É possível desenvolver a indústria brasileira e os negócios do setor agroindustrial de maneira sustentável a partir da biodiversidade e das negociações sobre mercado de carbono. A afirmação é do presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, durante o seminário Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Negociações Internacionais, realizado pela CNI e Folha de S. Paulo nesta quarta-feira (22).
“A indústria brasileira é uma das mais responsáveis com relação às questões ambientais. Temos compromisso com a redução e CO2, temos compromissos com o acordo de Paris e compromissos firmes com relação ao desmatamento, a conservação da flora e biodiversidade brasileira, até porque essas questões representam um ativo brasileiro muito importante. Podemos desenvolver a indústria e a agroindústria a partir da biodiversidade brasileira e da negociação do carbono”, afirmou Robson de Andrade.
O presidente da CNI ressaltou que há uma distorção em relação à imagem negativa atribuída ao Brasil internacionalmente e ao que realmente acontece no país. “Muita coisa que se fala, na realidade, não reflete o que acontece. O Brasil, com toda sua extensão territorial, tem responsabilidade com as questões ambientais. A divulgação de uma imagem negativa do Brasil com relação a desmatamento, às queimadas não reflete realmente o que nós temos no país, em todos os setores da economia”.
Para senadora Kátia Abreu, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, o Brasil tem um “exército de brasileiros” que têm compromisso com meio ambiente. “Tivemos alguns percalços nos anos de 2019 e 2020, mas já estamos recuperando esses números. Inclusive, em relação às queimadas, já tivemos uma redução tanto no Pantanal quanto na Amazônia e o desmatamento, comparando com os meses do ano passado também, teve redução. Precisamos demonstrar isso para esse exército de pessoas que acreditam no combate ao aquecimento global”.
Marcelo Thomé, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Rondônia (FIERO) e diretor-executivo do Instituto Amazônia +21, afirmou que é importante separar versão e fato e ressaltou que existem diversos empreendimentos na Amazônia que são sustentáveis e produzem de maneira responsável, preservando uma área maior do que a que é usada nos empreendimentos.
Presidente da comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara, o deputado Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou que atrelar sustentabilidade ao desenvolvimento não é mais uma questão de escolha. “É uma necessidade, não há como fazer diferente. E o Brasil tem um grande potencial, que precisa ser explorado com responsabilidade”, declarou.
Sustentabilidade é premissa para o acordo Mercosul-União Europeia
Outra questão fundamental para a evolução da questão ambiental no Brasil é a finalização do acordo entre o Mercosul e a União Europeia. Segundo a senadora Kátia Abreu, o acordo é estratégico.
“Quero fechar o acordo da União Europeia com o Mercosul, isso é vital para o Brasil. Sem essa questão resolvida, o Brasil vai continuar sendo ultra fechado, não teremos investimentos, importação de bens de capital, combate à inflação. Todo acordo tem um grupo de fatores positivos que o Brasil não pode mais abrir mão. Essa é a minha ambição. Estar em dia com a legislação ambiental para que a gente possa abrir o país ao mundo. O mundo está sedento pelo Brasil e os empresários brasileiros estão sedentos por crescer e gerar empregos”.
O presidente da CNI enalteceu a importância da abertura do Brasil ao comércio internacional por meio de acordos comerciais em detrimento de uma abertura unilateral que coloque a indústria em uma concorrência desleal. “Esse acordo Mercosul- União Europeia é imprescindível para o Brasil”.