Industriais da Bahia e parlamentares debatem impactos do Custo Brasil

Projeto itinerante “Diálogos sobre a competitividade” teve como anfitriões o vice-presidente da FIEB, Murilo Xavier e o diretor de Relações Institucionais da CNI, Roberto Muniz

Com a presença de cerca de 40 empresários e parlamentares, a Bahia foi o primeiro estado do Nordeste a receber o projeto itinerante “Diálogos sobre a competitividade: combate ao Custo Brasil”. Durante o encontro, nessa segunda-feira (9), na sede da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), os participantes debateram as causas e o enfrentamento ao Custo Brasil a partir do panorama de entraves e potencialidades locais. 

Desde 2023 a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e parceiros estratégicos realizam uma série de encontros estaduais para a conscientização dos atores envolvidos na necessidade de se reduzir o Custo Brasil. A segunda edição de 2024 foi organizada pela FIEB, em parceria com a CNI, com o Movimento Brasil Competitivo (MBC) e com a Frente Parlamentar pelo Brasil Competitivo. 

Representando o presidente da FIEB, Carlos Henrique Passos, o vice-presidente Murilo Xavier destacou a infraestrutura como um dos maiores responsáveis pelo Custo Brasil no estado.


“Talvez para a Bahia seja um dos mais relevantes porque nosso mercado consumidor não está aqui. Precisamos ter uma intermodalidade eficiente”, avaliou.


O diretor de Relações Institucionais da CNI, Roberto Muniz destacou que o debate sobre Custo Brasil é um tema que está diretamente relacionado à competição da indústria.  


“A cooperação é a melhor forma para a indústria tornar-se competitiva, considerando se tratar de um segmento formado por cadeias longas”, analisou.


O Custo Brasil é composto pela diferença no ambiente de negócios enfrentado pelas empresas brasileiras em comparação com as empresas localizadas em países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Estudo do Movimento Brasil Competitivo de 2023 estimou que o Custo Brasil equivale a 19% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

Como o Custo Brasil atrapalha o crescimento do país?

A indústria é o segmento da economia mais afetado pelo Custo Brasil, por ser o mais exposto à concorrência internacional, seja competindo com importações no mercado doméstico, seja na competição enfrentada pelas nossas exportações em outros países. Mas não é somente a base industrial que é prejudicada. Se você vive, trabalha, consome ou produz no Brasil, você é uma das milhares de pessoas que pagam, juntas, R$ 1,7 trilhão por ano pela ineficiência da economia brasileira. Esse valor representa o quanto as empresas brasileiras demitem a mais que as empresas de países da OCDE.

Atuação do governo federal para a redução do Custo Brasil 

Em 2023, o governo federal realizou consulta pública com o objetivo de identificar as causas do Custo Brasil e reunir propostas para redução desse problema. A CNI participou da consulta pública, sugerindo 73 contribuições baseadas no Plano de Retomada da Indústria em todos os eixos do Custo Brasil. A consulta pública contou com contribuições de mais de 100 participantes e reuniu mais de mil sugestões. 

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) priorizou 41 projetos de redução do Custo Brasil a serem executados no período de 2023 a 2026, considerando as propostas com maior potencial de impacto e maior grau de maturidade e viabilidade. 

Foi formado um Grupo de Trabalho no Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (GT-CB/CNDI), composto por 17 ministérios, além do BNDES e da FINEP. O GT ficou responsável pela execução de 17 projetos e pelo monitoramento de outros 24 que já estavam sendo conduzidos em âmbito legislativo ou já estavam em andamento no governo federal.

Outra iniciativa do MDIC em parceria com o Movimento Brasil Competitivo (MBC) e a Fundação Getúlio Vargas (FGV) foi o lançamento do Observatório do Custo Brasil. A ferramenta é uma plataforma pública que acompanha e monitora o progresso de ações para reduzir entraves ao ambiente de negócios no Brasil. O objetivo da plataforma é promover ações para reduzir o Custo Brasil em até R$ 530 bilhões até 2035.

Frente Parlamentar pelo Brasil Competitivo tem como bandeira a redução do Custo Brasil

Criada em agosto de 2021, a Frente Parlamentar tem o objetivo de discutir e propor medidas de enfrentamento ao Custo Brasil. Dos projetos que compõem a Agenda Legislativa da Frente, 70% estão alinhados com a pauta mínima da indústria, nas áreas prioritárias para a redução do Custo Brasil.

Para o deputado federal Cláudio Cajado, que foi relator da Reforma Tributária e do Arcabouço Fiscal, o país precisa superar desafios, como a questão tributária, a falta de infraestrutura e problemas de governança pública. “Temos o compromisso de desburocratizar o Estado, diminuir o Custo Brasil e de promover um ambiente de negócios, em especial para a indústria, que possa fazer com que a competitividade aumente cada vez mais, melhore e atinja o nível que desejamos para lidar com os competidores externos”, afirmou.

Representando o Movimento Brasil Competitivo, o conselheiro executivo Rogério Caiuby destacou que o governo conseguiu construir uma agenda para tentar reduzir o Custo Brasil com 42 iniciativas. Elas estão sendo discutidas por um grupo de trabalho formado por 17 ministérios. Somado a este esforço, foi montado um observatório para acompanhar a real implementação e o impacto desses projetos para reduzir o Custo Brasil.

“A Fundação Getúlio Vargas conseguiu calcular o potencial e o impacto de 21 destas iniciativas. Se elas saírem do papel, nos próximos cinco, 10 anos, há um potencial de redução de R$ 500 bilhões nos custos. A gente fez o diagnóstico e sabe o que precisa ser feito. É preciso um movimento ordenado da sociedade civil junto ao governo para que esses projetos saiam do papel. São iniciativas nas áreas de ferrovias, cabotagem, banda larga e lei do gás”, detalhou Caiuby.

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