SESI, SENAI e Abit lançam protocolo de retomada das atividades no setor de confecção

Em bate-papo virtual, especialistas apresentaram recomendações listadas no documento, como adequações em ambiente e medidas de proteção individual para trabalhadores de indústrias de confecções

Orientações incluem fatores de riscos específicos de contaminação na indústria de confecção, como descartes de agulhas e hábitos de trabalhadores de umedecer linhas

O Serviço Social da Indústria (SESI) lançou em live nesta quinta-feira (9) o Protocolo: Prevenção da Covid-19 na Confecção Industrial. O Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI-Cetiqt), a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) e o Serviço Brasileiro das Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) são parceiros da iniciativa.

“Esses protocolos farão enorme diferença para a retomada segura. Queremos que o Brasil seja reconhecido em sustentabilidade e em saúde e segurança das pessoas”, destacou o presidente da Abit, Fernando Pimentel, que abriu o bate-papo com especialistas.

A psicóloga do SESI Geórgia Matos, que coordenou o trabalho do protocolo, afirmou que o documento estará sendo sempre atualizado conforme diretrizes do governo e de organismos internacionais. “O objetivo é apresentar recomendações para indústrias operarem com o máximo de segurança possível, preservando a saúde das pessoas e contribuindo para manter o emprego e renda”, disse.

Segundo o engenheiro de segurança do SESI Dernival Neto, ponto crucial para evitar contaminação é disponibilizar informação de qualidade aos trabalhadores, sobretudo em relação ao protocolo adotado.

Ele destacou algumas medidas de adequação do ambiente de trabalho para reduzir os riscos de contágio, como garantir o distanciamento de, no mínimo, 1,5 metro entre as pessoas e, caso não seja possível, a adoção de barreiras de proteção nos postos de trabalho. “A limpeza e desinfecção de ambientes também é ponto de atenção, sobretudo, por meio do reforço em locais que costumam ser mais tocados pelas mãos”, alertou.

“Esses protocolos farão enorme diferença para a retomada segura.Queremos que o Brasil seja reconhecido em sustentabilidade e em saúde e segurança das pessoas" - Fernando Pimentel, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil

Neto ressaltou ainda os desafios de reduzir os riscos de contaminação entre trabalhadores que precisam usar o transporte público e em refeitórios e copas. “As pessoas que usam transporte público precisam ser orientadas a ter mais cuidado na higienização das mãos e evitar leva-las ao rosto”, orientou. “Nos locais em que pessoas fazem suas refeições, elas tiram a máscara e, por isso, as medidas de distanciamento e ventilação precisam ter atenção redobrada”.

Atenção aos detalhes e influência dos líderes

Conforme o consultor do SENAI-Cetiqt Luiz Cláudio Leão, o setor de confecção é feito de muitos detalhes e riscos, como por exemplo o processo de descarte de agulhas quebradas e o hábito de costureiras umedecerem linhas com os lábios para enfiá-las nas agulhas.

“Em vez de passar agulhas quebradas por três a quatro profissionais, deve-se ter um suporte para o descarte em cada estação e depois apenas um profissional recolhe tudo, com os devidos cuidados”, destacou. “No caso de precisar umeder a linha, as costureiras devem ser orientadas a fazê-lo com álcool em gel”.

Nesse cuidado com detalhes, é fundamental os líderes estarem atentos para passar as orientações aos trabalhadores. “Os gestores devem atuar efetivamente para que não haja problemas que elevem os riscos de contágio”, disse Leão. “A repetição das informações é a base do sucesso no enfrentamento à pandemia”. Leão reforçou ainda a importância dos cuidados com a saúde mental e com a alimentação para o fortalecimento do sistema imunológico. “É preciso ainda incentivar as pessoas a tomar muita água”, complementou.

"O objetivo é apresentar recomendações para indústrias operarem com o máximo de segurança possível" - Georgia Matos, psicóloga do SESI

O médico do trabalho do SESI Cláudio Patrus tratou do ciclo de cuidado com as pessoas desde o monitoramento da saúde, o tratamento de casos suspeitos ou confirmados e o retorno ao trabalho de profissionais que se recuperaram da doença.

“É uma doença que foi identificada há poucos meses e, de março até hoje, houve grande evolução tanto na lógica de atendimento quanto de tratamento”, declarou. “Um ponto de atenção é o desfecho da situação, pois o retorno precoce de trabalhadores pode provocar o adoecimento em massa”.

Segundo Patrus, os líderes têm papel importante nesse cuidado com os trabalhadores. “Os gestores têm de disparar mensagem para saber como está a saúde das pessoas e orientar que, se o caso é sintomático, que oriente não ir ao trabalho e buscar o serviço médico”, afirmou o médico do SESI.

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