🎶 Não aprendi dizer adeus: minha última competição de robótica

Em seu último torneio como competidores, estudantes do 3º ano do ensino médio compartilham o que deixam de legado para as novas gerações e os próximos passos

Os competidores do terceiro ano do ensino médio se reúnem para uma última fotografia antes de se "aposentarem" da FTC

Para os jovens que se formam no ensino médio este ano, o Festival SESI de Robótica Off Season é o último torneio como competidor. Enquanto os que vão para temporada 2023/2024 já estão na expectativa do próximo desafio, os que terminam esse ciclo vivem um clima de despedida, pensando nos próximos passos e no legado que deixam para os calouros de equipe.

Ana Luísa Santos é integrante da equipe 23055 Tech Fênix, do SESI de São Gonçalo (RJ). A temporada Energize foi a primeira e a última para a estudante do 3º ano, que foi responsável por todo design da equipe, da logomarca aos panfletos, pit e uniformes. 

“Meu legado para a equipe é o design da Tech Fênix, que fiz com muito carinho. Trouxemos a fênix como símbolo de renascimento e das nossas equipes irmãs do FLL, mas acrescentamos a engrenagem para representar a FTC”, explicou Ana Luísa. “Desde o início, pensamos em cores fortes para chamar atenção dos juízes e das outras equipes”.

Se tem um legado que fica, tem a herança que ela leva da robótica: “Vou dar uma focada no vestibular depois dessa competição, mas pretendo fazer Artes no ensino superior e seguir na área de design”, contou a carioca. 

Na frente estão os dois veteranos da equipe 23055 Tech Fênix, do SESI de São Gonçalo (RJ)

O parceiro de time Kauã Andrade, 16 anos, também não vai participar da próxima temporada. Embora esteja no 2º ano do ensino médio, ele conta que quer buscar outras atividades em 2024. Mas não sem antes passar os conhecimentos aos demais colegas e deixar o robô, batizado de Little Tech, com uma novidade que foi aprimorada e testada no Off Season.

“Nós começamos a equipe do zero em meados de novembro de 2022 e tivemos apenas 10 dias até a primeira competição, que foi um amistoso em Caxias. Mesmo com pouca experiência, conseguimos nosso primeiro prêmio”, explicou Kauã. Da etapa nacional realizada em Brasília, em março, até esta do Rio, eles fizeram uma mudança considerável no robô para ter mais agilidade na captura dos cones.

“Antes não conseguíamos virar só a garra, então precisávamos movimentar todo o robô para pegar um cone de um lado e redirecioná-lo. Nos inspiramos em outra equipe e, agora, incluímos um tipo de prato de acrílico que gira e facilita esse movimento, nos ajudando a economizar tempo”, detalhou o estudante.  

“Fico feliz por ter chegado até aqui, mas agora quero aproveitar outras oportunidades que a escola também oferece”, comentou Kauã sobre não participar da próxima temporada.

Vão-se os estudantes, ficam as equipes

A ficha de que a temporada 2022/2023 marcará a "aposentadoria" como competidora começou a cair para Bruna Costa aqui no Off Season. A gaúcha é uma das fundadoras da equipe Black Mamba, da F1 in Schools, criada há três anos no SESI de Pelotas (RS).

“Na festa da amizade tocaram algumas músicas que me fizeram lembrar da minha primeira vez e fiquei bastante nostálgica. Tirei muitas fotos e estou aproveitando cada momento ao máximo”, relatou a estudante. 

Mas não é só curtição. Como passou por todas as funções de sua escuderia, Bruna acumulou um vasto conhecimento sobre a categoria e se comprometeu em ensinar os novatos até o fim do ano, quando concluirá o ensino médio. 

Em paralelo, ela ainda integra o Projeto Zuri, criado na escola para conscientizar estudantes sobre preconceito e racismo, por meio da história de nomes importantes para a história. “Uma das nossas ações é a elaboração de um documentário, que está em produção”, destacou Bruna.  

Bruna Costa foi uma das fundadoras da equipe Black Mamba, de Pelotas (RS)

A estudante pretende conciliar os dois projetos extracurriculares com os estudos para as provas de fim de ano, o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e os vestibulares para cursar Arquitetura.

Em família 

Maria Eduarda Bellotti, da 7459 Taubatexas, também passou por várias funções e até modalidades diferentes. Ela começou na FIRST LEGO League Challenge (FLL) com 12 anos, no SESI de Pindamonhangaba (SP), e, quando saiu da escola, foi atrás de uma equipe de FIRST Robotics Competition (FRC). Acabou encontrando a Taubatexas, uma equipe de garagem da cidade vizinha, Taubaté. 

De lá pra cá, virou mentora de equipes de FLL da região, competiu no regional de Tallahassee, nos Estados Unidos, apresentou o prêmio de maior prestígio, o Impact Award, foi mídia do time e deu um empurrãozinho para a irmã caçula e o pai entrarem nesse universo da robótica.

Maria Eduarda, da Taubatexas, quer fazer faculdade na Itália e sonha em montar um time lá fora

“Trouxe minha irmã para uma equipe de FLL e meu pai, que trabalha com automação, nos ajuda com a parte industrial do robô. A robótica me mostrou várias capacidades que eu tinha e as que eu não tinha, por isso, pretendo continuar na comunidade da FIRST, quero fazer o curso para ser juíza de FLL e quem sabe criar uma equipe lá fora”, sonha Maria Eduarda. 

Persistência e lágrimas 

E quando uma equipe praticamente inteira se despede da robótica? É o caso da 7033 Roosters, do Colégio Estadual Padre Claudio Morelli, em Curitiba, que, dos 13 integrantes que estão competindo no Rio de Janeiro, vai contar com apenas três pra próxima temporada. 

Apenas três integrantes da 7033 Roosters, de Curitiba, vai seguir para as próximas temporadas

“A gente deixa de legado a nossa persistência”, orgulha-se a integrante Gabriely Gabardo. Ela lembra que toda a trajetória do time foi marcada pela obstinação. A Roosters nasceu em 2018 em Medianeira, a 580 km da capital, para onde se mudou com a missão de crescer. “Era uma cidade pequena, não tinha muitas pessoas, e aí decidiram mudar para Curitiba para conseguir mais patrocinadores e integrantes”, justifica Gabriely. 

Depois de conseguirem competir nos regionais da FRC nos Estados Unidos, eles se instalaram no colégio estadual em Curitiba, mas aí veio a pandemia e um período menos próspero. Foi a partir do Off Season do ano passado, também no Rio de Janeiro, que eles voltaram com tudo. "Persistimos muito para chegar onde a gente chegou. No regional de Brasília, neste ano, conseguimos a 11ª colocação, fomos cabeça de aliança, mas caímos nas quartas de finais”, lamenta.  

Agora é o momento de focar no vestibular - a maioria deseja seguir na engenharia - para, em algum momento, voltar às competições como juiz ou mentor. Ao contrário do que diz a música “Não aprendi dizer adeus”, vão sim rolar algumas lágrimas no olhar.  “Já estão”, entrega o técnico.

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