Um museu feito por pessoas: conheça quem está por trás do funcionamento do SESI Lab

Com mais de 98% de aprovação do público, a excelência do museu é baseada em uma equipe multidisciplinar, um ambiente acolhedor e em capacitações de funcionários

homem de óculos olha para cima segurando objeto redondo

No dia 30 de novembro, o SESI Lab, museu 100% interativo localizado no coração de Brasília, completa um ano de abertura. Nessa trajetória, foram mais de 225 mil visitantes e mais de 98% de aprovação pelo público. Quem experimenta as atrações do museu pode não perceber que, por trás de tudo isso, têm centenas de pessoas que fazem parte dessa história. 

Desde a limpeza, a organização, a segurança e a recepção do público, manter o museu é trabalho duro de uma equipe que, além de ser apaixonada pelo espaço, teve a vida transformada pelo SESI Lab. Trabalhar em diferentes áreas e em um ambiente cultural transformou a rotina dos funcionários e reflete na experiência do público.  

A pesquisa de satisfação realizada pelo SESI Lab contou com mais de 2,3 mil respostas válidas com os visitantes do museu, que foram escolhidos de forma aleatória. Desse total, 98% das pessoas consultadas indicaram como muito satisfatória a experiência de conhecer o SESI Lab. A amostra foi coletada em diferentes dias da semana (úteis, fins de semana e feriados), durante todo o horário de funcionamento do museu. 

Um resultado tão acima da média que, em grande e justa parte, se deve ao trabalho de mais de 200 profissionais que trabalham nos bastidores para manter o museu funcional, atrativo e instigante. 

Conheça a história de alguns funcionários do time SESI Lab: 

Um espaço cheio de cuidado  

Quem visita o museu não pode deixar de reparar na organização e na limpeza do local. O cuidado dos trabalhadores que atuam diretamente dessa área está nos detalhes, como conta Dirce Martins, 59 anos, da equipe de serviços gerais. 


“Pra mim, está sendo uma experiência trabalhar aqui. Até então, eu não tinha tido acesso à cultura, aos museus, aos teatros. Aqui foi a minha primeira oportunidade de vivenciar tudo isso. É uma coisa muito importante pra mim, pra sociedade e para as crianças. O SESI Lab é um espaço muito interessante, que eu convido as pessoas a conhecerem. Antes de iniciar o trabalho, tivemos a oportunidade de conhecer os aparatos para saber com o que estamos trabalhando e isso foi maravilhoso”, conta Dirce Martins. 


Nascida em Niquelândia, cidadezinha com 46 mil habitantes em Goiás, Dirce se mudou para Brasília aos 12 anos. Sua primeira experiência no mercado de trabalho foi ainda na adolescência, cuidando de algo que acredita ser sua paixão, as crianças, tanto em casas de famílias quanto em escolas. 

Em 29 de setembro de 2022, ela chegou ao SESI Lab, antes mesmo da inauguração e acompanhou a montagem dos aparatos. “Hoje, eu consigo ver a importância tanto pra gente, trabalhadores, mas também pros visitantes”, afirma. Trabalhar no museu foi, pra ela, a chave de entrada para o lazer ao qual, até então, não tinha acesso. 

mulher preta mexe em brinquedo que parece um cata-vento.

Segurança é a prioridade  

A princípio, você pode achar que a segurança de um museu não tem nada de muito inovador. Ou pensar que é a mesma experiência do filme Uma noite no museu. Júlio César Assunção, 57 anos, fiscal de segurança do SESI Lab, conta que não é bem assim. Para ele, é preciso ter uma segurança bem mais informativa, detalhista e cuidadosa por lidar com públicos diversos.  


“Tá sendo tudo muito inovador pra mim, porque eu ainda não tinha tido a experiencia de ser segurança de um museu. Tô aprendendo muito com o SESI Lab e a gente tem uma rotina de segurança muito alinhada, que vai desde o funcionamento dos aparatos até a limpeza do local. É muito gratificante estar aqui e ter outra visão do que é um museu, porque eu não tinha esse hábito de frequentar espaços culturais. E, hoje, entendo a importância de ter esse tipo de experiência, especialmente para os jovens e estudantes”, fala Júlio Assunção.  


Nascido em Anápolis (GO), Júlio mora em Brasília desde os três anos de idade. Proteger as pessoas tem sido sua função há 26 anos e, no SESI LAB, ele faz parte de uma equipe com outros três fiscais de segurança. “Tomo conta de um time com 19 pessoas, atuando na área de segurança do museu. Trabalhar com segurança em um espaço cultural é uma rotina preocupante, por lidar com vários tipos de pessoas e, especialmente, com muitas crianças. Sempre tentamos nos adaptar da melhor forma possível para garantir o bem-estar de todos”, diz o segurança.  

homem branco, com roupa de segurança, observa o espaço

O contato com o público é o diferencial  

Outro trabalho importante dentro do museu é de quem lida diretamente com o público. Caroline Iarrochiski, 19 anos, estudante de Artes Visuais e Animação integra o grupo de orientador de público do SESI Lab, que fica no espaço para acolher grupos escolares em visitas autoguiadas, zela pelo patrimônio do museu e está disponível para tirar dúvidas dos visitantes nas galerias. Nascida em Santa Catarina, a estudante mora em Brasília desde os três anos e teve o museu como sua primeira experiência em um emprego fixo. 

Por trabalhar diretamente com as artes, ela conta que poder conectar ciências e tecnologia com sua área é uma experiencia muito rica e que a estimula a se desenvolver cada vez mais. Há quatro meses no museu, ela explica que ter esse contato com o público é intrigante, especialmente os adolescentes. "Eles demonstram interessem, mas também querem ficar na deles”, conta Caroline. Na visão dela, aprender a se comunicar com eles é essencial para promover a exploração do espaço e trazer novas visões. 


“É a primeira vez que eu trabalho em museu. Eu vejo uma grande diferença da minha visão antes do e depois do SESI Lab, porque a gente passa por um amadurecimento, se aprofunda em muitas coisas e em multilinguagens. Além disso, sempre fui uma pessoa muito curiosa e aqui tenho a chance de explorar isso. É muito visível, pra mim, que as coisas que aprendo na escola, na faculdade se misturaram muito com o que vivo no museu. E a gente aprende coisa nova todos os dias, porque temos contato com vários pontos de vista e com o que o público consegue associar pra poder aprofundar em um assunto”, afirma Caroline.  

mulher de braços abertos olhando para o lado

Uma loja com a cara do museu 

A fantástica loja do SESI Lab é outro ponto que chama a atenção dos visitantes, principalmente por trazer aspectos do museu em pequenos detalhes. É lá que você pode levar pra casa um pouco do que foi sua experiência. Quem trabalha na loja costuma dizer que os visitantes têm um olhar de admiração que diz ‘Brasília merecia esse espaço’. Samara Marques de Medeiros, 35 anos, faz parte da equipe de vendedores da loja e conta que trabalhar lá tem sido uma experiência cultural fantástica.  


“Todos os dias, recebemos muita gente na loja e pegamos depoimentos sobre objetos que representam o museu. Tem detalhes que significam muito para as pessoas e faz você repensar os conceitos de artes, ciências e tecnologia. As pessoas ficam encantadas quando chegam na loja e veem que tem tudo a ver com o museu. Tudo que eu via na escola se realizou aqui, porque todos os dias aprendo coisas novas. É muito gratificante trabalhar em um local assim. Costumo dizer que eu não tô indo trabalhar, mas, sim, me divertir e aprender”, afirma Samara. 


Nascida em Taguatinga (DF), Samara sempre trabalhou na área de comércio, mas nunca tinha tido a experiencia de estar dentro de um espaço cultural. Quando entrou pra trabalhar na Loja SESI Lab, ela conta que se surpreendeu com a diversidade de pessoas que conseguem ter acesso à cultura. “A gente aprende a passar conhecimento para diversos tipos de pessoas e se cobra a conseguir explicar conceitos de humanas e exatas, mesmo que não seja o nosso forte, e passar isso da forma mais clara para os visitantes”, conta a vendedora.  

mulher de cabelos lisos, sorridente, mexe em objetos em uma mesa

Como ensinar de forma lúdica? 

Um dos objetivos do SESI Lab é unir, de forma lúdica e divertida, os conceitos de artes, ciências e tecnologias. Para isso, conta com uma equipe de educadores que estão em contato direto com os visitantes.  

Diferentemente dos orientadores de público, os educadores são responsáveis por realizar as visitas mediadas temáticas com grupos escolares e não escolares; pela concepção e produção de percursos e oficinas; e dão apoio em subprogramas do Programa Educativo Cultural.  

Um dos integrantes desse time é o Caio Sato, 27 anos. Nascido em Brasília, mestre em Artes Visuais e, como muitos outros funcionários, está no museu desde outubro de 2022, antes mesmo da inauguração. O artista plástico já tinha tido experiência na área de educação, mas sempre sentiu uma barreira para promover o ensino. Foi só dentro do museu que ele conseguiu se ver como docente em um ambiente de ensino não formal. 


“Eu já tinha trabalhado na área educativa, mas sempre em um ambiente precário e com aquela sensação de ‘não tenho condições de atuar’. Quando chego no SESI Lab, me deparo com um cenário e uma estrutura fantásticos, além de uma equipe maravilhosa. Eu sempre quis estar num ambiente de trabalho com pessoas de diferentes áreas. Aqui, no Educativo, a gente tem uma equipe muito diversa e, com isso, conseguimos desenvolver muitas ações, além de ter muita liberdade de explorar, concretizar ideias e dar continuidade para elas”, fala Caio Sato. 

homem de cabelos ruivos e de óculos, sentado em cadeira

Uma boa comida temperada com cultura 

Além de contar com uma vista única, o Café SESI Lab tem um menu preparado para atender diferentes gostos. Dentro daquele pequeno espaço, tem o trabalho de uma grande equipe que está sob comando do chef de cozinha Ercilon Pereira do Oriente, 49 anos. 


“Por 18 anos eu trabalhei na CNI como chef de cozinha. A mudança para um café me fez aprender muito, especialmente pelas pessoas que passam aqui. Conhecemos pessoas novas, gente que tem muito conhecimento em cultura e isso nos ensina muito. Mesmo com toda minha experiência em cozinha, a mudança de ambiente para atuar em um café dentro de um museu é uma vivência muito diferente.”, explica Oriente.  


Formado em Gastronomia, Ercilon trabalha na área desde os 18 anos. Já passou por diferentes ambientes, especialmente em cozinhas industriais. Desde a abertura do Café SESI Lab, em abril de 2023, o chef encarou um novo desafio. 

“Nem sempre as pessoas têm contato com a cultura. Eu mesmo tinha muito pouco. Assim que eu chego no Café SESI Lab, eu já tenho a experiência de visitar o museu, mexer nos aparatos e ver as exposições”, fala Ercilon. Ele conta que, hoje, ter a oportunidade de trabalhar em um ambiente aberto, com vista bonita, equipe qualificada e acesso à cultura, é o que traz qualidade vida para a profissão que tanto ama.   

homem de braços cruzados e chapéu de chefe posa em frente a café

Atenção aos pequenos detalhes 

Doriana Ferreira de Souza, 51 anos, ou Dorinha como chamada carinhosamente pela equipe do museu, atua como copeira no SESI Lab. Nascida em Floriano (PI), Doriana mora em Brasília há 42 anos. Sua história profissional começou em uma lavanderia, passando por artesã de arranjo de flores e, nesses últimos anos, atuando em tarefas domésticas. 

A vontade de voltar ao mercado de trabalhou nasceu com o sentimento de “ninho vazio”, como diz, após a saída dos filhos, já adultos, de casa. Dentro do SESI Lab, Dorinha conseguiu encontrar um lugar para ter novas experiências e criar novos laços e amizades. Com o emprego, ela também consegue ter autonomia para ter suas próprias economias ou para atividades simples, como fazer as unhas. Sua missão no museu é trazer conforto para as pessoas que cercam seu dia a dia, seja com palavras amigas ou café bem passado.  


“Desde que entrei no SESI Lab, minha rotina mudou completamente e pra melhor. Antes, eu era ‘dona de casa’ e, hoje, se pudesse trabalhava todos os dias no museu, do tanto que gosto. O tempo passa rapidinho, por conta do movimento e das amizades que fiz. Eu sempre chego cedo, às 6 horas, e já gosto de deixar um cafezinho pronto tanto pra quem tá chegando quanto pra quem passou a noite. Ainda consigo aproveitar um pouco do museu e posso dizer que minha parte preferida são as exposições de fotos. Em um ano aqui, percebi que sou muito mais pra cima, e mesmo se chego cansada, me sinto feliz”.  

mulher de cabelos cacheados aponta para fotografia

Atentos para qualquer emergência 

A rotina da brigada de um espaço cultural, diferentemente do que muitos pensam, pode ser, sim, muito tranquila. Isso nas palavras de Mônica Gonçalves Amorim, 34 anos, que faz parte da equipe brigadista do SESI Lab. A brasiliense começou a atuar na área há dois anos. Antes disso já tinha trabalhado em empresas privadas e repartições públicas. Ela conta que sua jornada no mercado de trabalho começou ainda na adolescência, aos 14 anos, e nunca parou. 

E, seguindo a lei da atração, desde a construção do museu, Mônica apontava e dizia “um dia vou trabalhar nesse lugar”. Um dos grandes diferenciais tem sido a oportunidade de conseguir novos conhecimentos, conhecer mais da cidade e o contato direto com a cultura. Para ela, outro ponto positivo é o benefício de trabalhar em um espaço aconchegante. E é com um sorriso que ela reforça que estar no museu é a realização de um sonho. 


“O SESI Lab foi minha primeira experiência profissional dentro de museu e tem sido muito interessante e diferente. O que mais me chamou atenção foi poder ter contato com as crianças e com a tecnologia. Pra mim, é um prazer prestar serviço aqui. Eu tô desde o início do SESI Lab e, desde que comecei a trabalhar aqui, fiquei encantada com o local e trouxe toda minha família. Meus filhos nem queriam ir embora, ficaram com gostinho de quero mais, e já quero trazer eles de volta. Todo mundo ao meu redor sabe que trabalho no museu e estou sempre indicando a visita”, diz Mônica Amorim. 

mulher de costas mostra uniforme de brigadista

A formação continuada não para 

É em busca de uma equipe sempre atualizada que o SESI Lab atua na formação dos funcionários, por meio dos Diálogos Equipes SESI Lab. Os encontros buscam agregar temáticas que podem enriquecer e ampliar o potencial da equipe, principalmente na área de inclusão social do acolhimento e atendimento ao público, assim como aprofundar o senso de pertencimento das equipes internas ao museu. As atividades são direcionadas para todas as equipes que trabalham na instituição. 

As ações propostas, pautadas nos princípios da equidade e da diversidade, buscam construir um entendimento conjunto sobre a necessidade de um acolhimento inclusivo e integrar as equipes às ações e modos de experimentação do museu. O formato proposto é de encontros mensais, com cerca de três horas e meia de duração. No total, o museu já realizou oito formações, com 760 participantes.  

Até o momento, quatro temáticas foram desenvolvidas, com dois dias de capacitação sobre cada assunto, sendo:  

  • Por um museu mais acessível  
  • Por um museu antirracista: questões de gênero e raça no atendimento ao público  
  • Atendimento a pessoas em situação de vulnerabilidade social  
  • Direitos à memória LGBTQIAPN+ e linguagem inclusiva  

No próximo semestre, novas abordagens serão inseridas nas temáticas dos Diálogos SESI Lab. 

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