CNI propõe agilizar a ratificação do Protocolo de Nagoia, que estabelece normas internacionais sobre a repartição de benefícios pelo uso dos recursos naturais.
“É preciso agora concluir o processo de ratificação desse importante instrumento, que estimulará a conservação dos recursos naturais, especialmente na Amazônia, e valorizará a imagem do país no exterior”, defendeu Robson de Andrade.
A opinião foi compartilhada pelo embaixador Ignacio Ybáñez, chefe da delegação da União Europeia no Brasil. Segundo ele, o país tem uma oportunidade de promover o desenvolvimento econômico sustentável com respeito à biodiversidade e destacou que representantes do bloco econômico europeu vem acompanhando as ações na área, entre as quais, o trabalho do Conselho Nacional da Amazônia.
“Para ter credibilidade no exterior, não basta apenas ter regulamentação, é necessário o cumprimento efetivo delas”, afirmou Ybáñez, que defendeu a conservação da biodiversidade aliada ao desenvolvimento econômico e social, em especial da Região Amazônica.
O embaixador europeu destacou que, em 2018, a União Europeia atualizou sua estratégia para a bioeconomia com base nos princípios de sustentabilidade e circularidade. Também reiterou o compromisso com o Acordo de Paris, que prevê metas voluntárias de redução de emissões de gases de efeito estufa, e o Acordo Verde Europeu (Green Deal).
“Esperamos que a bioeconomia dê uma contribuição significativa para a recuperação verde”, afirmou.
Conforme o deputado Alexis Fonteyne (NOVO-SP), presidente da Frente Parlamentar Mista da Bioeconomia, embora o Brasil tenha potencial na área, precisa saber fazer o desenvolvimento sustentável para agregar valor aos produtos baseados em recursos da biodiversidade. “É possível atender à demanda mundial por preservação sem perder as oportunidades da bioeconomia”, declarou.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, disse que é fundamental usar a riqueza do país em recursos naturais para gerar riquezas para sua população. “A bioeconomia não é o futuro, é o presente. Antes dizia-se que deveríamos escolher entre natureza e progresso. Hoje há certeza de que a natureza é o progresso”, sentenciou.
A China se prepara para sediar a COP 15
De acordo com Jin Hongjun, ministro da Embaixada da China no Brasil, o país quer fortalecer o diálogo entre as duas nações para ampliar negócios em áreas como energia limpa, em especial biomassa e biocombustível, biotecnologia e biomedicina. “Tanto China quanto Brasil são ricos em recursos biológicos e, embora tenham características próprias, podem ser complementares para multiplicar esse potencial”, afirmou.
A China será sede da 15ª Convenção das Partes (COP 15) da Convenção da Diversidade Biológica (CDB), prevista para ocorrer em maio de 2021, em Kunming, na província de Yunnan. Hongjun complementou que a bioeconomia é das áreas mais promissoras do mundo e a China está ampliando investimentos em setores como biomedicina, biomanufatura, bioengenharia e biossegurança. “Também estamos fortalecendo as garantias políticas com a inclusão desses setores no plano quinquenal do país a partir do próximo ano”, complementou.