A prática regular de atividades físicas, considerada por especialistas como um dos principais meios de promoção e cuidado com a saúde, ainda não faz parte da rotina da maioria dos brasileiros. Pesquisa do Serviço Social da Indústria (SESI) com a população revela que 52% dos entrevistados raramente ou nunca fazem exercícios. Entre os que praticam atividades físicas, 22% se exercitam diariamente, 13% pelo menos três vezes por semana e 8% pelo menos duas vezes por semana.
A frequência da prática de atividades físicas é um dos itens do levantamento, que abordou hábitos relacionados à saúde, qualidade do atendimento e dos serviços de saúde, a relação entre saúde e trabalho e perfil de uso dos serviços. A pesquisa foi realizada pelo Instituto FSB Pesquisa entre os dias 10 e 14 de março de 2023. Foram entrevistados 2.021 cidadãos com mais de 16 anos em todos os estados do país. A margem de erro é de dois pontos percentuais, com intervalo de confiança de 95%.
“A promoção da saúde e de comportamentos preventivos é fundamental para a redução de problemas na vida das pessoas. Com a prática de atividades físicas, temos pessoas mais saudáveis e dispostas para encarar os desafios do dia a dia”, destaca Rafael Lucchesi, diretor superintendente do SESI.
A premissa é evidenciada quando se faz a associação entre prática de atividade física e adoecimento. De acordo com a pesquisa, 72% das pessoas que praticam exercícios com frequência não tiveram problemas de saúde nos últimos 12 meses. Entre aqueles que nunca praticam atividades físicas, 42% tiveram problemas de saúde nos últimos 12 meses.
Quando questionados sobre o estado de saúde individual comparado com alguém da mesma idade e sexo, 7 em cada 10 brasileiros (67%) avaliaram como “muito bom” e “bom”. Outros 26% avaliaram como regular e 6% como ruim e muito ruim. E quando perguntados sobre todos os aspectos que envolvem a saúde – físico, mental e social, não somente a ausência de doenças -, o percentual de quem avaliou o estado de saúde como muito bom e bom caiu cinco pontos percentuais (63%).
Boa saúde envolve físico, mental e social, dizem entrevistados
A relação entre trabalho e qualidade de vida também foi abordada pela pesquisa. Nesse aspecto, 9 em cada 10 entrevistados (94%) concordaram que um profissional com a saúde física e mental em dia é mais produtivo no seu trabalho. A pesquisa também apontou que 12% dos entrevistados têm hábito de realizar consultas regulares com psicólogo.
A maioria acredita que a saúde é um fator que não significa somente ausência de doenças ou enfermidades. Para quase 9 em cada dez pessoas (88%), a saúde é um estado completo de bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença. O trecho da pesquisa que abordou a relação entre saúde e trabalho também avaliou aspectos como a satisfação com a atividade e o ambiente, perda de trabalho por motivos relacionados à saúde e o envolvimento em acidentes.
A população – neste caso, empregados formais - também foi perguntada sobre medidas adotadas para melhorar a saúde dos trabalhadores. Para 66% dos trabalhadores, as empresas em que trabalham estabelecem limites de horas de trabalho ou número de turnos, 55% permitem flexibilidade e pausas para descanso ou prática de exercícios e 49% têm estrutura para prevenir violência, assédio e discriminação, ambiente livre do fumo e política de jornada de trabalho flexível, como home office.
67% usam o Sistema Único de Saúde
A pesquisa do SESI também buscou verificar como a população utiliza e avalia o sistema de saúde (público e privado), tanto pela percepção quanto pela experiência. Segundo o levantamento, 43% dos brasileiros utilizam apenas os serviços públicos, 27% utilizam tanto serviços públicos e privados e 12% utilizam o serviço privado. Entre os que utilizaram nos últimos 12 meses, 67% recorreram ao sistema público e 32%, ao setor privado
Os resultados chamam a atenção para a grande diferença entre como o brasileiro percebe a qualidade do serviço utilizado com sua experiência de atendimento, em especial em relação aos serviços públicos. Quando se trata da percepção sobre a qualidade dos serviços públicos e privados, as perspectivas são diametralmente opostas. Entre os entrevistados, 40% consideram a qualidade dos serviços privados ótima e boa e 15% a consideram ruim ou péssima. Quanto aos serviços públicos, apenas 16% dos entrevistados consideram a qualidade ótima e boa e 46% a consideram ruim e péssima.
De forma geral, a percepção negativa sobre o serviço público parte do brasileiro que utiliza apenas o setor privado. Entre os usuários do serviço privado, 15% consideram a qualidade do serviço público ótima ou boa, enquanto 51% a avaliam como ruim ou péssima. Esse mesmo público avalia o serviço privado, 50% o avaliam como bom ou ótimo e 13%, como ruim ou péssima. Já entre os usuários apenas do serviço público, 34% avaliam o serviço privado como ótimo ou bom.
Na população total, porém, quando se avalia a experiência de atendimento na rede pública (Sistema Único de Saúde – SUS), 45% a consideraram ótima e boa, 35% a consideraram regular e 18% a consideraram ruim ou péssima.
De maneira geral, quem utilizou os serviços de saúde (públicos e privados) recentemente, avaliou bem tanto o atendimento como os serviços. A qualidade do atendimento foi ótima e boa para 68% da população, regular para 23% e ruim ou péssima para 9%. A qualidade do serviço foi ótima e boa para 67%, regular para 25% e ruim ou péssima para 8%.
Maioria defende atendimento primário como porta de entrada no sistema de saúde
A Atenção Primária em Saúde foi valorizada pela população ouvida na pesquisa. Para 8 em cada 10 pessoas, o percurso no sistema de saúde deve iniciar nesse nível de atendimento: 79% acham melhor o paciente ser sempre atendido pelo clínico geral ou pelo programa de saúde da família antes de procurar um especialista.
“O fortalecimento e a reorganização da atenção básica, por meio da coordenação entre os diferentes níveis de cuidado e acompanhamento dos pacientes na trajetória ao longo do sistema, são importantes quando se busca maior eficiência e resultado em saúde. E essa é, sem dúvida, uma agenda prioritária para o país”, destaca Katyana Aragão, gerente-executiva de Saúde e Segurança na Indústria do SESI.
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