Alta dos custos médico-hospitalares foi três vezes maior que inflação entre 2008 e 2016, diz gerente do SESI

Emmanuel Lacerda participou de seminário sobre saúde suplementar no Correio Braziliense. Ele defende que equilíbrio seja buscado em ação conjunta de setor produtivo, governo e sociedade

Emmanuel Lacerda afirma que a indústria responde por 11 milhões de planos de saúde contratados

O gerente-executivo da Unidade de Saúde e Segurança na Indústria do SESI, Emmanuel Lacerda, afirmou nesta quarta-feira (25) que poder público, setor produtivo e sociedade devem trabalhar em conjunto para chegar a um equilíbrio no setor de saúde suplementar. Ele participou do seminário Correio Debate Saúde Suplementar Consumo e Sustentabilidade, promovido pelo Correio Braziliense, em Brasília. Lacerda criticou o peso dos planos de saúde para as empresas, que representam em média 13,1% da folha de pagamento da indústria, conforme pesquisa divulgada esta semana pelo Serviço Social da Indústria (SESI)

De acordo com Emmanuel Lacerda, a variação acumulada dos custos médico-hospitalares foi de 237% entre 2008 e 2016, enquanto a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foi de 74%. Os números mostram que o aumento dos custos foi mais de três vezes maior que a inflação desse período. Só a indústria responde por 11 milhões de planos de saúde contratados.

“A gente vive uma situação complexa no setor na busca por uma solução concreta. Antes, o plano de saúde era um benefício usado pelas empresas para reter talentos, como política de RH. Hoje, a realidade é outra. Não há nas empresas a perspectiva de descontinuar planos. A indústria tem visto os planos como questão essencial para saúde e produtividade”, disse o gerente do SESI.

SOLUÇÃO DE LONGO PRAZO – O coordenador-geral da Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Andrey Freitas, alertou que é preciso investir em mecanismos que tornem os contratos mais claros e com informações mais específicas em relação a coberturas. “Precisamos de alternativas que sejam disponíveis sem que isso gere estresse e tempo para além do que a doença já gera”, disse. “Não podemos tratar esse setor com horizontes curtos. Temos que desenvolver solução para 50 anos”, acrescentou.

Na avaliação da chefe de Gabinete da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Lenise Barcellos, a solução para o setor virá por meio de ações conjuntas. “O diálogo entre os atores, a discussão com a sociedade brasileira, a disseminação de informações e a construção conjunta do aperfeiçoamento do marco regulatório são fundamentais para o alcance da segurança jurídica, da previsibilidade e da sustentabilidade”, destacou.

Para a diretora-executiva da Federação Nacional da Saúde Suplementar (FenaSaúde), Vera Valente, o sistema precisa de mudanças estruturais. Ela sugere o uso racional e mais consciência em relação ao uso da atenção primária, que, conforme ela, pode resolver cerca de 80% dos casos sem que haja necessidade de internações.

Vera alertou que o crescimento da população acima de 60 anos tem um peso alto para os reajustes aplicados pelo setor, assim como a chegada de novas tecnologias médico-hospitalares. Segundo ela, o número de beneficiários dos planos caiu em torno de 6% de 2014 a 2018, enquanto as despesas assistenciais per capita aumentaram 28%.

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