A inovação que cuida e cura

Equipamentos desenvolvidos em iniciativas do SESI e do SENAI ajudam a enfrentar a pandemia, proteger trabalhadores e equipar o sistema de saúde no país

Centro de Inovação em Ergonomia do SESI, em Belo Horizonte, desenvolveu câmera que identifica a febre em trabalhadores

A inovação é uma das principais armas para vencer a batalha contra o novo coronavírus. O Serviço Social da Indústria (SESI) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) sabem muito bem disso e colocaram não apenas a estrutura de laboratórios e institutos de inovação e tecnologia na linha de frente, como têm incentivado, de diferentes formas, a busca por soluções no combate à pandemia.

Nesse sentido, parcerias são fundamentais. E da união de forças da indústria, da academia e do governo têm surgido projetos capazes de salvar milhares de vidas. É o caso do capacete de respiração assistida, desenvolvido no Ceará, um dos estados mais atingidos pela pandemia no Brasil.

Com a pouca disponibilidade de respiradores mecânicos nas unidades de saúde, é cada vez mais importante ter alternativas para o tratamento dos pacientes. Foi assim que o SENAI, a Universidade Federal do Ceará (UFC), a Universidade de Fortaleza (Unifor), a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), a Secretaria de Saúde do Estado do Ceará e a Escola Pública do Ceará criaram o capacete “Elmo”.

Ele é composto por uma argola rígida, por onde entram os tubos com provimento de oxigênio, uma base flexível de látex ou silicone, que se ajusta ao pescoço do paciente, e uma coifa de PVC, que é o capacete propriamente dito, montado sobre os outros dois componentes.

Esta é a primeira versão do capacete Elmo criado na FIEC

O modelo inovador prevê a utilização de um mecanismo de respiração artificial não invasivo, sem necessidade de o paciente ser intubado, com maior segurança também para os profissionais de saúde. “É o primeiro do tipo no Brasil, sem necessidade de ventiladores”, destaca um dos responsáveis pela inovação, o médico pneumologista e professor de Medicina da Universidade Federal do Ceará, Marcelo Alcântara.

Outra vantagem é o baixo custo. Enquanto uma máquina de ventilação mecânica custa, em média, 70 mil reais, cada capacete respirador custa cerca de 300 reais.

O protótipo foi desenvolvido no Instituto SENAI de Tecnologia em Eletrometalmecânica. O SENAI do Ceará é um parceiro-chave na viabilização do capacete, estando envolvido na elaboração do projeto técnico, no desenvolvimento e na construção do protótipo, na busca de parceiros industriais para a produção de alguns componentes e nas fases de teste realizadas nos laboratórios da instituição.

“O protótipo foi validado e encaminhado, no início de maio, para a avaliação do Instituto Nacional de Metrologia (Inmetro) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Certamente poderemos produzir em larga escala para atender à demanda de todo o Ceará e de outros estados”, garante o diretor regional do SENAI do Ceará, Paulo André Holanda.

Túnel de descontaminação é outra criação do SENAI

Em Salvador, um invento do SENAI CIMATEC chamou a atenção de autoridades e da imprensa e teve destaque no Jornal Nacional, da TV Globo. Trata-se do Túnel de Descontaminação para Profissionais de Saúde.

Feito de alumínio, o túnel dispõe de uma tubulação de PVC que pulveriza uma solução de hipoclorito de sódio (água sanitária) durante a passagem de pessoas pelo equipamento. O profissional de saúde, ao final do seu turno de trabalho, deve passar pelo túnel – um corredor de 2,5 metros, ainda com o Equipamento de Proteção Individual (EPI) V para que, em seguida, possa retirar esse equipamento com menor risco de contaminação.

O pesquisador chefe do Instituto SENAI de Inovação em Saúde, Roberto Badaró, explica que a iniciativa é capaz de reduzir consideravelmente a disseminação do novo coronavírus. “A gente sabe que 50% da contaminação dos profissionais da área da saúde não ocorrem somente no contato com o paciente. A contaminação ocorre, também, quando tiramos a capa, o gorro, a máscara, ou seja, quando vamos nos desparamentar”, afirma.

A estrutura custa 10 mil reais e já foi instalada em três unidades de saúde da Bahia: no Hospital Espanhol, no Instituto Couto Maia e no Hospital Santo Antônio, das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID). O SENAI continua produzindo novas câmaras de desinfecção e estuda a possibilidade de o equipamento ser utilizado em outros ambientes, como shoppings, academias e estações de metrô.

“O SENAI possui, hoje, a maior rede de apoio à inovação e ao aumento de produtividade na indústria, que está sendo colocada à disposição de toda a sociedade neste momento em que o Brasil e o mundo enfrentam um grave problema”, destaca o diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi. “A instituição reafirma seu compromisso de ajudar o país em seus momentos mais decisivos”, registra.

Outras medidas criadas para combater a Covid-19

Já em Mato Grosso, o SENAI construiu e entregou, para hospitais de Cuiabá, quatro protótipos de cápsulas de oxigenação para isolamento individual de leitos. Os equipamentos, ainda em fase de testes, podem reduzir o tempo de internação de pacientes da Covid-19 e a necessidade de encaminhamento à UTI, além de proteger os profissionais de saúde.

A cápsula é constituída por uma estrutura de PVC, coberta com material transparente e equipada com filtro de ar, que é acoplada à cama do hospital. O equipamento isola toda a parte superior do corpo do paciente, impedindo o contágio de quem está no mesmo ambiente, graças à bateria física e a um filtro de ar que tem capacidade de reter o vírus.

Além disso, conta com um dispositivo que permite ligação ao sistema de oxigênio hospitalar, o que pode evitar a necessidade do uso de métodos invasivos para dar suporte à respiração do paciente. Ainda em fase de testes, o custo de fabricação é de 500 reais por unidade.

A cápsula é constituída por uma estrutura de PVC, coberta com material transparente e equipada com filtro de ar

De Minas Gerais, uma outra ideia inovadora, dessa vez do SESI, se tornou uma importante aliada das empresas na prevenção ao coronavírus. É a adaptação de um equipamento que já era utilizado no mercado, mas com outras finalidades: a câmera térmica. Ela identifica, de forma rápida e assertiva, possíveis trabalhadores com febre.

O projeto surgiu no Centro de Inovação em Ergonomia (CIS Ergo) do SESI, em Belo Horizonte, e logo foi colocado em prática nas indústrias Vale do Sol e Anglo American.

“Moldamos uma tecnologia que já existia no mercado, utilizada na área da saúde e da engenharia, para atender à demanda emergencial da indústria”, explica a gerente do CIS Ergo, Carla Sirqueira.

“Os trabalhadores são avaliados no início da jornada e a identificação de febre com a câmera térmica apoia a indústria na tomada de decisão quanto o acolhimento desse industriário”, explica a gerente.

O Sistema Indústria foi reconhecido internacionalmente 

As rápidas medidas tomadas pelo SESI e pelo SENAI no combate à Covid-19 ganharam o reconhecimento da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), do Centro Interamericano para o Desenvolvimento do Conhecimento na Formação Profissional da Organização Internacional do Trabalho (OIT/Cinterfor) e da WorldSkills, organizadora da maior competição de profissões técnicas do mundo. As organizações destacaram a importância das iniciativas de caráter emergencial do SESI e do SENAI.

Para seguir estimulando as inovações neste momento, o SESI e o SENAI, em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), destinaram R$ 30 milhões a projetos de startups e empresas que solucionem problemas causados pela Covid-19 em quatro frentes: detecção e diagnóstico; prevenção; tratamento de doentes; e apoio à fabricação e ao desenvolvimento de novos equipamentos.

A Indústria contra o coronavírus: vamos juntos superar essa crise

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