Indústria brasileira quer agilizar acordo comercial com União Europeia

Pleitos do setor serão levados à reunião de governos do Mercosul com a União Europeia, que ocorre nesta semana, em Bruxelas

Negociadores do Mercosul e da União Europeia têm nova rodada de negociação para um acordo de livre comércio nesta semana, em Bruxelas. Representantes da indústria brasileira estão presentes na reunião que teve início hoje, e segue até sexta-feira (7), para pressionar pela aceleração das negociações entre os dois blocos, já que o lado europeu quer esperar o fim das eleições presidenciais na Alemanha em setembro para iniciar as negociações sobre redução de tarifas de importação e quotas para o agronegócio.

A ação do empresariado brasileiro visa garantir, no fim deste ano, o acordo que conterá questões prioritárias já estabelecidas entre os dois blocos. A missão empresarial, liderada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), levará 30 líderes de indústrias ligados a setores da agroindústria e da indústria na pauta comercial com o bloco europeu.

De acordo com o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Abijaodi, o acordo pode gerar oportunidades para o setor industrial, desde que sejam mantidas regras importantes e transparentes para aumentar o acesso ao mercado para exportações brasileiras na Europa. “Além disso, para que seja possível o fechamento do acordo ainda este ano, as negociações sobre redução tarifária e quotas para os produtos deve ser iniciada o quanto antes”, destaca.

Para a negociação, a CNI preparou documento de posição da indústria que foi entregue ao governo brasileiro. Nele, o setor industrial apresenta 79 propostas em dez temas: comércio de bens; regras de origem; aduana e facilitação de comércio; medidas sanitárias e fitossanitárias; cooperação e capacitação; desenvolvimento sustentável; defesa comercial; comércio de serviços e estabelecimento; e compras governamentais.

Entre os principais pleitos, está a ampliação do prazo de até 10 anos para até 15 anos para desgravação tarifária, que é a redução a zero da tarifa de importação de alguns produtos. De acordo com a CNI, a União Europeia, de forma geral, apresenta tarifas baixas e quase um quarto dos bens possuem tarifa zero. Entretanto, em 1.001 produtos que a CNI calculou que o Brasil possui oportunidades de exportação para a União Europeia, o bloco aplica tarifa para 67% deles.

O setor também defende aumentar quota de redução tarifária para o agronegócio brasileiro, principalmente para carne de frango e bovina, tabaco e açúcar, e eliminar reservas de carga no transporte marítimo entre países do Mercosul e da União Europeia e com terceiros países.

HISTÓRICO DAS NEGOCIAÇÕES – As negociações para um acordo entre Mercosul e União Europeia se iniciaram há quase 20 anos, mas houve uma interrupção entre 2004 e 2010. Em maio de 2016, foram trocadas ofertas em bens, serviços e compras governamentais. O acordo tem grande impacto para a economia brasileira e para a indústria, já que a União Europeia é o maior investidor externo e o principal parceiro comercial do Brasil.

COMÉRCIO BRASIL-UNIÃO EUROPEIA – A União Europeia é o segundo principal destino das exportações brasileiras, com participação em 23% dos produtos exportados, e é a principal origem dos produtos importados pelo Brasil, com 23% de participação nas importações brasileiras. No entanto, a importância do bloco nos fluxos de comércio do Brasil vem diminuindo. A União Europeia já representou 28% das exportações e importações brasileiras no início dos anos 2000. Com o crescimento das commodities, os produtos chineses ganharam importância na pauta comercial. “O acordo com a União Europeia pode contribuir para mudar essa tendência”, destaca Abijaodi.

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