Da FLL ao FRC: as trajetórias de quem faz o ciclo da robótica girar

A Agência de Notícias da Indústria conta histórias dos jovens que fazem da robótica um projeto de vida, dos novatos do FLL aos técnicos que passaram por todas as categorias para chegar ao FRC

Mateus da Silva, da equipe Osiris, está no último ano na FLL, mas já tem planos para a vida profissional

Mais comum do que a “dança da galinha” do Tio Matheus nas competições de robótica no Brasil é ouvir como este universo mudou a vida das pessoas. Esta mudança começa cedo, na FIRST Lego League (FLL), passando pela FIRST Tech Challenge (FTC), até chegar à FIRST Robotics Challenge (FRC). E essa trajetória não termina nem quando os jovens passam da idade máxima da categoria de elite. Eles acabam voltando, sejam como mentor(a) ou técnico(a) e até como juiz(a) ou avaliador(a).

No Festival Internacional SESI de Robótica estão presentes todos os personagens do ciclo da robótica. Desde a novata de FLL, Anna Luísa Aires, de 11 anos, até o técnico da equipe de FRC, Tomaz Goiana, de 42. Anna é pesquisadora da equipe Dikaion, de Piraquara (PR), desde quando o time, que é formado só por meninas, foi criado.

“Decidi entrar na equipe porque as meninas falaram que a robótica podia mudar muita coisa na minha vida”, conta a pequena paranaense que, mesmo com o pouco tempo de experiência, já sabe do que estavam falando.

“Eu aprendi muitas palavras que eu não sabia, aprendi a trabalhar em equipe, melhorei muito em matemática, porque eu não sabia quase nada. A robótica me ajuda muito na escola”, disse Anna.

Anna Luísa Aires, da equipe Dikaion, entrou na robótica após dicas de amigas

Na volta para casa, ela vai ter um desafio talvez até maior que os de arena da FLL: convencer a mãe a deixar ela continuar na equipe. “Minha mãe falou que essa vai ser minha última vez na equipe”, relatou. 

Mateus da Silva, de 16 anos, da equipe Osíris, de Curitiba (PR), também começou na FLL com a mesma idade que a integrante da Dikaion e ao falar sobre a influência da robótica na sua vida.

“É muito impactante o que a robótica faz na minha vida, porque a gente aprende coisas novas, aprende tudo que precisamos para lidar com diversos problemas e até organizar a vida pessoal, algo que foi muito importante pra mim, e prepara muito bem para o futuro, pro mercado de trabalho”, ressaltou Mateus.

Bruno integra a equipe Megazord, de Jundiaí (SP)

Sonhos maiores que os robôs

No seu último ano como integrante, o paranaense não mudaria nem os erros que cometeu durante os cinco anos que competiu na FLL, diz que pretende continuar como mentor da Osíris, mas também sabe muito bem o quer para o seu futuro.

“Sonho em ter a minha própria empresa, gerenciar o meu próprio negócio, algo que me faça bem, que não seja apenas um trabalho monótono, algo que eu ame fazer”, projeta Mateus.

Do outro lado, já calejado de FLL e FRC, o Bruno Zomignani, de 17 anos, está prestes a fechar seu ciclo, na sua última temporada da categoria de robôs industriais pela equipe Megazord, de Jundiaí (SP). E, se depender dele, ele vai usar da sua experiência na robótica para mudar o mundo.

Heloísa está na primeira temporada de FRC

Ao infinito e além! A manauara da equipe Team Prodixy de FRC, de Manaus (AM), Heloisa Kadota, 15 anos, passou pela FLL e está na sua primeira temporada na FRC, e não quer deixar a robótica tão cedo.

“Pretendo ficar até não poder mais. O que pode me tirar da equipe é ou eu me mudar ou me formar (risos)”, garantiu a programadora. Nessa pegada, o técnico da Hydra, equipe de Salvador (BA), Tomaz Goiana, de 42 anos, já exerceu a função em praticamente todas as categorias da robótica: FLL, FRC, FTC, F1 in Schools e por aí vai.

“Comecei em 2017, com a Hydra, disputei FLL por dois anos. Surgiu o FTC, no final de 2018, no Brasil, nós criamos a equipe para o FTC também, e quando surgiu o FRC foi a mesma coisa. Sempre com a Hydra”, relatou.

“Eu aprendi a lidar melhor com adolescentes. Como professor, durante mais de 10 anos, eu nunca tive uma relação muito próxima com os meus alunos porque eu sempre separei a pessoa do professor de física. Eu sempre dizia que não era amigo de aluno. Depois da robótica, eu não consegui mais manter esse distanciamento”, explicou Tomaz.

“Tem alunos que passaram pela equipe que hoje trabalham na Suécia, na Volvo, com desenvolvimento de software. Tem alunos que trabalham na empresa júnior da faculdade, que já fizeram programa intensivo de intercâmbio no Estados Unidos. O sentimento é de muito orgulho”, declarou o baiano.

Crescimento, aprendizado, mudança, evolução, orgulho e emoção, são algumas palavras que podem ser usadas para descrever a jornada do ciclo da robótica. E renovação! Pois ao mesmo tempo que uns estão com o coração apertado e nó na garganta por estarem deixando de competir, outros estão conhecendo a adrenalina de competir pela primeira vez. E assim será!

Relacionadas

Leia mais

A vida secreta de Tio Matheus
O perrengue dos robotiquers para chegar ao Brasil
Conheça os vencedores do Off Season da FIRST Robotics Competition (FRC)

Comentários