Energias renováveis são prioridade em financiamentos bancários para sustentabilidade

As tecnologias de geração eólica e solar estão entre as que mais acessam essas linhas de crédito

Um dos desafios apontados é garantir o acesso das pequenas e médias empresas aos recursos

Projetos de geração de energia renovável estão na mira dos financiamentos para a sustentabilidade de bancos no Brasil. As tecnologias de geração eólica e solar estão entre as que mais acessam essas linhas de crédito. De acordo com o gerente-executivo de Meio Ambiente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Shelley Carneiro, o sistema de financiamento a iniciativas sustentáveis é cada vez mais crucial para o País implementar as metas estabelecidas na 21ª Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas (COP-21), que ocorre a partir da próxima semana, em Paris.

“O maior desafio é aumentar a acessibilidade de pequenas e médias empresas a esses recursos”, afirmou Carneiro durante a 94ª reunião do Conselho Temático de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, que ocorreu nesta segunda-feira (23). O encontro reuniu 40 representantes da indústria e do governo na sede da Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo (Findes), em Vitória.

Conforme o chefe do Departamento de Meio Ambiente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), José Guilherme Cardoso, houve aumento, nos últimos quatro anos, de 50% nos recursos da instituição destinados a projetos sustentáveis. “Além de energia renovável, com destaque para energia eólica, houve forte elevação dos recursos para florestas, resíduos e mobilidade urbana”, destacou. Entre as linhas de crédito do BNDES, estão o Fundo Nacional sobre Mudança do Clima, o Fundo Amazônia e o BNDES Eficiência Energética.

Os financiamentos do banco Santander para a sustentabilidade cresceu de R$ 2 bilhões, em 2013, para R$ 2,5 bilhões em 2014. Segundo o gerente de Soluções de Negócios do Santander, Nasser Takieddine, na área de energias renováveis, a maior parte de concessão de crédito foi para fornecedores de painéis fotovoltaicos. “Os carros-chefe dos financiamentos são projetos de eficiência energética e para redução e tratamento de resíduos”, disse Takieddine.

O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e o Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes) também apresentaram linhas de crédito para a sustentabilidade durante a reunião do Coema.

MUDANÇAS CLIMÁTICAS – No encontro, a CNI apresentou as Propostas da Indústria Brasileira para o novo Acordo de Mudança do Clima, que foi entregue em junho ao governo. De acordo com Shelley Carneiro, o desafio maior será nas negociações internas dentro do País após o resultado da conferência e iniciativas de redução de emissões de gases de efeito estufa devem estar aliada à busca pelo desenvolvimento socioeconômico, com aumento da competitividade das indústrias e geração de emprego e renda. Ele enfatizou que é necessário também apostar em tecnologias que reduzem as emissões de CO2 no uso de combustíveis fósseis. “É preciso mudar a ótica de condenarmos produtos como o carvão e nos voltarmos para solucionar processos, tornando-os mais eficientes e com menor impacto ao meio ambiente”, afirmou.

Os desafios para o gerenciamento de recursos hídricos também foi assunto debatido na reunião do Coema. O presidente do Coema, Marcos Guerra, que também preside a Findes, destacou a ineficiência da gestão dos recursos arrecadados pelo uso da água, que muitas vezes não são destinados a projetos ambientais. “É preciso dar mais clareza a esses fundos e as prioridades devem ser definidas juntamente com a sociedade”, destacou Guerra.

O Conselho Temático de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Coema) da CNI é composto por representantes de associações setoriais e de federações estaduais de indústria. O objetivo é discutir e propor posicionamento e ações de interesse da indústria na área ambiental.

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