1 ano de SESI Lab: conectar, protagonizar e criar a partir da cultura do aprendizado

Conheça a abordagem educacional inspiradora do museu 100% interativo, com acesso democrático e abordagens inclusivas

roda de pessoas conversam em círculo

Para além das diferenças, museus e centros de ciência têm o objetivo comum de tornar conhecimentos científicos e tecnológicos acessíveis para todos os públicos. O SESI Lab conecta arte, ciência e tecnologia com a vida cotidiana, da concepção do projeto à sua concretude. Desde a inauguração do museu, em novembro de 2022 até 31 de outubro, mais de 60 mil pessoas participaram de mais 1,2 mil atividades educativas.

O programa educativo e cultural do SESI Lab alinha teorias aprendidas na sala de aula com o dia a dia, a partir da realização de oficinas maker e biomaker, atividades educativas nas edições do Night Lab e na Estação Descoberta, além das galerias de longa duração. Também fazem parte da estratégia de disseminar a educação não formal as visitas educativas para público espontâneo e agendadas, ações de formação de profissionais da educação, o projeto Maker Livre e a formação continuada das equipes do SESI Lab. 

Antes mesmo de completar um ano de inauguração, foram contabilizados mais de 41 mil participantes nas visitas educativas, no acumulado até outubro, ultrapassando a meta anual de 40 mil pessoas impactadas. O quantitativo é relativo às modalidades de visitas autoguiadas e temática para grupos, realizadas pela equipe de educadores e orientadores de público.

Com estratégias baseadas na criatividade e na interatividade para despertar a sede pelo aprendizado, é possível compreender com mais naturalidade fenômenos e teorias, e aplicar conhecimentos a outras situações e contextos sociais.


“O SESI Lab foi pensado como um hub de produção e difusão do saber instalado em localização estratégica para garantir a democratização do acesso ao conhecimento. A educação é o principal pilar do SESI, e quando instalamos o SESI Lab bem na entrada da Esplanada dos Ministérios e ao lado da Rodoviária do Plano Piloto foi justamente para ressaltar, de forma inequívoca, que a nossa principal vitrine é uma educação de qualidade, que transforma e que é lúdica", explicou Paulo Mól, diretor de Operações do Serviço Social da Indústria (SESI)


 

grupos de pessoas posam sorridente em frente a uma parede estampada nas cores branco e azul
Equipes do SESI Lab e do Exploratorium durante a inauguração do museu, em 30 de novembro de 2022

SESI Lab, Exploratorium e Expomus: aprendizagens em movimento

Cerca de dois anos antes da inauguração do museu interativo, o SESI, o Exploratorium e a Expomus reuniram especialistas da área da educação para juntos construírem o Programa Educativo, com uma abordagem colaborativa. O trabalho do GT também orientou o processo curatorial de seleção do acervo expositivo. Na avaliação de Anne Richardson, diretora sênior de Colaborações Globais do Exploratorium, em São Francisco (EUA), essa troca permitiu o florescimento de ideias e a criação de novos modelos de aplicação a partir das práticas desenvolvidas pelo Exploratorium. 


“Embora os programas educacionais do SESI Lab sejam inspirados e embasados no Exploratorium, não são uma réplica exata. Eles estão profundamente enraizados nos valores e aspirações pedagógicas que o SESI trouxe para essa parceria, bem como nas descobertas a partir de nossa interação, por todo o território nacional, nas redes SESI e SENAI”, pontua Anne. “Além disso, o grupo de trabalho adotou uma clara reorientação, de uma postura de ensino e aprendizagem mais voltada ao indivíduo para uma abordagem que enfatiza as experiências coletivas na aprendizagem e na construção do entendimento”, destaca.


Um verdadeiro guia para reflexão e estímulo ao diálogo, permitindo a construção de significados a partir das expectativas e conhecimentos prévios dos visitantes. “A missão educativa do SESI Lab é fomentar o pensamento crítico, a criação e a transformação do mundo com ética e responsabilidade socioambiental, a partir da conexão de processos artísticos, científicos e tecnológicos em diálogo e colaboração com diferentes públicos. É com muito orgulho que destaco que, mesmo em tão pouco tempo, já conseguimos colocar em prática atividades voltadas à formação de sujeitos mais ativos e conscientes do seu papel social”, analisa Cláudia Ramalho, gerente-executiva de Cultura do SESI.

A participação da Expomus, parceiro técnico do SESI Lab, deu-se na elaboração do plano museológico e todas as frentes de atuação do museu. “Hoje, o SESI Lab é um verdadeiro templo para nós, da Expomus. Uma verdadeira conquista fazer parte de um projeto desse porte. Lá no início, a condição dada para participar do projeto foi a de ser garantida a valorização do processo de implantação do projeto. E tudo isso foi feito preservando autonomia, força e grandiosidade do museu”, enfatiza Maria Ignez Mantovani Franco,  diretora-presidente da empresa de assessoria museológica Expomus. 

Como resultado dessa imersão, a perspectiva educacional desenvolvida para o SESI Lab foi norteada por dois movimentos educacionais contemporâneos: o movimento Ciência, Tecnologia, Sociedade e Meio Ambiente (CTSA) e a abordagem Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática (STEAM). Além disso, os princípios da Base Nacional Curricular Comum (BNCC), construindo possibilidades de diálogo entre os programas museológicos do SESI Lab e as pedagogias educacionais do SESI e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI). Conheça um pouco sobre cada abordagem: 

- STEAM: objetiva apoiar o desenvolvimento do pensamento complexo e da criatividade através da experimentação de processos artísticos, integrando-os aos processos científicos e tecnológicos. Para isso, são estimuladas aprendizagens baseadas em projetos, usando metodologias contextualizadas e atividades práticas, especialmente as chamadas atividades maker, que trazem um forte componente de colaboração social, engajamento e estímulo à criatividade.

- CTSA: tem sua origem nos museus e centros de ciências e visa promover a visão crítica das possibilidades científicas e tecnológicas contemporâneas e futuras, formando cidadãos capazes de opinar sobre os temas científicos e seus impactos na vida social, bem como formar repertório para a tomada de decisões mais conscientes.

- BNCC: estimula a aprendizagem da ciência e tecnologia a partir de uma perspectiva interdisciplinar, ao longo da vida e dentro de um arcabouço social e eticamente responsável. Suas ações buscam valorizar as diversas perspectivas existentes entre os visitantes, a preparação para o mundo do trabalho e para uma cidadania consciente, a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos e o uso das tecnologias digitais. 

mulher branca de cabelos loiros posa sorridente, com roupa branca, em frente a parede preta e branca
A diretora do Jardim de Infância da 302 Norte, Paola Aragão, realizou formações e visitas guiadas com as turmas da educação infantil

Acesso à educação não formal para todos 

O propósito do museu de ser uma inspiração para o futuro das próximas gerações, por meio de uma abordagem educacional criativa e inspiradora, inclui a garantia de acesso democrático e abordagens inclusivas. Cerca de 60% do público participantes das atividades educativas, no último trimestre deste ano, foi de estudantes da rede pública de ensino. Entre agosto e outubro, mais de 10,7 mil alunos matriculados na rede pública foram atendidos pelo museu. 
 
As ações educativas do SESI Lab são dirigidas a diferentes tipos de público, que foram identificados com a finalidade de organizar o planejamento e a produção. Foram elaboradas atividades para grupos organizados, incluindo escolas, organizações sociais e associações; famílias e adultos; além de ações específicas de inclusão sociocultural com pessoas em situação de vulnerabilidade social, pessoas com deficiência, público LGBTQIA+, mulheres, pessoas negras e indígenas.

O desafio de provocar reflexões sobre a produção de conhecimentos artísticos, científicos e tecnológicos foi aceito pela diretora do Jardim de Infância da 302 Norte, Paola Aragão. A primeira experiência da docente com o SESI Lab foi como participante do café da manhã para profissionais da educação das redes pública e particular. A partir desse contato, ela agendou visitas para os estudantes da educação infantil. “Na minha avalição, é necessário que os professores conheçam o museu antes de levar turmas de alunos para entenderem tudo que pode ser proporcionado e conseguir escolher percursos e possibilidades de abordagens”, pondera a diretora.  

“O SESI Lab traz para Brasília uma condição de aprendizado para as crianças que nós não tínhamos ainda. E o que mais me encantou no museu foi a possibilidade dos alunos, separados por temas e abordagens, trabalharem ciência, de forma prática e mostrando para eles onde a ciência está”, explica Paola Aragão. 

Os resultados de aprendizagem obtidos nas visitas agendadas também foram percebidos pela coordenadora pedagógica do Centro de Ensino do SESI Taguatinga, Vânia Alves Costa. Até o momento, foram quatro visitas realizadas com seis turmas de 7 e de 9 anos, em ocasiões distintas. 

Para os estudantes do 7º ano, foram disponibilizadas oficinas com os temas:  O Mundo ao redor e Cores da natureza, envolvendo experiências de fenômenos que levaram a reflexão sobre novas possibilidades de futuro. Com os estudantes do 9º ano, foi realizada atividade interligando saberes científicos de energia, envolvendo transformação e fontes de energia, circuitos elétricos, materiais isolantes e condutores, de forma interdisciplinar e contextualizada com problemas reais.

“As saídas pedagógicas cumpriram o papel de complementar os conteúdos estudados em sala de aula, difundindo, interligando saberes em um espaço de interação, criando significados e reimaginando possibilidades de um futuro por meio da criatividade e da investigação”, afirma Vânia.

Formação de profissionais da educação 

Atualmente, o SESI Lab oferece duas modalidades de formação para profissionais da educação: 
 
- Café da manhã com profissionais da educação: Acontece duas vezes por mês, aos sábados, das 10h30 às 12h30. O encontro é gratuito mediante a inscrição prévia e tem a seguinte dinâmica: após a recepção com um café da manhã, são apresentadas aos profissionais as potencialidades educativas do SESI Lab, seguida de uma visita educativa pelo espaço.   

 - Curso de formação para profissionais da Educação “Museus e Educação: criação de projetos de visitas para grupos”: São abordados temas como: especificidades da educação museal, criação de estratégias de visita a museus, conexões entre museus e ensino de ciências e aprofundamento conceitual do Programa Educativo do SESI Lab. O curso é realizado em parceria com o Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências da Universidade de Brasília (UnB), com direito a certificado de curso de extensão de 20 horas. 

Programa Diálogos: Diversidade, Equidade e Inclusão

Com esses três pilares, são desenvolvidas ações que construam uma relação significativa com o território em que o SESI Lab se insere, de forma a ampliar o acesso, a participação e a construção de um senso de pertencimento de grupos historicamente excluídos, atuando como um agente de transformação social no Distrito Federal. 

Já em fase de implementação para o próximo ano, a Gerência de Programação Cultural ampliará a atuação com o Programa Diálogos com os Territórios, de interlocução com a periferia do Distrito Federal; o SESI Lab Delas, um programa de mentoria continuada para jovens mulheres, estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio da rede pública do DF, e o desenvolvimento e envio do Kit SESI Lab para as Escolas SESI de todo Brasil.

grupo de pessoas em museu observam quadros
O professor de Artes Visuais da Escola Parque 308 Sul Cleber Cardoso Xavier junto com a turma em uma das visitas ao SESI Lab

Maker Livre: espaço para projetar e prototipar 

Todas as sextas-feiras, das 14h às 18h, o espaço maker é de uso livre para pessoas prototiparem projetos de inovação e educação, usando máquinas de fabricação digital, marcenaria e eletrônica. Desde dezembro do ano passado, foram realizadas 27 edições com 171 participantes.

Totalmente sem custo a partir de agendamento prévio, é possível trocar experiências com outros profissionais e ter acesso à estrutura completa, incluindo impressora 3D, computadores, cortadora a laser, plotter, máquinas de costura, bancada de eletrônica e ferramentas. O objetivo é proporcionar um ambiente para que profissionais da educação, desenvolvedores de novas tecnologias e pessoas interessadas em criar produtos e processos inovadores, usem os recursos disponíveis para desenvolverem suas criações. 

O programa foi porta de entrada ao mundo maker para o professor de Artes Visuais da Escola Parque 308 Sul Cleber Cardoso Xavier. Depois de participar de uma edição da formação e do café da manhã, o professor agendou participação no Maker Livre e elaborou, com consultoria da equipe do Educativo do museu, estratégia de arte educação para crianças cegas a partir do uso de visualidades das obras de Athos Bulcão.  Atualmente, Xavier está confeccionando paleta de cores a partir de texturas, para ter uma melhor percepção da pessoa cega quanto ao material.

“Vejo o SESI Lab como um local de trocas contínuas e continuadas de conhecimento, formação, estratégias de mediação e educação, bem como uma instituição que promove a facilitação na construção e execução de processos inovadores, principalmente a partir do Espaço Maker. Espero continuar o projeto de arte educação para cegos até a possibilidade de desenvolvermos estratégias tridimensionais, alcançando uma qualidade singular para o processo de inclusão no cenário de mediação artística e museal no Distrito Federal”, almeja.

Parceria entre TikTok e o SESI Lab vai popularizar temas de arte, ciência e tecnologia na plataforma mundial

Fomento à edução a partir de parceiros estratégicos

Pautados pelo propósito de produzir conteúdo de qualidade com foco na divulgação científica, o TikTok e o SESI Lab se uniram para popularizar temas de arte, ciência e tecnologia na plataforma mundial, além de realizar ativações no museu 100% interativo instalado em Brasília. A parceria foi lançada em 26 de outubro e já nasce com um desafio: promover o uso inovador de ferramentas digitais e de comunicação para experimentação de novas formas de aprender e ensinar.

Em julho, o SESI Lab e a Neoenergia inauguraram o “Percurso da Energia”, composto por dez aparatos interativos, além de roteiros educativos com oficinas planejados para todos os níveis de ensino da Educação Básica. O transporte e o acesso ao museu, para o público-alvo do projeto, são oferecidos de forma gratuita, mediante a agendamento prévio. A nova modalidade de percurso visa beneficiar 14 mil estudantes e é resultado de acordo de cooperação técnica firmado entre as duas instituições para promover, no prazo de 24 meses, atividades educativas relacionadas à temática energética. 

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