O que inovação e produtividade têm a ver com o ambiente em constante transformação?

Transformação digital a partir de políticas públicas, investimento em tecnologias como inteligência artificial e articulação público-privada estão entre as propostas dos painelistas

Seis pessoas brancas com roupa social em palco
Especialistas debatem no painel "Prosperando em um mundo em mudança: inovação, produtividade e resiliência nos negócios", no B20. Foto: Vinicius Magalhães/Firjan

Um mundo em constante transformação demanda uma indústria com mais produtividade. E, para ser mais produtiva, a indústria precisa cada vez mais de inovação nos processos, nos produtos, nas práticas de gestão e na modernização de máquinas. Além disso, requer resiliência empresarial para lidar com os desafios advindos da transformação digital. Esses foram os temas discutidos no painel "Prosperando em um mundo em mudança: inovação, produtividade e resiliência nos negócios", no lançamento do  B20 Brasil.

O Opening Event, com a coordenação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), nesta segunda-feira (29), é o primeiro encontro da agenda dos grupos do Business 20, o braço de negócios do G20.

Pesquisa da CNI de 2021 que mostra que 69% das empresas industriais utilizam pelo menos uma tecnologia digital em uma lista de 18 tipos de tecnologias. Porém, a maioria ocupa um estágio inicial de digitalização: 31% das empresas não utilizam sequer uma tecnologia digital e 26% utilizam de uma a três dessas tecnologias. 

Das seis missões que compõem a Nova Indústria Brasil (NIB), a quarta delas é voltada para a transformação digital para ampliar a produtividade das empresas. Para o diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES, José Luís Gordon, que integrou o painel, o Brasil vive um momento importante para a inovação com a nova política industrial. Ao todo são R$ 300 bilhões para financiamentos destinados ao plano até 2026. 

“No atual governo a indústria será uma prioridade. Tentaremos, cada vez mais, melhorar nossas políticas industriais e o BNDES terá papel relevante. Temos 500 bancos de desenvolvimento no mundo e o BNDES é um deles, com a missão de apoiar o desenvolvimento sustentável do país. Para isso, precisamos de um banco relevante que apoie a indústria e estimule a inovação. Precisamos de uma indústria forte e moderna para que seja estimular a inovação”, explicou Gordon.

Homem branco de terno falando
"Precisamos de uma indústria forte e moderna para que seja estimular a inovação”, disse José Luis Gordon, diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES

Para Pedro Wongtschowski, presidente do Conselho Superior de Inovação e Competitividade da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), o Brasil precisa melhorar a produtividade e a pegada de carbono e, para isso, é preciso investir em inovação.

“Esses R$ 300 bilhões são um bom começo. O Brasil tem uma indústria muito diversa e muito desigual, com algumas regiões mais competitivas do que outras. Temos um grande desafio nos próximos dois anos, que exigem esforços para a indústria se digitalizar. Isso significa que precisamos de financiamento e isso estará disponível a partir de fontes privadas e do BNDES. Também precisamos de financiamento em pesquisa e desenvolvimento para avançarmos”, disse. 

Homem branco de terno falando
"O Brasil tem uma indústria muito diversa e muito desigual, com algumas regiões mais competitivas do que outra", dise Pedro Wongtschowski. Foto: Vinicius Magalhães/Firjan

Inteligência Artificial: um dos motores da inovação

Uma das tecnologias mais faladas quando o assunto é transformação digital é a inteligência artificial. Tania Cosentino, CEO da Microsoft Brasil, afirmou que essa tecnologia é preponderante para a produtividade da indústria. “Não teremos crescimento sustentável se não trabalharmos com a tecnologia e a IA pode ajudar a indústria também a melhorar a segurança das operações e a recuperar altos níveis de produtividade nas empresas”.  

Mulher branca de óculos falando
"Só teremos crescimento sustentável em termos de eliminação da pobreza e mais fontes verdes se trabalharmos mais com dados”, disse Tania Cosentino, CEO da Microsoft no Brasil

Tania explicou que entre as ações da Microsoft para difundir a adoção da IA no Brasil está o investimento em programas de treinamento para capacitarem as pessoas a trabalhar com essa tecnologia.


“A IA generativa, por exemplo, pode melhorar a qualidade, a produtividade, a eficiência, a experiência do consumidor e, até mesmo, a personalização na área da saúde para acelerar a descoberta de curas para doenças diferentes. Só teremos crescimento sustentável em termos de eliminação da pobreza e mais fontes verdes se trabalharmos mais com dados”. 


A CEO lembra que a difusão da IA requer políticas públicas e legislações na área. “A inovação pode ser assustadora, mas, como podemos educar as pessoas para as tecnologias? Precisamos redesenhar o sistema educacional e de habilidades para os trabalhadores aprenderem”, finalizou. 

Ações concretas para inovar

Para Flávia B. Almeida, CEO da Península Participações, o investimento privado é fundamental para promover a inovação em diversos setores da economia. “O Brasil tem um dos sistemas financeiros mais avançados e tecnológicos do mundo, e que na última década criou novos modelos e novas instituições financeiras. O PIX foi muito importante, além de todo o sistema de segurança de transações”.

Mulher branca de óculos falando
"O Brasil tem um dos sistemas financeiros mais avançados e tecnológicos do mundo", disse Flávia B. Almeida, CEO da Península Participações. Foto: Vinicius Magalhães/Firjan

Flávia também acredita que, para que a inovação ganhe cada vez mais relevância nas discussões acerca do crescimento econômico e social, é necessário pensar em ações concretas.


“Devemos ter um nível mínimo de políticas públicas que apoiem a inovação. Além disso, o mundo acadêmico deve se aproximar o público e do privado com iniciativas que realmente fomentem a inovação”. 


No mesmo sentido, John W.H. Denton, secretário geral da Câmara de Comércio Internacional, explicou que um setor privado que funcione bem é imperativo para desenvolver a economia. “A essência aqui no B20 é juntar esses líderes para saber o que precisa ser feito. Se queremos que a economia cresça, precisamos saber o que fazer. Se você quer um crescimento global, o comércio global tem que crescer. Quando falamos em economia digital estamos falando sobre o poder da inovação e também sobre as possibilidades de liderança que existem aqui”. 

Homem branco de terno falando
"A essência aqui no B20 é juntar esses líderes para saber o que precisa ser feito", afirmou John W. H. Denton, secretário-geral da Câmara de Comércio Internacional. Foto: Vinicius Magalhães/Firjan

B20 no Brasil

O lançamento dos trabalhos do B20 Brasil acontece nesta segunda-feira (29), na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN), no Rio de Janeiro, e reúne autoridades de governo, como o vice -presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Geraldo Alckmin, e CEOs de empresas brasileiras e estrangeiras. Desde que o fórum empresarial foi criado, esta é a primeira vez que o Brasil assume a coordenação, exercida pela CNI.

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