Propostas de comércio, inovação e sustentabilidade para o G20 são apresentadas ao setor privado

CNI promoveu reunião com representantes de empresas brasileiras e o B20 Itália, que preside o grupo empresarial do bloco. Documento de recomendações será entregue às 20 maiores economias em outubro

Ações que devem ser recomendadas pela comunidade empresarial global aos chefes de Estado do G20, grupo das 20 maiores economias, foram apresentadas ao setor brasileiro nesta quarta-feira (1º). De forma virtual, o Diálogo Global B20-Itália antecipou temas prioritários em tópicos como comércio e investimentos, transformação digital e sustentabilidade.

Braço empresarial do G20, o B20 é responsável por reunir as recomendações do setor para as lideranças políticas do bloco. Como país que o preside em 2021 e, portanto, também à frente dos grupos, a Itália foi a convidada para o encontro.

Entre os pontos, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, destacou alguns temas prioritários para a indústria nacional e que estão contemplados nas preocupações do B20. Por exemplo, a transição para matrizes energéticas mais sustentáveis, o apoio à inserção de pequenas e médias empresas no comércio internacional e a qualificação de profissionais diante de novas tecnologias.


“Precisamos ter assento e contribuir com os debates realizados nas forças-tarefas do B-20 para garantir que os pleitos da nossa indústria sejam considerados nas discussões internacionais”, enfatizou o presidente da CNI na abertura do encontro.


Andrade pontuou que este ano houve recorde de participantes brasileiros nas forças-tarefas do grupo e que o setor nacional deve se manter engajado para ampliar essa participação, especialmente em 2024, quando o Brasil assumirá a presidência do G20.

O documento final do B20, com recomendações políticas e a posição da comunidade empresarial, será divulgado em plenária agendada para 7 e 8 de outubro, na Itália. Em novembro, os chefes de Estado e líderes de governo do bloco se reunirão em Roma. 

B20 apresentará propostas objetivas para chefes de Estado

Ao falar diretamente com a comunidade empresarial do Brasil, a presidente do B20, Emma Marcegaglia, foi enfática sobre o trabalho que será entregue ao G20. “As empresas estão prontas para fazerem sua parte, traremos recomendações que sejam passíveis de ações”, ponderou. 

Entre elas, ela adiantou que uma das prioridades é aumentar o comércio multilateral, uma vez que “abordagens unilaterais só deixam os problemas mais agudos”. A chair do grupo também abordou a necessidade de aumentar a distribuição e o acesso à vacina contra a Covid-19, lembrando que pequenas e médias empresas foram mais afetadas e que, portanto, é preciso apoiá-las. 

Representante do governo brasileiro no bloco das 20 maiores economias, o embaixador José Buainain Sarquis pontuou temas que estão em discussão no âmbito do G20 e que são defendidos pelo país. “Temos focado na reforma da OMC, no fortalecimento do multilateralismo do comércio. O Brasil também destaca a importância de reduzir subsídios que sejam efetivos”, exemplificou.

Além disso, ele falou sobre o papel dos grupos, como o B20. “Esse diálogo é chave para refinar nossas posições brasileiras junto com nossos parceiros do G20.”

À frente das forças-tarefas do B20 de comércio e investimento, transformação digital e integridade e compliance, respectivamente, os italianos Barbara Beltrame, Máximo Ibarra e Valentino Ianieri, apresentaram pontos que foram definidos no trabalho conjunto de representantes dos 20 países.

Por exemplo, aumento de investimentos estrangeiros, apoio a medidas sociais e sustentáveis, redução das desigualdades de conexão, digitalização das populações e uma padronização nas medições em escala global contra lavagem dinheiro. Também participou o sherpa italiano do B20, Marco Felisati.

Representantes brasileiros defenderam posição do país

Integrando as discussões do B20, os representantes brasileiros do setor empresarial atuaram para emplacar temas importantes para o Brasil entre as recomendações.


“Conseguimos levar a visão de países emergentes em diversos pontos, especialmente na força-tarefa de comércio e investimento. Por isso, ficamos felizes de ver nossas sugestões no documento de posição”, avaliou a gerente de Diplomacia Empresarial e Competitividade da CNI, Constanza Negri Biasutti.


Desde 2011, a CNI é a representante do setor privado para o B20. Além disso, pela primeira vez, o Brasil teve um representante em cargo de direção no grupo Business. Ex-CEO de empresas, como a GranBio, Tetra Pak, Aché e InterCement, Paulo Nigro atuou como co-chair no Conselho de Ação em Sustentabilidade e Emergências Globais, instituído com foco nas crises sanitárias e na recuperação econômica sustentável.

“O G20 deve focar na criação de acordos internacionais sobre proteção de dados, encorajar o compartilhamento de dados para conter crises cibernéticas e trabalhar na criação de um roteiro de recuperação de dados”, listou Nigro sobre as recomendações do Conselho que deverão ser levadas para os 20 países.

Diretora da Câmara Internacional do Comércio (ICC) no Brasil, Gabriella Dorlhiac endossou que é fundamental a participação nas discussões e parabenizou a proatividade do país. “O setor privado precisa fazer parte do debate para crescer junto e se beneficiar dos avanços. A CNI fez um excelente trabalho nesse sentido”, afirmou. A ICC apoiou o evento, promovido pela CNI em parceria com o B20 Itália.

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