As previsões de Ian Bremmer para a economia e a geopolítica em 2024

Cientista político e fundador do Eurasia Group abriu o ciclo de palestras do Opening Event do B20 Brasil, o fórum empresarial do G20 Brasil

Homem branco de terno e óculos com fundo desfocado
Fundador e presidente do Eurasia Group e a GZERO Media, Ian Bremmer analisou cenário geopolítico em 2024 em evento do B20

Conflitos geopolíticos, relação dos Estados Unidos com a China, inteligência artificial e transição energética são os principais temas que devem ocupar a agenda global em 2024, na visão de Ian Bremmer, fundador e presidente do Eurasia Group e a GZERO Media. O cientista político que tem como papel ajudar líderes empresariais, formuladores de políticas e a sociedade em geral a compreender questões críticas, fez uma análise sobre contexto econômico e geopolítico para o ciclo do B20 neste ano.

Bremmer participou nesta segunda-feira (29) do evento de lançamento do B20 Brasil, no Rio de Janeiro, com a coordenação da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O Opening Event é o primeiro encontro da agenda dos grupos do Business 20, o braço de negócios do G20.

Conflitos geopolíticos comprometem estabilidade

As notícias ruins incluem os desdobramentos de três conflitos globais atuais:

  • a guerra entre Ucrânia e Rússia, que tende a piorar com a dificuldade de resistência da Ucrânia e com a posição do presidente russo, Vladimir Putin, que acredtia ter encontrado um caminho para vencer o conflito;
  • a guerra no Oriente Médio, que ultrapassou Gaza e Israel e tem impacto diferentes países, incluindo o Irã e os desdobramentos envolvido os Estados Unidos;
  • e o conflito político dentro dos EUA, diante das eleições presidenciais que se aproximam, uma situação perigosa com a qual as instituições brasileiras lidaram muito melhor quando enfrentaram o 8 de janeiro, na visão de Bremmer.

Apaziguamento na relação dos Estados Unidos com a China 

Considerada a relação geopolítica mais perigosa – entre EUA e China – a dinâmica deu uma apaziguada com uma gestão melhor e contenção de riscos para 2024. Isso tem a ver com a condução do presidente americano Joe Biden. Do outro lado, a China tem reconhecido que precisa ter um maior engajamento internacional maior. 

IA generativa vai afetar todos setores econômicos

Temos que ter um esforço maior com novas tecnologias, principalmente a inteligência artificial, que vai afetar todos os setores da economia. Os líderes dos países têm desafios grandes de conseguir acertar a estratégia relacionada à tecnologia. Bremmer destacou a importância de investimentos nacionais na área e um atraso dos governos da América Latina nessa agenda.

"O crescimento da IA é uma oportunidade, seja para uma linha aérea, para um hotel, qualquer setor, e será mais fácil do que a questão da mudança climática, quando empresas contrárias fizeram o que podiam para deter o progresso nesse aspecto. Com a IA sabem que haverá melhorias", afirmou o cientista político.

Por outro lado, a tecnologia deve se proliferar de forma massiva com possibilidade de gerar instabilidade,desinformação, novas armas e malwares. Por isso uma nova indústria de segurança de IA deve se expandir em breve. Também haverá empregos prejudicados, mas o impacto será menor para os mais pobres e maior para os profissionais com maior renda, na visão do especialista – que com mais dinheiro e poder terão resposta mais rápida a essa situação.

"A IA se movimenta rápido e muitas conversas são sobre governança. A realidade é que a maior parte da governança é de empresas e não dos governos", destacou Bremmer. "Para saber como vamos lidar com a IA no futuro dependemos do modelo de governança que teremos. As mudanças vão acontecer e não vai ser pelos governos", completou, destancando o papel das empresas de tecnologia.

Para o cientista político, o Brasil precisa apreciar seu capital humano, fazer investimentos concretos e ter ferramentas. "É essencial que o país não fique atrás nessa corrida", disse.

Tela com homem falando em palco e pessoas em auditório assistindo
Opening Event é o primeiro encontro da agenda dos grupos do Business 20, o braço de negócios do G20

O Brasil e a agenda verde: oportunidades da bioeconomia e transição energética

"O B20 e a COP serão oportunidades únicas para o Brasil. Quando falamos de sustentabilidade, energia renovável, há um repositório enorme de forças e isso fica cada vez mais evidenciado", afirmou o analista.

Na visão do especialista, o Brasil tem o poder de biodiversidade num momento em que os demais países estão perdendo a sua biodiversidade. Outra grande vantagem apontada é estabilidade política em um momento de instabilidade em outras regiões.

Bremmer também destacou a atuação do governo brasileiro e as discussões sobre financiamento. "O Brasil agora tem um líder que não e um cético climático, que quer sim que o país tenha revolução climática", afirmou. "Trata-se de uma transição e do reconhecimento dessa responsabilidade de países mais desenvolvidos financiarem. A quantidade de recursos sendo empregados ainda não estão próximos do necessário. E o Brasil precisa usar a liderança que tem para avançar nisso. É preciso mais capital e mais recursos nessa transição", completou.

Bremmer é cientista político e presidente e fundador do Eurasia Group e da GZERO Media. Referência na análise de risco político no mercado financeiro e no ambiente acadêmico, Bremmer criou o primeiro índice global de risco político de Wall Street, o GPRI, na sigla em inglês.

O lançamento do B20 no Brasil

O lançamento dos trabalhos do B20 Brasil acontece nesta segunda-feira (29), na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN), no Rio de Janeiro, e reúne autoridades de governo, como o vice -presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Geraldo Alckmin, e CEOs de empresas brasileiras e estrangeiras. Desde que o fórum empresarial foi criado, esta é a primeira vez que o Brasil assume a coordenação, exercida pela CNI.

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