Da quebrada: confira o 2º dia do Expo Favela Brasília no SESI Lab

O evento gratuito aconteceu entre os dias 2 e 3 de setembro e contou com a participação de grandes personalidades. Na programação, ocorreram shows, palestras, atividades literárias e rodadas de negócios

portão de entrada para o Expo Favela. O portão é rozxo e as escritas são em branco e rosa. Ao lado, tem a placa de entrada para o SESI Lab, que é cinza com escritas brancas
O Expo Favela aconteceu em Brasília, no museu SESI Lab. A programação contou com palestrantes, shows e muita diversidade

Acabou hoje a primeira edição do Expo Favela Brasília! Com foco em fortalecer a economia criativa das periferias do Distrito Federal, o evento trouxe para o SESI Lab 60 empreendedores, personalidades das quebradas e especialistas. Nesse domingo, assuntos como planejamento estratégico, tecnologia no mercado de trabalho, economia criativa e a força feminina na linha de frente dos negócios foram abordados nas palestras promovidas durante o evento.  


“As pessoas ainda se assustam quando veem uma pessoa que saiu da periferia à frente de grandes negócios em locais elitizados, mas não deveriam. A periferia é a maioria. A favela é a maioria. Não faz sentido ocuparmos apenas pequenos espaços”, defendeu o chef do restaurante Osteria Vincenza, Edilson Oliveira, que cresceu na Ceilândia.  


Ele foi um dos convidados que compôs o painel Cases de Sucesso para influenciar outros empreendedores brasilienses e visitantes do evento. Durante a conversa, o chef contou histórias de quando estava buscando emprego na juventude e o que fazia para reduzir as chances negativas. “Eu não falava que morava na Ceilândia porque é uma região marginalizada, mas é de lá que saem muitos talentos e profissionais excelentes”, citou Oliveira. 

homem preto, com balzer e camiseta branca, sorri em cima do palco ao lado de um home branco, com camisa azul, e uma mulher de cabelos longos e óculos
Edilson Oliveria é chef do restaurante Osteria Vincenza, ele cresceu na Ceilândia e foi dos palestrantes na 1ª edição do Expo Favela Brasília, no SESI Lab

“Agora, no meu restaurante, dou oportunidade para todas as pessoas e, principalmente, para quem vem da periferia”, reforçou o chef. 

O brasileiro tem que ser estudado 

Sim, essa foi uma das frases citadas no painel Economia Criativa. Mas de forma positiva! Assim como a palavra “gambiarra”, que tem um significado diferente para Kdu dos Anjos, fundador do Centro Cultural Lá da Favelinha, no Aglomerado da Serra (MG).  

homem branco, de regata branca, com corte baixo fala ao microfone ao lado de outro dois palestrantes
Kdu dos Anjos é fundador do Centro Cultural Lá da Favelinha, no Aglomerado da Serra (MG), e fala sobre o potencial do brasileiro para a economia criativa

“Viva a gambiarra! Mas não estou falando de gambiarra no sentido de energia elétrica. Falo no sentido de criatividade, inovação, invenções tecnológicas que beneficiam a população”, defendeu o artista, que soma mais de 49 mil seguidores no Instagram.  


Na conversa com o público, Kdu contou um pouco das experiências que viveu com a comunidade e o Lá da Favelinha durante a pandemia de Covid-19 e mencionou um ponto “chato, mas importante” para todos os empreendedores. “Se burocratizem, pois quando vocês precisarem dar um passo maior ou receberem uma proposta grande, pode acontecer de serem barrados por conta dessas burocracias”, disse  

Apesar de chegar em quase 50 mil pessoas por meio das redes sociais, Kdu continua defendendo o contato presencial. “É sobre saber utilizar a tecnologia a nosso favor, mas sem perder o principal: o olho no olho”, afirmou. 

homem branco, de regata branca, com corte baixo fala ao microfone ao lado de outro dois palestrantes
Kdu dos Anjos fala sobre como o Brasil tem uma potencial para a criatividade e como isso pode ser usado, também, na economia

Empreendimento brasiliense representará a capital em SP 

Além de todo conhecimento, os 60 empreendedores selecionados para da 1ª edição do Expo Favela Brasília passaram por bancas avaliadoras nesse final de semana. Entre esses, apenas 10 empreendimentos se classificaram e seguem para a etapa nacional da Expo Favela, em São Paulo:

  • Piffi
  • Agita Filmes 
  • Companhia do Lacre 
  • BR Fideliza 
  • Eco Inseto 
  • Debora Rezende Ateliê  
  • Neo Leite 
  • Luminous Studio 
  • Rearque 
  • Tempo Eco Arte 

Mais de 400 empreendedores do DF se inscreveram para participar do evento. Os selecionados receberam mentoria antes da realização e tiveram a oportunidade de apresentar ideias empreendedoras, por meio de pitches, para uma banca avaliadora composta por empresários locais e investidores.  

Além da classificação e a viagem para São Paulo, a empresa Piff também recebeu o prêmio no valor de R$ 15 mil, por meio de uma parceria uma parceria com o Instituto Jovem Exportador. 

Igor Pereira, 25 anos, é fundador da Piffi e conta que o nome da empresa surgiu de um momento de extremo cansaço, em que sua mente, literalmente, "pifou". E, daí, veio a ideia de criar sua marca independente de roupas. "Nem sei descrever o sentimento, eu venho da Samambaia e estou três dias virados pra juntar uma grana. Tô feliz!", vibra Igor.

Educação e qualificação profissional para o jovem 

O Serviço Social da Indústria (SESI) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) se uniram ao principal evento do país destinado à conexão entre empreendedores da periferia e grandes polos de inovação e de mercado nacional e internacional. Nessa edição da Expo Favela Brasília, com entrada gratuita ao museu SESI Lab, as duas casas pertencentes ao Sistema Indústria apresentaram tendências e oportunidades de ascensão profissional a partir do incentivo à educação.  

A estreia do SESI e do SENAI como patrocinadores da Expo Favela Innovation é considerada uma vitrine privilegiada para divulgar ferramentas e opções oferecidas pelas instituições, especialmente à parcela da população historicamente colocada às margens de oportunidades e qualificações.  

Confira toda a cobertura do evento por fotos! 

03/09/2023 - 2º dia do Expo Favela

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