A inclusão de mais setores no sistema de substituição tributária no Paraná pode pesar no bolso do consumidor e ajudar a turbinar os índices de inflação nos próximos meses. A partir de 1.º de março, alimentos, bicicletas, brinquedos, material de limpeza, artefatos de uso doméstico, papelaria e instrumentos musicais passam a ser enquadrados no regime, que transfere para a indústria, de uma única vez, a cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), antes realizada em várias etapas ao longo da cadeia.
Alguns fabricantes alegam que a antecipação do recolhimento do ICMS vai gerar aumento de custos, que será repassado na forma de aumento de preços para o varejo. É o caso da indústria de doces e biscoitos Barion, com sede em Colombo, na Grande Curitiba, que vai reajustar a sua tabela de preços entre 10% e 11% para os atacadistas e varejistas a partir de março. “O nosso custo aumenta porque teremos que pagar um imposto sobre uma venda que ainda não foi feita ao consumidor. Vamos precisar de mais capital de giro. Esse aumento do custo financeiro vai ser repassado”, explica Rommel Barion, que também é presidente do Sindicato do Cacau, Balas, Biscoitos, Doces, Conservas e Massa Alimentícia do Paraná.
“Teremos que corrigir a tabela”, concorda José Carlos Figueiredo, proprietário da Radan Produtos de Limpeza, de Campo Largo, também na região de Curitiba, que fabrica 1 milhão de litros por mês de produtos como detergentes, amaciantes e águas sanitárias. Depois de reajustar em 6% os preços no início do ano, por causa do aumento dos custos com insumos importados, a empresa deve fazer uma nova rodada de reajuste, dessa vez devido a custos com a mudança no sistema de tributação.
Arrecadação
Considerado pelo governo como um sistema que aumenta o controle da arrecadação e reduz a evasão fiscal – já que concentra o recolhimento em um contribuinte só –, a substituição tributária já vale para 27 produtos no Paraná, como combustíveis, cimento, pneus, sorvete, celular, água mineral, cerveja, refrigerante, eletrônicos, eletrodomésticos, material de construção, veículose itens farmacêuticos.
Segundo Maurílio Schmitt, coordenador do Departamento Econômico da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), no entanto, a inclusão de mais sete grupos de produtos na substituição tributária vai gerar uma onda de reajustes justamente num momento em que há preocupação com a trajetória da inflação.
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